NEM PÂNICO, NEM CQC



O melhor programa de humor da tevê brasileira é o Vinho à Mesa. Nas madrugadas de segunda para terça, à 0h30, na Rede TV.

MEUS SHOWS DO ANO


1. Erasmo Carlos (Virada Cultural)

2. Afrika Bambaataa (John Bull Music Hall)

3. Cidadão Instigado (John Bull Pub)

4. Melina Mulazani e Os Mulheres Negras (Paiol)

5. Arlindo Cruz (Vanilla)

6. MV Bill (Yankee)

7. Sandra de Sá (Virada Cultural)

8. Charme Chulo (Jokers)

9. Do Amor e Banda Gentileza (Jokers)

10. Panelaço / Várias bandas (Virada Cultural)

MEUS FILMES DO ANO


ESTRANGEIROS

1. Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme

2. Ilha do Medo

3. Cyrus

4. Destinos Ligados

5. Amor Sem Escalas

6. Greenberg

7. A Estrada

8. Zumbilândia

9. A Rede Social

10. Homem de Ferro 2


NACIONAIS

1. Uma Noite em 67

2. Como Esquecer

3. Tropa de Elite 2

4. É Proibido Fumar

5. A Suprema Felicidade

MEUS DISCOS DO ANO


INTERNACIONAIS

1. Janelle Monáe - The ArchAndroid (Suites II and III)

2. Big Boi - Sir Lucious Left Foot: The Son of Chico Dusty

3. Kanye West - My Beautiful Dark Twisted Fantasy

4. Manic Street Preachers - Postcards from a Young Man

5. Ariel Pink's Haunted Graffiti - Before Today

6. N.E.R.D - Nothing

7. Tame Impala - Innerspeaker

8. Girl Talk - All Day

9. Prince - 20Ten

10. Cee Lo Green - The Lady Killer


NACIONAIS

1. Lurdez da Luz - idem

2. Seu Jorge e Almaz - idem

3. Cérebro Eletrônico - Deus e o Diabo no Liquidificador

4. MV Bill - Causa e Efeito

5. Emicida - Emicídio

ENTREVISTA: ANDRÉ GONZALES (MÓVEIS COLONIAIS DE ACAJU)


Os brasilienses tocam em Curitiba no domingo, com os locais do Gentileza. Seguem trechos do papo.

BASE EM BRASÍLIA

Há uma vantagem de estar Brasília, pois nos últimos anos surgiram novos palcos, novos festivais no Brasil. O circuito dos festivais saiu do eixo Rio-São Paulo e agora está forte também no Norte e no Nordeste. Nesse sentido, Brasília é um ponto estratégico para viajar e atingir o país de forma mais ampla.

Claro que em São Paulo a circulação de gente, mídia e investimento é bem maior. Isso é visível no nosso calendário deste ano, em que tocamos mais no estado de São Paulo do que no Distrito Federal. Talvez tívessemos uma redução de custos morando lá, mas ficando aqui a gente faz mais pela nossa cidade.


BANDA-EMPRESA

Só dois integrantes têm outros empregos, o restante se dedica exclusivamente à banda e participa da divisão das tarefas. No fim de 2009, recebemos uma consultoria em administração, de um grupo da UNB, que estruturou o Móveis como se fosse uma empresa, em setores. Comunicação, finanças, administrativo, logística, relações instituicionais, vendas...

Hoje somos uma empresa mesmo, emitimos nota fiscal. A gente ainda está aprendendo, ainda tem que melhorar alguns processos. Mas somos muito cautelosos. Não queremos inflar demais nossa estrutura, para não criar uma dependência disso. Além do mais, se você aumenta o volume de pessoas trabalhando com a banda, passa a ser responsável por elas.

Ninguém gosta de fazer contas, montar tabelas. É chato mesmo. Mas vale a pena. Porque quando você cuida do próprio negócio, passa a colocar na parte burocrática os valores que já coloca na parte artística. No nosso caso, são coisas em que a gente acredita, como o processo coletivo, o desapego, a flexibilidade.


LETRAS EM SEGUNDO PLANO?

De fato, as letras da banda são pouco comentadas em comparação com os shows, com a interação da plateia. Mas cada disco tem uma temática definida.

O primeiro fala, de forma geral, do indivíduo na modernidade. Um personagem que tem a necessidade de agradar a todos, cheio de compromissos e sem tempo de cumprir todos eles. É uma sátira, bem irônica e nonsense, ao comportamento humano.

O segundo disco já fala de outra coisa. É reflexo do processo de criação coletiva que foi sendo construído na banda e também da nossa relação com o público. Ou seja, o assunto é o próprio processo. É essa troca.


TERCEIRO ÁLBUM

O álbum cheio é importante, sim. Para a banda, o público e a mídia. Porque ele tem um conceito, uma identidade definida. E isso facilita o diálogo.

No começo do ano que vem, vamos entrar em estúdio com um produtor (Dudu Marote) para gravar um EP, talvez com três músicas. É uma forma de não deixar o público sem material novo e, ao mesmo tempo, dar um primeiro passo para o terceiro disco. A ideia é que o álbum fique pronto até o fim do ano que vem. Mas acho que o lançamento mesmo só vai acontecer em 2012.


AVALIAÇÃO 2010

Em todos os anos da nossa história a gente sentiu um crescimento. A trajetória da banda é progressiva, é uma caminhada. Não acontece nada de repentino. Estamos construindo uma relação sólida com o nosso público.

Mas 2010 começou muito bem, com os shows e a gravação do DVD no auditório do Ibirapuera. Teve ainda o festival Natura Nós About Us, a música na novela, o projeto de covers Adoro Couve e mais uma edição do nosso próprio evento, o Móveis Convida.

Este ano também começamos a nos envolver mais na discussão sobre a música em Brasília, participando da Cebac-DF, a Comissão de Bandas e Artistas Circulantes. A ideia é organizar os artistas para ter uma representação política maior.

ENTREVISTA: MV BILL


O rapper lança hoje, em Curitiba, o disco Causa e Efeito (2010). Seguem trechos da entrevista que fiz com ele para A Outra Folha da Terra.

MÚSICA

Esse é, com certeza, o meu melhor momento musical. Ou, talvez, o primeiro momento em que eu consigo equilibrar todas as minhas atividades. Porque a minha música nunca teve tanta atenção. Mas nunca fui frustado pelo fato de os meus discos não terem tanta visibilidade quanto os meus feitos sociais.

(...) Esse disco é um dos mais diversificados e politizados da minha carreira. Mas também tem um certo resgate, uma conexão com uma realidade que eu vivi quando gravei o Traficando Informação (2000). Em algumas músicas, falo do tratamento desdenhoso que a polícia e a clásse média dão para a juventude e os moradores de favela. Um distanciamento que continua igual.

(...) Aprendi a não podar minha música, a não querer controlar quem ela poderia atingir. Percebi que muitas pessoas para quem eu direcionava meu trabalho não estavam nem aí para ele. Queriam curtir outros ritmos, outros tipos de som. Hoje, muita gente que não é pobre e nem favelada gosta da minha música. E isso não me preocupa mais.


GUERRA CONTRA O TRÁFICO

Particularmente, não olho isso com espanto. Quem acompanha o rap desde os anos 90 sabe que o barril de pólvora já estava armado faz tempo. Muitas pessoas viviam da venda de drogas e concentravam um grande poderio bélico. Quando o Estado decidiu desarmá-las, elas reagiram com violência. Só espero que esse não seja o único tentáculo do Estado no Alemão. Que outros exércitos, sociais, sejam enviados para lá também.

(...) A Cidade de Deus foi uma das primeiras comunidades a receber a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). Como a gente não tinha referência do que era a UPP, e ninguém explicou direito, não soube se preparar para a invasão.

(...) Não sei quantificar os excessos cometidos por policiais. Mas se aconteceu uma vez, para mim já é decepcionante. Porque a população das comunidades não é contra a polícia, e sim contra a metodologia usada por ela. Em 2007, por exemplo, a Cufa (Central Única das Favelas) fez uma pesquisa para saber o que os moradores da Cidade de Deus achavam do Caveirão. E, surpreendentemente, a maioria aprovou.


MEDO

O momento mais complicado, tenso e triste da minha vida foi em 2002. Eu estava andando pela Cidade de Deus quando um policial me abordou e ficou andando 20 minutos comigo, com um revólver nas minhas costas. Me chamou de macaco, ridicularizou minhas tatuagens. Eu já era uma referência na comunidade, e todas as crianças viram aquilo, os moradores ficavam pedindo para ele me soltar.

(...) Esse policial foi assassinado no ano passado. Parece que era envolvido com mílicias, respondia a dois processos por agressão a civis. Durante muito tempo tive receio de que ele voltasse para me matar.

AVIÃO COM TIRIRICA FAZ POUSO DE EMERGÊNCIA...



... em 1996.

O REI DA FAROFA


Let’s have a toast for the douchebags
Let’s have a toast for the assholes
Let’s have a toast for the scumbags
Every one of them that I know


Alô, povo "alterna"! Dessa vez não tem desculpa, hein? Até a bíblia indie-esquisitona deu nota máxima para o disco novo do Kanye West!



Baixe aqui My Beautiful Dark Twisted Fantasy. Mais uma obra de arte-farofa do boçal (agora assumido, arrependido) mais talentoso do pop.

E para quem já curte, saca só o que vem por aí...

SENTIMENTOS CONTRADITÓRIOS QUE SURGEM NESSA ÉPOCA DO ANO


Da série Releases Inesquecíveis.

Fim de ano é tempo de alegria, confraternização e trocas de presentes. Certo? Nem sempre.

A angústia de ter de passar as festas com familiares com os quais, muitas vezes, não se tem qualquer afinidade; a frustração de não ter conseguido alcançar seus objetivos durante o ano e até a tristeza de ter terminado um relacionamento ou de ter perdido um ente querido são sentimentos que podem ser tratados com os Florais de Bach originais.

Os Florais de Bach originais, essências de 38 plantas que ajudam no restabelecimento do equilíbrio emocional, podem auxiliar – e muito – no combate aos sentimentos contraditórios que surgem nessa época do ano, que deveria ser só de alegrias.

A Educadora em Florais de Bach XXXXX, uma das brasileiras que mais entendem dessa terapia e que a estuda constantemente, dá dicas para acabar com os conflitos que surgem nessa época e aproveitar melhor o final de ano:

(...) Para quem não projeta sua felicidade no presente – e fica vivendo no futuro – o floral mais adequado é o Clematis.

Se você faz o que não gosta por não saber dizer não, use o floral Centaury (...)

Se, no amigo secreto do trabalho, você tirou aquela pessoa da qual não gosta, use o floral Walnut, indicado para a manutenção da individualidade. A pessoa não se influencia pelos outros (...)

THE MIDNIGHT SPECIAL (9) - JERRY LEE LEWIS E BEE GEES



The best things in life are free
But you can keep them for the birds and bees

ENTREVISTA: TÚLIO BRAGANÇA (PAGODEVERSIONS)


Versão original da matéria que fiz para a Fôia.

BRING THE CAÇAMBA

Conhecido por suas versões indie de hits do pagode, Túlio P & B se apresenta hoje em Curitiba

Intenso, melancólico e hipnótico são alguns dos adjetivos que podem definir o grupo Hotel Avenida, que se apresenta hoje no Wonka Bar, em Curitiba. O show marca o lançamento do primeiro DVD da banda e a estreia de novos integrantes (que se somam à dupla Ivan Santos e Giancarlo Rufatto). Mas o dado curioso da noite fica por conta de uma atração de abertura, digamos, contrastante: Túlio Pires Bragança, a figura por trás do projeto Pagodeversions.

Em meados de 2009, Túlio se tornou uma celebridade instantânea da internet graças a uma série de vídeos despretensiosos, em que aparece cantando e tocando violão em casa. No repertório das gravações, apenas versões em inglês, ao pé da letra, de hits do pagode romântico dos anos 90. Músicas como ''Brown Good Good'' (''Marrom Bombom''), ''I've Fallen in Love With the Wrong Person'' (''Me Apaixonei pela Pessoa Errada'') e ''Bring The Caçamba'' (''Traz a Caçamba'').

Ao todo, são 17 vídeos, que já foram vistos mais de 300 mil vezes no YouTube. Segundo o próprio músico, trata-se um número pequeno se comparado a outros ''virais'' famosos da web. A repercussão da brincadeira, no entanto, foi surpreendente. Entre agosto e dezembro do ano passado, o Pagodeversions ganhou destaque em revistas, sites, telejornais e programas de variedades. Até no Caldeirão do Huck ele se apresentou.

''Só não toquei no programa do Netinho de Paula porque me bateu uma crise. Não queria que me vissem como um palhaço'', confessa. O primeiro e único show, realizado no fim de 2009, também o fez repensar o projeto. ''Muita gente disse que foi um stand-up comedy com música. E isso para mim não é bem um elogio'', afirma.

Túlio é publicitário e vivia em Buenos Aires, por motivos profissionais, na época do sucesso relâmpago do Pagodeversions. O que explica um pouco a essência do projeto. ''Quando você mora fora do Brasil, certas coisas ganham outros significados. Às vezes, eu ouvia um refrão do Jota Quest e aquilo me trazia um sentimento. Se estivesse aqui, acharia uma droga'', explica.

Mas, afinal, a exposição midiática, mesmo que breve, reverteu-se em algum dinheiro? ''Não, porque eu não fui atrás. Deveria ter sido mais empreendedor'', reconhece. ''Por outro lado, isso virou uma referência profissional em entrevistas de emprego e reuniões na agência. Esses dias, meu chefe queria me apresentar e mostrou um dos vídeos'', completa.

Para o show desta noite, o músico (que agora assina Túlio P & B) promete um repertório híbrido. Acompanhado do amigo Walter Petla, vai mostrar suas famosas versões indie-pagodeiras e canções de uma banda britpop em que tocou no início dos anos 2000, Johnz. A novidade fica por conta de um cover de ''Não Faz Mal'', da baiana Mara Maravilha.

Já disponível no YouTube, a releitura pode ser o pontapé inicial de um novo projeto. A ideia, ele adianta, é gravar hits infantis com arranjos inspirados na sonoridade de artistas como Belle & Sebastian e Jens Lekman. Uma proposta mais lúdica do que cômica. ''Se você prestar atenção, músicas como 'Cãozinho Xuxo', ou 'Pra Ver se Cola', do Balão Mágico, têm letras deprê. No fundo, são todas muito tristes''.

MEDO


Medo de ver a polícia estacionar à minha porta.
Medo de dormir à noite.
Medo de não dormir.
Medo de que o passado desperte.
Medo de que o presente alce voo.
Medo do telefone que toca no silêncio da noite.
Medo de tempestades elétricas.
Medo da faxineira que tem uma pinta no queixo!
Medo de cães que supostamente não mordem.
Medo da ansiedade!
Medo de ter que identificar o corpo de um amigo morto.
Medo de ficar sem dinheiro.
Medo de ter demais, mesmo que ninguém vá acreditar nisso.
Medo de perfis psicológicos.
Medo de me atrasar e medo de ser o primeiro a chegar.
Medo de ver a letra dos meus filhos em envelopes.
Medo de que eles morram antes de mim, e que eu me sinta culpado.
Medo de ter que morar com a minha mãe em sua velhice, e na minha.
Medo da confusão.
Medo de que este dia termine com uma nota infeliz.
Medo de acordar e ver que você partiu.
Medo de não amar e medo de não amar o bastante.
Medo de que o que amo se prove letal para aqueles que amo.
Medo da morte.
Medo de viver demais.
Medo da morte.

Já disse isso.


Raymond Carver, em All of Us: The Collected Poems (via Allan Sieber).

GENIOZINHO BABACA


Se não fosse a mão boa do diretor David Fincher, A Rede Social seria um saco. Mas não é.

O filme sobre o "fenômeno Facebook" consegue ser intenso e envolvente. Principalmente depois dos primeiros 10 ou 15 minutos, meio confusos.

Ainda assim, fica a impressão de que poderia durar meia hora. Afinal, o eixo narrativo se concentra na chatíssima e previsível confusão judicial em que o criador do site se meteu graças a sua ética, digamos, distorcida.

Apresentado como um geniozinho babaca, Mark Zuckerberg atravessa a história sacaneando amigos e parceiros - e fingindo que não é com ele. Como os sacaneados são igualmente escrotos, fica tudo por isso mesmo.

Se este é o retrato da geração que vai tomar (ou já tomou) conta do mundo, estamos ferrados.

UM WOODY ALLEN MENOR


Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos é um Woody Allen menor. Um dos menores, para falar a verdade.

Meio mal acabado, tem cara de que foi feito às pressas. Mas é o preço que os fãs pagam pela oportunidade de ver um trabalho do diretor por ano. Como eu sou um deles, não posso reclamar muito.

E nem é para tanto, pois o filme - um dos mais pessimistas do cineasta - tem vários elementos interessantes. A começar pela presença da ótima (em todos os sentidos) Naomi Watts. Só a última, e tristíssima, cena dela com o Banderas já vale pela sessão inteira.

No mais, é chover no molhado. Se você não curte o cara, nem saia de casa.

ÀS VEZES A GENTE ACORDA COM CADA MÚSICA NA CABEÇA... (16)




Culpa da nova Sennamania e do Marcos Borges, que me lembrou dessa pérola. E o refrão? Dá para dizer que isso é uma rima?

ENTREVISTA: CATATAU (CIDADÃO INSTIGADO)


Outra para a Fôia.

PINK FLOYD COM ODAIR JOSÉ

Cidadão Instigado mostra hoje em Curitiba sua mistura instintiva de referências

De volta a Curitiba, o grupo Cidadão Instigado apresenta hoje o repertório daquele que talvez seja o último grande disco brasileiro da década passada: ''Uhuuu!'' (2009). Menos radical do que os dois álbuns anteriores da banda, o material consolida a combinação instintiva de referências promovida pelo líder Fernando Catatau. Uma mistura de Pink Floyd com Odair José, Dire Straits com Tom Zé, psicodelia nordestina com rock de FM...

Para o show desta noite, que acontece no John Bull Pub, Catatau promete tocar pelo menos metade da canções do registro do ano passado (produzido com recursos do Prêmio Pixinguinha, patrocinado pela Funarte). E se o sexteto estiver ''no clima'', pode até se arriscar em covers de Sérgio Sampaio e da Legião Urbana. ''Não sou o melhor cantor para fazer isso, mas a gente tenta'', brinca o músico cearense, em entrevista à reportagem da FOLHA.

Conhecido por seu talento como guitarrista, Catatau já fez parte da banda de apoio de Vanessa da Mata e hoje acompanha nomes como Otto, Karina Buhr e Instituto. Também produziu o último disco de Arnaldo Antunes e prepara o próximo solo de Siba (Mestre Ambrósio). Entre um trabalho e outro, ainda mantém um projeto instrumental e dá os primeiros passos como compositor de trilhas sonoras (é dele a música de ''Transeunte'', primeiro longa de ficção do diretor Eryk Rocha).

A voz, no entanto, é um elemento que ele mesmo considera ''em evolução'' dentro da proposta do Cidadão Instigado. Isso explica, em parte, a guinada melódica percebida em ''Uhuuu!'' - e que deixou o som do grupo mais acessível. ''No início, como eu não conseguia direito cantar e tocar ao mesmo tempo, as músicas eram mais faladas. Vou fazendo as coisas de acordo com as minhas dificuldades'', reconhece.

Dificuldades que, por sinal, são a matéria-prima das letras de Catatau, marcadas por uma ingenuidade às vezes desconcertante. Não que todas as suas composições sejam melancólicas, mas a maiora delas trata de solidão, amores doloridos, devaneios, inadequação. Radicado em São Paulo há mais de dez anos, o artista conta que sentiu na pele o preconceito contra os nordestinos. E foi justamente desse isolamento que surgiu o Cidadão Instigado.

Questionado sobre a onda antinordestina iniciada após a terceira vitória seguida do PT nas eleições presidenciais, o cearense não se mostra chocado. ''Isso existe desde sempre. A diferença é que, antes, só se dizia entre amigos. Agora tem a internet, o Twitter, o Facebook. As pessoas se sentem mais soltas para falar as coisas por aí, e todo mundo acaba sabendo'', diz.

Antes de encerrar a conversa, Catatau falou sobre o próximo disco da banda, previsto para 2011. Segundo ele, o repertório está quase completo e as gravações vão começar com ou sem recursos públicos. ''O Prêmio Pixinguinha só rolou porque as meninas que produzem a gente inscreveram um projeto. O álbum sairia de qualquer jeito'', garante. E completa: ''O apoio à cultura é importante, mas não gosto de política musical. Tem gente pensando só em projeto, ao invés de pensar em música''.

VOMITANDO EM 3D


Vi Jackass 3D. Mas vou poupá-los dos detalhes sórdidos. Pelos nomes de alguns esquetes, já dá para sentir o drama:

Roller-skate Buffalo
Midgets in a Bar Fight
Super Might Glue
Dildo Gun
Sweat Suit Cocktail
Pin the Tail on the Donkey
Helicocker
Apple of my Ass
Lamborghini Tooth Pull
Penis Peeing Camera
Gorilla in the Hotel Room
Poo Cocktail Supreme

Só digo uma coisa: faz tempo que eu não ria tanto no cinema!

NOVO CLÁSSICO DO CINEMA MASCULINO


Interessante ver Cyrus pouco depois de Minhas Mães e Meu Pai (assunto do último post).

Ontem, disse aqui que Minhas Mães era pouco complexo, ainda que se travestisse de filme ousado. Pois Cyrus é exatamente o contrário: muito mais profundo do que seu apelo de comédia familiar promete.

Em seu primeiro trabalho distribuído mundialmente, os promissores irmãos diretores Jay e Mark Duplass apostam na economia para fazer o espectador refletir e se emocionar. E como conseguem!

O ótimo John C. Reilly vive o personagem principal, um quarentão que não consegue superar o divórcio. Detalhe: a ex-mulher o abandonou há sete anos!

Em meio a uma depressão ferrada, ele se embebeda numa festa e acaba transando com uma MILF sensacional (Marisa Tomei, que dispensa outros adjetivos). Os dois se envolvem rapidamente, mas encontram um obstáculo pela frente: o filho superprotegido e esquisitão dela (Jonah Hill).

Até aí, imagina-se estar diante de um filme bonitinho, engraçadinho. O que vem a seguir, no entanto, também é carregado de drama e, em alguns momentos, até de suspense. Impossível não se surpreender com a sensibilidade dos Duplass neste clássico instantâneo do "cinema masculino".

Pode colocar na minha lista dos melhores do ano!

ALTERNATIVO CORPORATIVO


Minhas Mães e Meu Pai é o Juno da vez. O Pequena Miss Sunshine da vez. O filme independente americano mais badalado da temporada, cotado até para faturar um Oscar.

Resumindo: o verniz sugere um produto mais ousado, enquanto a linguagem garante a adesão do grande público, que consegue se identificar com os personagens "estranhos". É o que chamo de alternativo corporativo (acho que li isso em algum lugar, faz tempo).

Isso não significa que seja ruim - apenas pouco complexo. O que não deixa de ser uma opção da diretora e roteirista Lisa Cholodenko. Em tom de comédia, ela conta a história dos filhos crescidos de um casal de lésbicas que procuram o pai biológico, doador de esperma. Um encontro que vira a família de cabeça para baixo.

Tenho certeza de que muita gente vai considerar a mensagem moralista. Eu mesmo pensei assim em alguns momentos.

Afinal, a cineasta apresenta figuras extremamente liberais, bem resolvidas e politicamente corretas - mas que também (re)agem de forma conservadora diante das crises. Como se as pessoas que adotam um modelo não convencional de família sempre estivessem fadadas a cometer os mesmos erros das "normais".

E se estiverem? Saí do cinema com essa pergunta na cabeça. Valeu o ingresso.

OS TRÊS MINUTOS MAIS TRISTES DA HISTÓRIA DA MÚSICA POP



Definição de um cara no YouTube.

DENNIS WILSON, Thoughts of You

The sunshine blinded me this morning love
Like the sunshine love comes and goes again

I love you
I love you

The sea air it's flowing through my room again
Like the thoughts of you fill my heart with joy again

I'm sorry
I miss you

All things that live one day must die you know
Even love and the things we hold close
Look at love look at love look at love
Look what we've done

Loneliness is a very special place
To forget is something that I've never done
Silently silently you touch my face

ENTREVISTA: LURDEZ DA LUZ


Matéria para a Fôia, sobre a rapper que gravou um dos meus discos nacionais preferidos de 2010.

UMA MC SEM CLICHÊS

Paulista Lurdez da Luz é destaque de festival de rap que acontece amanhã em Curitiba

Pouco comentada, mas passando por um bom momento, a cena curitibana do rap se encontra novamente amanhã, no Moinho Eventos. Cerca de 2 mil pessoas são esperadas para o festival Yo! Sallve 10, produzido por uma marca de roupas da cidade. No elenco, mais de dez artistas locais e de outros estados - entre eles Pentágono, Contrafluxo, Elo da Corrente, Rapadura e Cabes. O destaque fica por conta da paulista Lurdez da Luz, responsável por um dos melhores discos da temporada.

Conhecida no meio do hip-hop por seu trabalho no projeto Mamelo Sound System (ao lado de Rodrigo Brandão), a MC de 30 anos lançou este ano o primeiro material solo, autointitulado. São nove faixas marcadas por uma combinação de elementos eletrônicos e orgânicos, com fortes tintas brasileiras. Acompanhada por DJs e instrumentistas ''de verdade'', ela aposta em timbres e texturas que remetem o ouvinte à sonoridade dos discos nacionais dos anos 60 e 70.

A candidata a hit ''Andei'', por exemplo, apropria-se do tema homônimo composto por Hermeto Pascoal, também gravado por Airto Moreira e Flora Plurim. Já em ''Corrente de Água Doce'', a influência vem dos ritmos regionais nordestinos e é reforçada pela participação especial de Jorge du Peixe, vocalista da Nação Zumbi.

''Não sou muito enciclopédica. Faço pesquisa musical no dia-a-dia, porque tenho prazer com arte. E, nos últimos quatro anos, escutei muito mais música brasileira do que rap'', diz a MC, em entrevista por telefone à reportagem da FOLHA. ''Minha ideia é transformar o universo do canto falado numa linguagem mais musical, mas não apenas sampleando bases antigas'', acrescenta.

Outra boa surpresa do disco de estreia é a temática diferenciada, que explora o amor em suas mais variadas formas (homem-mulher, mãe-filho, etc.). Com uma feminilidade natural, sexy sem ser forçada, Lurdez cria identificação com as ouvintes e ainda dá dicas interessantes para os marmanjos. Como na faixa ''Eu Sou o Cara'', em que se coloca numa posição masculina para mostrar como uma mulher gosta de ser tratada.

''Tentei me desvincular dos clichês'', afirma a rapper, que promete um projeto ousado para 2011: gravar um álbum conceitual inspirado no livro/espetáculo musical ''Nas Quebradas do Mundaréu'', do dramaturgo Plínio Marcos. A proposta, ela diz, inclui uma homenagem ao samba paulista - mas sem deixar de lado a pegada do rap. ''Acho que nunca vou perder essa minha origem. Até porque, se isso acontecesse, o trabalho deixaria de ser relevante'', garante.

A IDEIA PODE PARECER ESTRANHA...


Da série Releases Inesquecíveis.

Atendendo a pedidos, OiGirl lança nova cor do acessório feminino para fazer xixi em pé

OiGirl agora está disponível também para quem busca uma opção mais discreta: a nova cor, cáqui, acaba de ser lançada e já é um sucesso de vendas no site da empresa.

Batizada de ‘OiGirl Camping’, a versão traz as mesmas vantagens, apenas com mais uma opção de cor, que foi um pedido de algumas usuárias do tradicional OiGirl, fabricado na cor pink.

(...) A idéia pode parecer estranha, a princípio, mas quando as mulheres se deparam com banheiros sujos, situações inadequadas, elas percebem que o acessório é bastante útil e prático.

OiGirl tem os seguintes diferenciais: fácil utilização por ser totalmente anatômico; é fabricado com 100% silicone medicinal flexível – além de ser reutilizável. Após o uso, pode ser higienizado com água e sabão ou guardado para posterior limpeza.

NOVENTÃO (4) - NED'S ATOMIC DUSTBIN E ECHOBELLY




E continua o resgate da segunda divisão do indie 90. Hoje: outra banda com dois baixos (Ned's Atomic Dustbin, sugestão do Luciano Kalatalo) e uma versão feminina do Morrissey (Echobelly).

"A ÚNICA COISA BOA DO BRASIL, NÉ?"


Senna, o documentário, já ganhou pontos comigo pelo trailer maneiro e por ser uma produção internacional - o que garante, teoricamente, uma certa isenção ao projeto. Imagina se fosse da Globo Filmes?

Claro que o personagem é tratado com extrema reverência (e a Globo se faz presente o tempo todo, seja nos depoimentos do Reginaldo Leme ou nas narrações do Galvão). Mas, nas entrelinhas, percebe-se também o lado, digamos, "obscuro" do piloto - um sujeito meio esquisitão, dono de uma fé cega e refém das metas que traçou para si.

O que mais me tocou, no entanto, foi a percepção de que Senna é o herói solitário de um período em que o Brasil estava numa merda sem tamanho. Seu auge aconteceu entre os governos Sarney e Collor, marcados por planos econômicos desastrados e uma certa frustração com a abertura política. Como se não bastasse, nem a seleção de futebol, numa de suas piores fases, consolava o povão.

"Ele é a única coisa boa do Brasil, né?", diz uma anônima qualquer, em uma imagem de arquivo. Mais emblemático, impossível.

De resto, trata-se de um filme inteiramente construído com material de gaveta e pontuado por "offs didáticos" de especialistas em automobilismo. Há, ainda, uma espécie de subtrama dedicada à rivalidade com o francês Alain Prost (digna de uma história de ficção). E antes que alguém pergunte: Xuxa e Galisteu dão as caras, sim.

PS - Ainda quero ver um documentário sobre o bad boy Piquet.

COM O CORPO TODO


Erasmo, não apenas vice-líder da "guarda" de Roberto mas seu parceiro em todas as composições, nunca pareceu atraído sinceramente por nada que não fosse do mundo do rock, e tanto o despojamento do seu canto quanto a energia sexual de sua presença cênica (alto, pesado, firme, com o ar antiintelectual e anti-sentimental de quem vive os temas essenciais da vida com o corpo todo, nessa combinação de homem pós-industrial e pré-histórico para a qual o rock apontou com tanta insistência em toda parte do mundo) fizeram dele para sempre uma figura de tão imponente inteireza que nem as oscilações do mercado, nem as eventuais ingratidões de novos roqueiros, nem o desprestígio do rock como acontecimento cultural de interesse podem abalar.

Caetano Veloso, em Verdade Tropical.

Mas poderia ser o "abre" da resenha - que eu não vou fazer - do show inesquecível do Tremendão na Virada Cultural de Curitiba.

UM PADRÃO DE CRESCENTE INTIMIDADE


O encontro de um companheiro.

Os jovens machos e fêmeas desenvolvem um potente impulso para explorar e patrulhar a sua cena social. Passam grande parte do tempo passeando sem objetivo ou parados observando em grupos masculinos e femininos.

(...) Os jovens pares, ao se formar, começam a se isolar dos grupos, e segue-se um padrão de crescente intimidade corporal.


Extraído da obra de Desmond Morris.

(MAIS) CAGADAS QUE OS HOMENS FAZEM


O título acima faz referência a outro post, sobre Se Beber Não Case - trabalho anterior do diretor Todd Phillips, o novo "rei da comédia" em Hollywood. É que o tema permanece o mesmo.

Especialista em filmes de "homens fazendo merda" (um dos meus gêneros favoritos), ele agora ataca com Um Parto de Viagem. No elenco principal, a revelação do humor em 2009 (Zach Galifianakis) e o astro adulto do momento (Robert Downey Jr., claro).

Nem precisa dizer que a química entre os dois é garantida. Mas o inusitado, aqui, é ver o Homem de Ferro, o Sherlock Holmes, encarnando um sujeito comportado, careta. E sendo extremamente generoso com o colega de cena.

A história é manjada. Dois viajantes de perfis radicalmente opostos são obrigados, por ironia do destino, a atravessar juntos os EUA. Impossível não lembrar de Antes Só do que Mal Acompanhado, do mestre John Hughes (com Steve Martin e John Candy). A diferença é o toque, digamos, escatológico e canábico de Phillips.

Para terminar o pitaco, uma tese meio tola - como sempre. Se no filme do ano passado os homens faziam besteira por fazer, neste eles fazem tentando acertar. Já é um avanço, não?

TRAILER RETRÔ (20) - SEM DESTINO, 1969

FÁBIO ELIAS: "O PIOR JÁ PASSOU"


Versão original da matéria que produzi para a Folha de Londrina e saiu no último domingo (31/11).

MEU PRIMEIRO ANO CAIPIRA

Figura simbólica do rock parananense, Fábio Elias fala sobre sua ''conversão'' à musica sertaneja

Durante quase duas décadas, Fábio Elias, 34, foi uma das figuras mais simbólicas da cena musical paranaense. À frente da banda Relespública, fundada quando ele ainda era um adolescente, o cantor e guitarrista gravou discos, videoclipes, DVDs e rodou o Brasil fazendo shows. Mais do que isso: ergueu a bandeira do rock and roll clássico num país que praticamente ignora o gênero.

Mas algo mudou na relação do músico com seu fãs fiéis. Há exatamente um ano, Fábio anunciou uma guinada radical na carreira. Estava trocando os porões alternativos pelos bailões caipiras. Seu alvo, a partir dali, seria o público do subgênero emergente conhecido como ''sertanejo universitário''. Para os roqueiros xiitas, não poderia haver traição maior.

Meses depois, em abril deste ano, veio o primeiro lançamento, um CD com 13 faixas intitulado ''Me Dê um Pedaço Seu''. A estratégia de divulgação incluiu um clipe ''polêmico'', em que ele aparecia bem mais magro, vestido à moda country e se arriscando numa dancinha desajeitada. Foi o suficiente para que os antigos admiradores e os detratores de plantão promovessem um verdadeiro linchamento virtual nas redes sociais da internet.

Sobrou até para a mulher do músico, a psicóloga e âncora de rádio Maria Rafart. Doze anos mais velha do que Fábio Elias, e com forte influência sobre o artista, ela foi apontada como a grande responsável pela mudança de rumos do marido - uma espécie de ''Yoko Ono da Relespública''. A banda, entretanto, não terminou. Apenas interrompeu suas atividades por conta das divergências, digamos, conceituais.

Maria já era empresária do grupo quando os dois se casaram numa cerimônia roqueira, em cima de um palco e com direito a uma canção composta especialmente para a noiva. Pouco depois, ela sugeriu que Fábio se mudasse para São Paulo, com o objetivo de ficar mais próximo de gravadoras, produtores, empresários e grandes veículos de comunicação.

Em sua peregrinação pela megalópole, o músico chegou à conclusão de que não havia espaço no mercado para o som retrô da Relespública. Disposto a buscar novos caminhos artísticos, flertou com as batidas eletrônicas e acabou chegando à nova onda caipira. ''Sempre cantei música sertaneja em casa, nas churrascadas. Só os parentes e amigos próximos sabiam disso'', afirma, defendendo-se das acusações de oportunismo.

Para Fábio, o grupo era um ''investimento sem retorno''. ''Sou um artista profissional, meu trabalho é compor e tocar. Quero viver, e não apenas sobreviver, de música'', diz. A questão financeira, no entanto, não foi o único fator que pesou na mudança. ''Gosto de ver o público cantando, dançando, feliz. Os últimos shows da Relespública tinham menos de 60 pagantes'', conta.

Isso não significa que a carreira sertaneja já esteja indo de vento em popa. O cantor ainda é pouco conhecido no meio e suas canções não são tocadas nas rádios da capital. Por enquanto, é como ele estivesse num limbo musical - muito roqueiro para os caipiras, muito caipira para os roqueiros. ''Não tenho medo de cair nesse limbo, porque o meu diferencial é justamente esse'', afirma.

Seja como for, Fábio faz uma avaliação positiva deste primeiro ano. ''Eu tinha dois problemas para enfrentar: saber se esse era mesmo o meu caminho e aguentar a mediocridade das críticas vazias. Mas já estou lançando um segundo CD, vou gravar um DVD e agora ninguém me segura mais. O pior já passou''.


EM NOVA EMBALAGEM

Para quem já gravou um disco chamado ''E o Rock'n'Roll, Brasil?'', Fábio Elias está mesmo irreconhecível. A voz rouca e a ingenuidade romântica das letras continuam iguais, mas sua atual embalagem (sonora e visual) é de dar arrepios nos roqueiros de carteirinha.

Se no primeiro CD solo a transformação era tímida, agora ele reaparece ainda mais magro e completamente adequado ao guarda-roupa country. Os óculos de aros grossos, sua marca registrada dos tempos da Relespública, devem ter ido parar no lixo.

Outra novidade é a parceria com a mulher, Maria Rafart. Juntos, os dois assinam músicas como ''Não Fique Sozinha'', ''Pensando em Você'', ''Me Dê um Pedaço Teu'' e a assumidamente autobiográfica ''Parei!''. Diz a letra: ''Parei de beber o bar / Parei de sair só pra pegar /Parei com essa vida louca''.

''Depois que casei, entrei num outro ritmo de vida, mais tranquilo'', diz o cantor, que faz questão de destacar o apoio incondicional da companheira. ''A Maria me incentivou a tentar outro caminho. No auge das críticas, ela disse que os grandes gênios são incompreendidos mesmo, e que estaria sempre do meu lado''.

CUIDADO!


VIRGEM (23 ago. a 22 set.)

Cuidado com as palavras! Você pode ser envolvido em um problema sério ou algo que venha a abalar sua credibilidade. Pequenos e rápidos deslocamentos, como viagens curtas, apresentam problemas. Se for possível, adie. Discrição!


E agora? Fico trancado, amordaçado em casa?

OLHAR DATADO


Nunca soube dizer se acho o Jabor um bom diretor. Meus trabalhos preferidos dele são os baseados em Nelson Rodrigues - mas aí é covardia, qualquer um se safa nesse terreno.

De qualquer forma, acordei animado para ver A Suprema Felicidade, seu primeiro longa em 24 anos. Trata-se de um filme nostálgico, com tintas autobiográficas, algo como um "Amarcord no Rio antigo". Uma produção de época, portanto, e até que bem cuidada.

Não há exatamente um roteiro, e sim fragmentos de situações e personagens que povoam o imaginário do cineasta. Alguns deles interessantes (como o pipoqueiro sacana), outros chatíssimos (a gostosinha atormentada pelo espírito da mãe suicida é o exemplo mais gritante).

Também são chatas - e constrangedoras - as sequências musicais. Certamente inspiradas nos tempos da Atlântida, mais parecem saídas do Zorra Total.

No saldo final (e como demora para chegar no final!), a Suprema Felicidade revela um diretor talentoso, sim. Mas de olhar datado, envelhecido.

Talvez não seja um filme para mim, e por isso gostaria de ver um próximo trabalho do Jabor. Será que vai demorar outros 24 anos?

QUE NÃO SE VÊ NEM A CAUDA


Meu desejo, se eu o exprimisse a você, queimaria o seu rosto, faria você afastar as mãos com um grito, e você sumiria na escuridão como um cachorro que corre tão depressa que não se vê nem a cauda dele.

Bernard Marie-Koltès, em Na Solidão dos Campos de Algodão.

NOVENTÃO (3) - CHAINSAW KITTENS E GIRLS AGAINST BOYS



Noventão é o Lado B do B da década retrasada. Pratos do dia: glam-grunge (Chainsaw Kittens) e pós-hardcore com dois baixos (Girls Against Boys).

UM ÓRGÃO MUITO LOUCO


A história de alguém doente que recebe um coração e, de alguma forma, sente-se ''ligado'' ao doador não é nenhuma novidade na ficção. Até a Glória Perez já se arriscou no tema, numa novela das oito. Mas Instinto de Vingança carrega um diferencial literário: foi inspirado num conto de Edgar Allan Poe.

Terry, o personagem central, passa por um transplante e retoma sua rotina de técnico de informática e pai solteiro. Até que, certo dia, sente que o órgão adquiriu vida própria, obrigando-o a perseguir os assassinos do primeiro dono.

O diretor Michael Cuesta (de séries como Dexter e A Sete Palmos) consegue envolver o espectador logo na abertura, mostrando a cirurgia em ritmo frenético. Ele deixa claro que o verdadeiro protagonista é o coração - e isso, por si só, já é o suficiente para manter o público atento. O que vem a seguir, no entanto, é um filme que não se assume como trash, mas deveria.

Para piorar, o ator principal tem o carisma de uma pia. Resta, então, torcer para o coração (esse, sim, o herói do pedaço) continuar batendo até o final - que, verdade seja dita, traz uma surpresa bem sacada. Ainda assim, é muito pouco. Se fosse um filme da Sessão da Tarde, levaria o nome de Um Órgão Muito Louco.

APESAR DOS DEFEITOS...


Como Esquecer é cheio de defeitos. Os diálogos não fluem, a música entedia e a direção de arte não vai além do básico (não fossem os celulares e laptops, daria para confundir com um pornodrama dos anos 70 ou 80, desses que passam no Canal Brasil).

Como se não bastasse, alguém disse que a Ana Paula Arósio é uma boa atriz - e teve gente que acreditou

Porém, e sempre há um porém, o filme tem grande valor. Principalmente por explorar elementos poucas vezes encontrados na produção tupiniquim: lesbianismo, aborto, masturbação, uniões homoafetivas...

Sem contar que o próprio tema central da história - a perda amorosa - também é uma raridade numa cinematografia atualmente mais dedicada às questões sociais.

Por essas e outras (como o bom desempenho do Murilo Rosa), já coloquei na minha lista dos títulos brasileiros mais interessantes da temporada.

PS - Aproveitando o gancho, vale a pena dar uma espiada na série Ver e Ser Visto, do Canal Brasil (sempre ele), que aborda justamente a representação do homossexual no cinema nacional.

THE MIDNIGHT SPECIAL (8) - BARRY WHITE



Girl, all I know is every time you're here
I feel the change
Somethin' moves
I scream your name
Do whatcha got to do

OPÇÃO IDEOLÓGICA E AÇÃO POLÍTICA (A FAVOR DO PRAZER)


Ninguém pode estar sentindo prazer por qualquer coisa se não sentir também, e ao mesmo tempo, alguma dor no contato ou vivência com o oposto do que nos causa prazer.

Portanto, colocar o prato da balança com mais peso no sentido do prazer nos obriga a fazer uma opção ideológica e, em seguida, uma ação política que nos leve à rejeição do que nos causa qualquer forma de dor e, simultaneamente, a opção pela vivência mais plena do que nos provoca prazer.


Roberto Freire, em Sem Tesão Não Há Solução.

MAIS CICLOJAM!


Para quem perdeu na tevê, os vídeos da última temporada do Ciclojam já estão no YouTube. Entre no canal do programa ou clique nos nomes das bandas para ver.

Koti e os Penitentes
Charme Chulo
Giovani Caruso e o Escambau
Poléxia
Diedrich e os Marlenes
Anacrônica
Cassim & Barbária
Mordida
Cosmonave

"BATE MAIS, PORRA!"


Gosto do primeiro Tropa de Elite.

Mais como entretenimento violento, no estilo de Comando para Matar e outros clássicos sobre vingança dos anos 80. Menos pela visão de mundo do Capitão Nascimento - que, bem ou mal, acabou expressando o sentimento de boa parte das pessoas por aqui.

Como disse um crítico inglês: "Receber um sermão reacionário de um marmanjo bombado de uniforme é a última coisa de que precisamos".

Corta para 2010. Tropa de Elite 2 é outra chanchada de ação com momentos de catarse para a turma gritar na sala escura. "Bate mais, porra!", berraram quando o Nascimento socou um político corrupto, financiador de mílicia. E olha que eu vi no Crystal, o cinema "fino" dos curitibanos.

A diferença, desta vez, é o discurso político mais definido e agregador. Difícil não ficar com a impressão de que os realizadores buscaram fazer um mea culpa pelas "incorreções" de 2007. Em último caso, pode-se dizer que o ex-Capitão amadureceu, ou encontrou o verdadeiro inimigo.

Ainda assim, não deixa de ser um raro filme que nada contra a marolinha preguiçosa da produção nacional.

A verdade é que também gostei da continuação, tão eletrizante quanto o original. E aí vale citar, de novo, o termo "chanchada de ação". Que, longe de ser pejorativo, define uma pegada cinematográfica tipicamente brasileira, comum tanto aos filmes dos Trapalhões quando a Cidade de Deus. Mas disso eu falo outro dia, se falar...

MULHERES E CAVALOS


Da série Releases Inesquecíveis, of course.

No final de semana do dia 16 de outubro, a amazona e treinadora norte-americana XXXXX virá ao Brasil para falar dos laços afetivos que unem mulheres e seus cavalos.

(...) Para XXXXX, o relacionamento entre uma mulher e um cavalo é um encontro entre o intangível – o espiritual, mítico, etéreo – e o muito tangível: as realidades diárias físicas de montar e manter um cavalo, e a vida em si.

(...) “Conversando com grande número de mulheres, percebi que a conexão que sinto com os cavalos é algo que muitas sentem. Quando partilho esse senso de conexão, o que emerge é que nosso relacionamento com cavalos nos leva a novos níveis de confiança pessoal, força e compaixão. Eles fornecem verdadeiras dádivas espirituais, num mundo sagrado”.

300 COM CORUJAS


Só me animei para ver A Lenda dos Guardiões quando soube que a direção é do Zack Snyder. Gostei de todos os trabalhos dele: Madrugada dos Mortos, 300, Watchmen (e, pelo visto, vem um Superman por aí).

No entanto, dei aquela cochilada básica na metade deste, que narra a guerra entre corujinhas e corujonas do bem e do mal. E acreditem: o filme é só isso. Com um visual incrível, é verdade. Mas só isso.

Em alguns momentos, parece uma espécie de "300 com corujas" (até as lutas em câmera lenta são iguais). Com uma diferença: não existe, aqui, uma metáfora bélica interessante.

Mesmo assim, deve emplacar e ganhar continuações, já que é baseado numa série de 15 livros (15!) da escritora Kathryn Lasky. Que sono...

NOVENTÃO (2) - MATTHEW SWEET E THE AUTEURS



E a Série B dos anos 90 continua. Hoje: o cara que já fazia clipe com anime há 20 anos (Matthew Sweet) e uma sugestão britpop (The Auteurs) do Fernando Ribeiro. Aliás, você pode ajudar também.

UM MAGNÍFICO RABO!


— Qual o sentido da sua existência?

— Já disse que é invisível. Não creio no mundo, nem no dinheiro, nem no progresso, nem no futuro da nossa civilização. Para que a humanidade tenha um futuro, é necessário que uma grande mudança se dê. (…)

— Quer que eu lhe diga? Quer que eu lhe diga o que você tem e os outros homens não têm? (…) Coragem dos próprios sentimentos, coragem da ternura; essa coragem que o faz pôr a mão no meu rabo e dizer que tenho um magnífico rabo!


D.H. Lawrence, em O Amante de Lady Chatterley.

COM UMA BOA COMPANHIA FEMININA, CLARO


Os clichês funcionam porque são verdadeiros, alguém já disse. E é por isso que Comer, Rezar, Amar, cheio deles, vai fazer um tremendo sucesso no cinema, em DVD e será reprisado eternamente na tevê.

Baseado no best seller homônimo, o filme conta a história de uma escritora americana (Julia Roberts) que sai de um casamento frustrado e decide viajar durante um ano para se "redescobrir".

Numa Itália estereotipada, ela conhece os prazeres da comida, da bebida e do ócio. Na Índia, desenvolve sua espiritualidade. Por fim, na Indonésia, aprende a viver de forma simples e despojada.

Nesse meio tempo, convive com homens que marcam sua trajetória - amantes ou não. Entre eles um sulamericano simpático, emotivo e meio pateta. Ou seja: um brasileiro (vivido por Javier Bardem, num infeliz momento Antonio Banderas).

Não que seja ruim. Até porque o roteiro e a direção são do esperto Ryan Murphy, criador das séries Glee, Popular e Nip/Tuck. Mas a turma cult vai se incomodar com o tom de autoajuda.

Como eu não me incomodo, e sempre tento entender esses fenômenos pop, faria um repeteco sem problemas. Com uma boa companhia feminina, claro.

RESISTÊNCIA EMOCIONAL


I don't believe the absolute anymore
I'm quite prepared to admit I was wrong
This life it sucks your principles away
You have to fight against it every single day


E, aos poucos, a minha listinha dos melhores da temporada vai se desenhando. Desta vez, acrescento o décimo álbum de estúdio do Manic Street Preachers: Postcards From a Young Man.

Acompanho essa banda do País de Gales desde 1992, quando a Band passou o festival de Reading daquele ano (garanto que muita gente agradece à emissora até hoje por isso).

Fazem, basicamente, uma mistura de punk com hard rock de arena, mas passaram por várias mudanças musicais ao longo da carreira - sempre com um discurso provocativo, muitas vezes político, na ponta da língua.

Postcards retoma a sonoridade que o trio explorou em meados década de 90 e o tornou gigante no Reino Unido. Uma fórmula marcada por canções épicas, grandiloquentes, melodramáticas... Quase bregas, em muitos casos.

Em entrevistas recentes, o baixista/letrista Nicky Wire tem dito que os três não têm mais aquela agressividade dos primeiros tempos. Mas ainda "sentem"- e o novo trabalho é justamente a expressão dessa, digamos, resistência emocional.

Ou seja: um disco para os "véio" se identificarem com cada verso. Se é o seu caso, baixe daqui.

UM SORRISO FALSO OU FORÇADO


O sorriso "acende-apaga" é aquele se acende rapidamente num rosto imóvel e, com igual rapidez, desaparece.

(...) Existe também o sorriso congelado, que deixa a desejar num sentido inteiramente diferente.

Na versão acende-apaga, a intensidade do sorriso é correta, mas a duração errada; na versão congelada, a duração é correta, mas a intensidade é falha.

Em outras palavras, ao produzir um sorriso falso ou forçado, o executante deixa de tratar a ação como um sinal complexo.

Para conseguir acertar, tem que copiar todos os elementos do sorriso no grau apropriado.


Extraído da obra de Desmond Morris.

NOVENTÃO (1) - THE MUTTON BIRDS E GENE



Seção nova, com a segunda divisão do anos 90. Para começar, o R.E.M. da Nova Zelândia (The Mutton Birds) e um esquecido subproduto dos Smiths (Gene).

TRAILER RETRÔ (19) - GATINHAS E GATÕES, 1984

CHARME "ESCROTÃO"


Cinema de novo, agora sobre Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme.

Acho que nunca contei aqui, mas o Oliver Stone é um dos meus diretores e roteiristas preferidos (apesar da irregularidade). Então nem preciso dizer que me amarro no primeiro filme, de 1987, que deu ao Michael Douglas o Oscar de melhor ator.

Seu personagem, o "tubarão financeiro" Gordon Gekko, abre esta sequência saindo da cadeia depois de cumprir oito anos por fraude. Mais sete se passam, e ele reaparece aparentemente regenerado, divulgando um livro em que condena a especulação e prevê a crise econômica mundial de 2007.

O foco da história, no entanto, está no relacionamento de sua filha (Carey "Carinha de Cachorro" Mulligan) com um jovem operador de investimentos (Shia LaBeouf). Este último, dividido entre a ambição e o idealismo, está empenhado em se vingar de um outro tubarão que arruinou a empresa - e a vida - de seu mentor.

E para quem o rapazote pede ajuda? Para Gekko, claro, e aí está feita a cama para Douglas deitar e rolar com seu charme "escrotão". Mas a trama não serve apenas como um veículo para o ator, que na vida real está se tratando de um câncer (será que a Academia vai se comover com isso?). Tampouco é um panfleto anticapitalismo, como se espera do "esquerdista" Stone.

Trata-se de um filme completo, no sentido de apresentar várias camadas e temas (família, ética, política, economia, tecnologia). Completo, mas não perfeito. A duração, por exemplo, poderia ser menor. Também não sei se quem está por fora do colapso de três anos atrás vai entender os meandros da história.

De qualquer forma, taí a opção "adulta" da semana.

SEM CHAPA-BRANCA


Acho que segunda-feira vai virar mesmo o "dia dos filmes pequenos". Ontem, foi a vez de Coco Chanel & Igor Stravinsky.

Não vi Coco Antes de Chanel (também conhecido como "Amelie faz Coco"), mas creio que este seja bem menos chapa-branca. Afinal, a estilista é mostrada como uma figura autoritária, fria e que passa por cima de qualquer coisa para satisfazer seus desejos.

Neste suposto recorte de sua trajetória, ela se torna uma espécie de mecenas do compositor russo, abrigando-o com a mulher doente e os quatro filhos em uma de suas propriedades. Os dois se envolvem, obviamente, e terão que pagar o preço (sempre alto) desse tipo de relacionamento arrasa-quarteirão.

Como eu sequer sabia que o nome da Coco era Gabrielle, não me preocupei com a fidelidade aos fatos - mesmo porque o roteiro é baseado num romance. Me concentrei na história do casal e acabei curtindo o filme, apesar dos clichês de "cinema de arte europeu".

E como é interessante essa Anna Mouglalis, não?

VOCÊS ACREDITAM?


Se eu contar que fui ver o Arlindo Cruz, vocês acreditam?

Se eu contar que, pela primeira vez, me senti "minoria racial" em Curitiba, vocês acreditam?

Se eu contar que há tempos não me divertia tanto num show, vocês acreditam?

MORRO E NÃO CHUPO TUDO

Eu tinha que dividir essa descoberta bizarra: a bala de milho verde. Comprei hoje do cara do semáforo.

ROTEIRO PADRÃO


(...) "Ficamos" e "pegamos", mas sempre lamentando os amores assim perdidos, ou seja, procuramos e testamos ansiosamente o desejo dos outros por nós, mas sem lhes dar uma chance de pegar (e prender) nossa mão. Esse é o roteiro padrão de nosso mal-estar amoroso.

Contardo Calligaris, na Folha de S. Paulo.

MANHÃÃÃÃÃ...



Azymuth em Curitiba com a participação do Arthur Verocai. Como diz o outro: "É demais para os meus sentimentos".