NOVENTÃO (2) - MATTHEW SWEET E THE AUTEURS



E a Série B dos anos 90 continua. Hoje: o cara que já fazia clipe com anime há 20 anos (Matthew Sweet) e uma sugestão britpop (The Auteurs) do Fernando Ribeiro. Aliás, você pode ajudar também.

UM MAGNÍFICO RABO!


— Qual o sentido da sua existência?

— Já disse que é invisível. Não creio no mundo, nem no dinheiro, nem no progresso, nem no futuro da nossa civilização. Para que a humanidade tenha um futuro, é necessário que uma grande mudança se dê. (…)

— Quer que eu lhe diga? Quer que eu lhe diga o que você tem e os outros homens não têm? (…) Coragem dos próprios sentimentos, coragem da ternura; essa coragem que o faz pôr a mão no meu rabo e dizer que tenho um magnífico rabo!


D.H. Lawrence, em O Amante de Lady Chatterley.

COM UMA BOA COMPANHIA FEMININA, CLARO


Os clichês funcionam porque são verdadeiros, alguém já disse. E é por isso que Comer, Rezar, Amar, cheio deles, vai fazer um tremendo sucesso no cinema, em DVD e será reprisado eternamente na tevê.

Baseado no best seller homônimo, o filme conta a história de uma escritora americana (Julia Roberts) que sai de um casamento frustrado e decide viajar durante um ano para se "redescobrir".

Numa Itália estereotipada, ela conhece os prazeres da comida, da bebida e do ócio. Na Índia, desenvolve sua espiritualidade. Por fim, na Indonésia, aprende a viver de forma simples e despojada.

Nesse meio tempo, convive com homens que marcam sua trajetória - amantes ou não. Entre eles um sulamericano simpático, emotivo e meio pateta. Ou seja: um brasileiro (vivido por Javier Bardem, num infeliz momento Antonio Banderas).

Não que seja ruim. Até porque o roteiro e a direção são do esperto Ryan Murphy, criador das séries Glee, Popular e Nip/Tuck. Mas a turma cult vai se incomodar com o tom de autoajuda.

Como eu não me incomodo, e sempre tento entender esses fenômenos pop, faria um repeteco sem problemas. Com uma boa companhia feminina, claro.

RESISTÊNCIA EMOCIONAL


I don't believe the absolute anymore
I'm quite prepared to admit I was wrong
This life it sucks your principles away
You have to fight against it every single day


E, aos poucos, a minha listinha dos melhores da temporada vai se desenhando. Desta vez, acrescento o décimo álbum de estúdio do Manic Street Preachers: Postcards From a Young Man.

Acompanho essa banda do País de Gales desde 1992, quando a Band passou o festival de Reading daquele ano (garanto que muita gente agradece à emissora até hoje por isso).

Fazem, basicamente, uma mistura de punk com hard rock de arena, mas passaram por várias mudanças musicais ao longo da carreira - sempre com um discurso provocativo, muitas vezes político, na ponta da língua.

Postcards retoma a sonoridade que o trio explorou em meados década de 90 e o tornou gigante no Reino Unido. Uma fórmula marcada por canções épicas, grandiloquentes, melodramáticas... Quase bregas, em muitos casos.

Em entrevistas recentes, o baixista/letrista Nicky Wire tem dito que os três não têm mais aquela agressividade dos primeiros tempos. Mas ainda "sentem"- e o novo trabalho é justamente a expressão dessa, digamos, resistência emocional.

Ou seja: um disco para os "véio" se identificarem com cada verso. Se é o seu caso, baixe daqui.

UM SORRISO FALSO OU FORÇADO


O sorriso "acende-apaga" é aquele se acende rapidamente num rosto imóvel e, com igual rapidez, desaparece.

(...) Existe também o sorriso congelado, que deixa a desejar num sentido inteiramente diferente.

Na versão acende-apaga, a intensidade do sorriso é correta, mas a duração errada; na versão congelada, a duração é correta, mas a intensidade é falha.

Em outras palavras, ao produzir um sorriso falso ou forçado, o executante deixa de tratar a ação como um sinal complexo.

Para conseguir acertar, tem que copiar todos os elementos do sorriso no grau apropriado.


Extraído da obra de Desmond Morris.

NOVENTÃO (1) - THE MUTTON BIRDS E GENE



Seção nova, com a segunda divisão do anos 90. Para começar, o R.E.M. da Nova Zelândia (The Mutton Birds) e um esquecido subproduto dos Smiths (Gene).

TRAILER RETRÔ (19) - GATINHAS E GATÕES, 1984

CHARME "ESCROTÃO"


Cinema de novo, agora sobre Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme.

Acho que nunca contei aqui, mas o Oliver Stone é um dos meus diretores e roteiristas preferidos (apesar da irregularidade). Então nem preciso dizer que me amarro no primeiro filme, de 1987, que deu ao Michael Douglas o Oscar de melhor ator.

Seu personagem, o "tubarão financeiro" Gordon Gekko, abre esta sequência saindo da cadeia depois de cumprir oito anos por fraude. Mais sete se passam, e ele reaparece aparentemente regenerado, divulgando um livro em que condena a especulação e prevê a crise econômica mundial de 2007.

O foco da história, no entanto, está no relacionamento de sua filha (Carey "Carinha de Cachorro" Mulligan) com um jovem operador de investimentos (Shia LaBeouf). Este último, dividido entre a ambição e o idealismo, está empenhado em se vingar de um outro tubarão que arruinou a empresa - e a vida - de seu mentor.

E para quem o rapazote pede ajuda? Para Gekko, claro, e aí está feita a cama para Douglas deitar e rolar com seu charme "escrotão". Mas a trama não serve apenas como um veículo para o ator, que na vida real está se tratando de um câncer (será que a Academia vai se comover com isso?). Tampouco é um panfleto anticapitalismo, como se espera do "esquerdista" Stone.

Trata-se de um filme completo, no sentido de apresentar várias camadas e temas (família, ética, política, economia, tecnologia). Completo, mas não perfeito. A duração, por exemplo, poderia ser menor. Também não sei se quem está por fora do colapso de três anos atrás vai entender os meandros da história.

De qualquer forma, taí a opção "adulta" da semana.

SEM CHAPA-BRANCA


Acho que segunda-feira vai virar mesmo o "dia dos filmes pequenos". Ontem, foi a vez de Coco Chanel & Igor Stravinsky.

Não vi Coco Antes de Chanel (também conhecido como "Amelie faz Coco"), mas creio que este seja bem menos chapa-branca. Afinal, a estilista é mostrada como uma figura autoritária, fria e que passa por cima de qualquer coisa para satisfazer seus desejos.

Neste suposto recorte de sua trajetória, ela se torna uma espécie de mecenas do compositor russo, abrigando-o com a mulher doente e os quatro filhos em uma de suas propriedades. Os dois se envolvem, obviamente, e terão que pagar o preço (sempre alto) desse tipo de relacionamento arrasa-quarteirão.

Como eu sequer sabia que o nome da Coco era Gabrielle, não me preocupei com a fidelidade aos fatos - mesmo porque o roteiro é baseado num romance. Me concentrei na história do casal e acabei curtindo o filme, apesar dos clichês de "cinema de arte europeu".

E como é interessante essa Anna Mouglalis, não?

VOCÊS ACREDITAM?


Se eu contar que fui ver o Arlindo Cruz, vocês acreditam?

Se eu contar que, pela primeira vez, me senti "minoria racial" em Curitiba, vocês acreditam?

Se eu contar que há tempos não me divertia tanto num show, vocês acreditam?

MORRO E NÃO CHUPO TUDO

Eu tinha que dividir essa descoberta bizarra: a bala de milho verde. Comprei hoje do cara do semáforo.

ROTEIRO PADRÃO


(...) "Ficamos" e "pegamos", mas sempre lamentando os amores assim perdidos, ou seja, procuramos e testamos ansiosamente o desejo dos outros por nós, mas sem lhes dar uma chance de pegar (e prender) nossa mão. Esse é o roteiro padrão de nosso mal-estar amoroso.

Contardo Calligaris, na Folha de S. Paulo.

MANHÃÃÃÃÃ...



Azymuth em Curitiba com a participação do Arthur Verocai. Como diz o outro: "É demais para os meus sentimentos".

SIMPLES ASSIM


A maneira mais rápida de acabar com uma guerra é perdê-la.
George Orwell.

UM GRANDE FILMINHO


Claro que é bom ganhar algum dinheiro escrevendo sobre cinema. Mas, às vezes, a gente se concentra nos grandes lançamentos, no títulos mais comentados, e acaba perdendo trabalhos pequenos que podem nos emocionar.

Quase foi o caso de Destinos Ligados, que vi ontem, praticamente por acaso, no Novo Batel. No melhor estilo "vamos entrar na sessão que estiver começando agora".

Trata-se de um filme do Rodrigo García, filho do Gabriel García Marquez, com produção da patota latina de Hollywood (Cuarón, Del Toro, Iñárritu). Como em Coisas que Você Pode Dizer Só de Olhar para Ela, aqui ele busca um ponto de vista feminino sobre vários temas, embaralhando as histórias de diferentes mulheres.

O ponto de partida da trama é a adoção. Mas o roteiro, em camadas, explora outros elementos essenciais da vida (sexo, família, religião, solidão). E foi justamente essa disposição para tratar do básico que me capturou.

Sei que a turma não curte muito um melodrama, mesmo quando é conduzido com sensibilidade - coisa que este tem de sobra. De qualquer forma, fica a dica de um "filminho" que já entrou na minha lista de melhores do ano.

THE MIDNIGHT SPECIAL (7) - CHEAP TRICK



(Chorus)
Mommy's allright, Daddy's allright
They just seem a little weird
Surrender, surrender
But don't give yourself away

"VESTINDO NADA MAIS DO QUE A PRÓPRIA SENSUALIDADE"


Outra da série Releases Inesquecíveis, claro.

BLUMENAUENSE ENCANTA O PAÍS

Com apenas 19 anos, XXXXX XXXXX surpreende o público masculino, que pede bis para fotos sensuais que a morena tirou para o site XXXXX.

Natural de Blumenau (SC), a modelo estampou as páginas do XXXXX no início de agosto. O sucesso foi tanto, que a partir de amanhã os fãs da catarinense poderão conferir mais dez sessões inéditas, com fotos surpreendentes.

As fotografias exclusivas, que mostram a estudante de Direito em poses bastante provocantes, prometem deixar o público masculino sem fôlego mais uma vez. Nelas, ela alegra o ambiente com a ajuda de adereços como lingerie vermelha, calcinha pequenininha, rendas e, claro, como veio ao mundo, vestindo nada mais do que a própria sensualidade.

Entenda o porquê de as mulheres do Sul serem reconhecidas como algumas das mais lindas do Brasil.

A NOITE QUE NUNCA TERMINA


Uma Noite em 67 é um documentário simples e eficiente, que apresenta o tema para os mais novos e diverte quem sabe da história de cor e salteado. Também emociona, com aquelas imagens de arquivo que a gente não se cansa de rever ao longo dos anos.

De resto, fica a certeza, mais uma vez, de que o grande vencedor do festival não foi o Edu Lobo - por sinal, um tanto desencantado em seu depoimento. Quem lucrou mesmo foram os tropicalistas. Principalmente o Caetano, cuja carreira explodiu para valer a partir dali.

PS - Agora faltam chegar a Curitiba Dzi Croquettes e Filhos de João, Admirável Mundo Novo Baiano. Se é que chegam...

PS 2 - A Marília Medalha está viva, sim, Wagner.

VAMO BATÊ LATA


Achei que Stomp seria meio cafoninha. Algo na linha Blue Man Group ou Cirque du Soleil. Mas me surpreendi com o que vi na terça, no Teatro Positivo.

Num cenário sujo, que reproduz um cortiço, oito dançarinos/percussionistas fazem miséria com objetos simples - vassouras, lixeiras, baldes, sacos plásticos, isqueiros. Em alguns momentos, soam agressivos, pesados. Noutros, brincam como clowns.

No fim das contas, percebe-se que o espetáculo ainda impressiona porque mantém aquela pegada urbana e underground da proposta original, surgida no início dos anos 90. E isso significa não exagerar nas invencionices, nem expor demais os números em comerciais de tevê, videoclipes e campanhas publicitárias.

Como disse o brasileiro que faz parte do elenco (e com quem conversei para uma matéria da FdL): "Só mostramos o que é real, verdadeiro. Essa é a diferença da gente para os imitadores". Não é que ele está certo?