OUTRAS CAGADAS QUE OS HOMENS FAZEM


Nada como assistir a uma comédia escrachada, do gênero "homens fazendo merda", logo no primeiro dia de férias. Pena que Se Beber, Não Case 2 deixa muito a desejar.

Não que eu estivesse esperando uma obra-prima. Pelo contrário. Se fosse só uma versão turbinada da primeira parte, já estaria de bom tamanho. Mas o orçamento mais gordo não se refletiu em risadas.

O resultado é um filme movimentado, bom de se ver. Porém com duas ou três piadas realmente engraçadas. Culpa do roteiro formulaico, com as mesmíssimas soluções da história anterior.

Resta a atmosfera barra pesada, com sexo, armas e drogas à vontade - algo surpreendente para um blockbuster tão aguardado. E, como disse minha prima, as fotos dos créditos finais são melhores (espero que isso não tenha sido um spoiler).

PS - Mesmo engrenando apenas na metade, Passe Livre, dos geniais irmãos Farrelly, ainda é a minha comédia preferida de 2001 até aqui. Com Esposa de Mentirinha (que título tosco!) em segundo lugar.

O RIO DE JANEIRO CONTINUA TRASH


Não é de hoje que o Brasil entrou no mapa da cultura pop internacional. Mas não deixa de ser curioso o fato de que as duas maiores estreias de 2011 nos cinemas mundiais são produções ambientadas no Rio de Janeiro.

Juntas, a animação Rio e Velozes e Furiosos 5 - Operação Rio arrecadaram mais de US$ 110 milhões apenas nos primeiros dias de exibição no circuito americano. Os dois filmes, no entanto, mostram facetas radicalmente diferentes do nosso principal cartão-postal.

Enquanto o primeiro romantiza a cidade (e esbarra na propaganda turística), o outro praticamente não traz os clichês tropicais de costume. Muito pelo contrário. Em cartaz a partir de hoje no país, Velozes 5 se concentra no lado trash - pobre e violento - da capital fluminense.

Com exceção de uma ou outra tomada aérea "bonita", o longa do diretor Justin Lin mostra favelas gigantescas, barracões escuros, feiras bagunçadas e ruas muito sujas. E os vilões, claro, são empresários e policiais corruptos. Ou seja: os clichês, aqui, são os da cinematografia nacional recente, pós-Cidade de Deus.

Neste quinto episódio da franquia, o trio formado por Dominic (Vin Diesel), Brian (Paul Walker) e Mia (Jordana Brewster, filha de brasileira) está foragido da polícia americana e vem parar no destino preferido de nove entre dez fujões do cinema. Escondidos numa "comunidade" (para usar o termo politicamente correto), eles arquitetam um golpe milionário que pode garantir sua liberdade em algum paraíso sem acordo de extradição com os EUA.

O alvo é o gângster Reyes (Joaquim de Almeida), que guarda US$ 100 milhões em muquifos espalhados pela cidade. Como os três não têm condições de realizar o roubo sozinhos, escalam uma equipe multidisciplinar (e multirracial), formada por especialistas em vários tipos de trambiques, alguns deles já conhecidos do público da série.

Mas o grupo tem outro obstáculo pela frente: o superagente do FBI Hobbs (Dwayne "The Rock" Johnson), uma verdadeira máquina de perseguir foragidos. O personagem, por sinal, é um show à parte. De tão caricato, parece saído de um desenho do Cartoon Network - o que só reforça o lado cômico de um filme cujo gênero poderia ser definido como "chanchada de ação".

Por isso, não vale a pena teorizar sobre o retrato negativo (e, muitas vezes, irreal) do Brasil apresentado em Velozes e Furiosos 5. Deixemos essa tarefa para quem levou a sério o verniz social contido em Tropa de Elite, nosso blockbuster de pancadaria por excelência. Aliás, bem que o Capitão Nascimento podia pegar umas dicas com Dominic e companhia. Eles, sim, sabem o que fazer com o vilão no final da história.

PS - Em vez de Sérgio Mendes ou samba-farofa para gringo ouvir, tem MV Bill, D2 e Turbo Trio na trilha sonora.

NÃO SE ILUDA


Hector Eles são estúpidos demais para usar o poder que têm.

Shotover
Não se iluda: eles o usam. Nós matamos o melhor de nós mesmos, todos os dias, para aplacá-los. Saber que toda essa gente está aí para frustrar as nossas frustrações nos impede de ter aspirações.

Bernard Shaw, em Heartbreak House.