CUIDADO!


VIRGEM (23 ago. a 22 set.)

Cuidado com as palavras! Você pode ser envolvido em um problema sério ou algo que venha a abalar sua credibilidade. Pequenos e rápidos deslocamentos, como viagens curtas, apresentam problemas. Se for possível, adie. Discrição!


E agora? Fico trancado, amordaçado em casa?

OLHAR DATADO


Nunca soube dizer se acho o Jabor um bom diretor. Meus trabalhos preferidos dele são os baseados em Nelson Rodrigues - mas aí é covardia, qualquer um se safa nesse terreno.

De qualquer forma, acordei animado para ver A Suprema Felicidade, seu primeiro longa em 24 anos. Trata-se de um filme nostálgico, com tintas autobiográficas, algo como um "Amarcord no Rio antigo". Uma produção de época, portanto, e até que bem cuidada.

Não há exatamente um roteiro, e sim fragmentos de situações e personagens que povoam o imaginário do cineasta. Alguns deles interessantes (como o pipoqueiro sacana), outros chatíssimos (a gostosinha atormentada pelo espírito da mãe suicida é o exemplo mais gritante).

Também são chatas - e constrangedoras - as sequências musicais. Certamente inspiradas nos tempos da Atlântida, mais parecem saídas do Zorra Total.

No saldo final (e como demora para chegar no final!), a Suprema Felicidade revela um diretor talentoso, sim. Mas de olhar datado, envelhecido.

Talvez não seja um filme para mim, e por isso gostaria de ver um próximo trabalho do Jabor. Será que vai demorar outros 24 anos?

QUE NÃO SE VÊ NEM A CAUDA


Meu desejo, se eu o exprimisse a você, queimaria o seu rosto, faria você afastar as mãos com um grito, e você sumiria na escuridão como um cachorro que corre tão depressa que não se vê nem a cauda dele.

Bernard Marie-Koltès, em Na Solidão dos Campos de Algodão.

NOVENTÃO (3) - CHAINSAW KITTENS E GIRLS AGAINST BOYS



Noventão é o Lado B do B da década retrasada. Pratos do dia: glam-grunge (Chainsaw Kittens) e pós-hardcore com dois baixos (Girls Against Boys).

UM ÓRGÃO MUITO LOUCO


A história de alguém doente que recebe um coração e, de alguma forma, sente-se ''ligado'' ao doador não é nenhuma novidade na ficção. Até a Glória Perez já se arriscou no tema, numa novela das oito. Mas Instinto de Vingança carrega um diferencial literário: foi inspirado num conto de Edgar Allan Poe.

Terry, o personagem central, passa por um transplante e retoma sua rotina de técnico de informática e pai solteiro. Até que, certo dia, sente que o órgão adquiriu vida própria, obrigando-o a perseguir os assassinos do primeiro dono.

O diretor Michael Cuesta (de séries como Dexter e A Sete Palmos) consegue envolver o espectador logo na abertura, mostrando a cirurgia em ritmo frenético. Ele deixa claro que o verdadeiro protagonista é o coração - e isso, por si só, já é o suficiente para manter o público atento. O que vem a seguir, no entanto, é um filme que não se assume como trash, mas deveria.

Para piorar, o ator principal tem o carisma de uma pia. Resta, então, torcer para o coração (esse, sim, o herói do pedaço) continuar batendo até o final - que, verdade seja dita, traz uma surpresa bem sacada. Ainda assim, é muito pouco. Se fosse um filme da Sessão da Tarde, levaria o nome de Um Órgão Muito Louco.

APESAR DOS DEFEITOS...


Como Esquecer é cheio de defeitos. Os diálogos não fluem, a música entedia e a direção de arte não vai além do básico (não fossem os celulares e laptops, daria para confundir com um pornodrama dos anos 70 ou 80, desses que passam no Canal Brasil).

Como se não bastasse, alguém disse que a Ana Paula Arósio é uma boa atriz - e teve gente que acreditou

Porém, e sempre há um porém, o filme tem grande valor. Principalmente por explorar elementos poucas vezes encontrados na produção tupiniquim: lesbianismo, aborto, masturbação, uniões homoafetivas...

Sem contar que o próprio tema central da história - a perda amorosa - também é uma raridade numa cinematografia atualmente mais dedicada às questões sociais.

Por essas e outras (como o bom desempenho do Murilo Rosa), já coloquei na minha lista dos títulos brasileiros mais interessantes da temporada.

PS - Aproveitando o gancho, vale a pena dar uma espiada na série Ver e Ser Visto, do Canal Brasil (sempre ele), que aborda justamente a representação do homossexual no cinema nacional.

THE MIDNIGHT SPECIAL (8) - BARRY WHITE



Girl, all I know is every time you're here
I feel the change
Somethin' moves
I scream your name
Do whatcha got to do

OPÇÃO IDEOLÓGICA E AÇÃO POLÍTICA (A FAVOR DO PRAZER)


Ninguém pode estar sentindo prazer por qualquer coisa se não sentir também, e ao mesmo tempo, alguma dor no contato ou vivência com o oposto do que nos causa prazer.

Portanto, colocar o prato da balança com mais peso no sentido do prazer nos obriga a fazer uma opção ideológica e, em seguida, uma ação política que nos leve à rejeição do que nos causa qualquer forma de dor e, simultaneamente, a opção pela vivência mais plena do que nos provoca prazer.


Roberto Freire, em Sem Tesão Não Há Solução.

MAIS CICLOJAM!


Para quem perdeu na tevê, os vídeos da última temporada do Ciclojam já estão no YouTube. Entre no canal do programa ou clique nos nomes das bandas para ver.

Koti e os Penitentes
Charme Chulo
Giovani Caruso e o Escambau
Poléxia
Diedrich e os Marlenes
Anacrônica
Cassim & Barbária
Mordida
Cosmonave

"BATE MAIS, PORRA!"


Gosto do primeiro Tropa de Elite.

Mais como entretenimento violento, no estilo de Comando para Matar e outros clássicos sobre vingança dos anos 80. Menos pela visão de mundo do Capitão Nascimento - que, bem ou mal, acabou expressando o sentimento de boa parte das pessoas por aqui.

Como disse um crítico inglês: "Receber um sermão reacionário de um marmanjo bombado de uniforme é a última coisa de que precisamos".

Corta para 2010. Tropa de Elite 2 é outra chanchada de ação com momentos de catarse para a turma gritar na sala escura. "Bate mais, porra!", berraram quando o Nascimento socou um político corrupto, financiador de mílicia. E olha que eu vi no Crystal, o cinema "fino" dos curitibanos.

A diferença, desta vez, é o discurso político mais definido e agregador. Difícil não ficar com a impressão de que os realizadores buscaram fazer um mea culpa pelas "incorreções" de 2007. Em último caso, pode-se dizer que o ex-Capitão amadureceu, ou encontrou o verdadeiro inimigo.

Ainda assim, não deixa de ser um raro filme que nada contra a marolinha preguiçosa da produção nacional.

A verdade é que também gostei da continuação, tão eletrizante quanto o original. E aí vale citar, de novo, o termo "chanchada de ação". Que, longe de ser pejorativo, define uma pegada cinematográfica tipicamente brasileira, comum tanto aos filmes dos Trapalhões quando a Cidade de Deus. Mas disso eu falo outro dia, se falar...

MULHERES E CAVALOS


Da série Releases Inesquecíveis, of course.

No final de semana do dia 16 de outubro, a amazona e treinadora norte-americana XXXXX virá ao Brasil para falar dos laços afetivos que unem mulheres e seus cavalos.

(...) Para XXXXX, o relacionamento entre uma mulher e um cavalo é um encontro entre o intangível – o espiritual, mítico, etéreo – e o muito tangível: as realidades diárias físicas de montar e manter um cavalo, e a vida em si.

(...) “Conversando com grande número de mulheres, percebi que a conexão que sinto com os cavalos é algo que muitas sentem. Quando partilho esse senso de conexão, o que emerge é que nosso relacionamento com cavalos nos leva a novos níveis de confiança pessoal, força e compaixão. Eles fornecem verdadeiras dádivas espirituais, num mundo sagrado”.

300 COM CORUJAS


Só me animei para ver A Lenda dos Guardiões quando soube que a direção é do Zack Snyder. Gostei de todos os trabalhos dele: Madrugada dos Mortos, 300, Watchmen (e, pelo visto, vem um Superman por aí).

No entanto, dei aquela cochilada básica na metade deste, que narra a guerra entre corujinhas e corujonas do bem e do mal. E acreditem: o filme é só isso. Com um visual incrível, é verdade. Mas só isso.

Em alguns momentos, parece uma espécie de "300 com corujas" (até as lutas em câmera lenta são iguais). Com uma diferença: não existe, aqui, uma metáfora bélica interessante.

Mesmo assim, deve emplacar e ganhar continuações, já que é baseado numa série de 15 livros (15!) da escritora Kathryn Lasky. Que sono...