Mostrando postagens com marcador oscar 2011. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador oscar 2011. Mostrar todas as postagens

OSCAR 2011 - UM RANKING PESSOAL


Só terminei de ver os dez indicados a melhor filme esta semana. Acho que vai dar O Discurso do Rei (o Shakespeare Apaixonado de 2011). Mas, em nome da novidade, torço por A Rede Social. Na real, não morro de amores por nenhum deles. Taí meu saldo final dessa safra bem mediana.

1. Inverno da Alma

2. Bravura Indômita

3. O Vencedor

4. Minhas Mães e Meu Pai

5. A Rede Social

6. O Discurso do Rei

7. A Origem

8. Cisne Negro

9. 127 Horas

10. Toy Story 3

O PASSAGEIRO DA AGONIA


Indicado a seis Oscars, mas proibido para pessoas muito sensíveis. Esse é o apelo de 127 Horas, que chega por aqui depois de causar desmaios, vômitos e até um ataque epilético mundo afora. Tudo por causa de uma cena extremamente forte e realista, que obrigou o próprio diretor a pedir desculpas para o público após as primeiras exibições.

Estrelado pelo valorizado James Franco, o filme combina aventura, drama e suspense para narrar a história real do americano Aron Ralston. Em 2003, ele trabalhava como engenheiro e passava o tempo livre explorando montanhas e cânions. Até que, durante um passeio solitário, caiu numa fenda e ficou com o braço preso numa rocha.

Ralston lutou pela sobrevivência ao longo de quase cinco dias. Ferido e praticamente sem suprimentos, bebeu água da chuva e a própria urina. Um verdadeiro martírio, pontuado por lembranças do passado, devaneios e alguns momentos de autoironia – registrados por ele com uma câmera digital.

Sete anos depois, o cineasta Danny Boyle tenta transformar essa jornada numa experiência de imersão para o espectador. E consegue. São 95 minutos de pura tensão, “arejados” apenas pela conhecida agilidade de sua direção (marcada por câmeras de mão, cortes rápidos, uso esperto da trilha sonora).

Mais do que isso, é melhor não revelar. Afinal, a história de Ralston não é muito conhecida no Brasil, o que pode garantir uma surpresa ao fim da sessão. De qualquer forma, fica o aviso: se você não aguenta ver o sofrimento alheio (como eu), evite 127 Horas. Ou então prepare o estômago e feche os olhos quando o bicho pegar (como eu).

PS – Pirando depois da cabine, brinquei que o filme é uma mistura de A Praia, Na Natureza Selvagem, Bruxa de Blair e Jogos Mortais. Assiste e depois me diz se não faz sentido.

CARAVANA DA CORAGEM


Nunca tive muito saco para atores-mirins. Mas essa menina de Bravura Indômita, sozinha, já valeria a sessão. Hailee Steinfeld é o nome da figurinha, que mal estreou no cinema e concorre ao Oscar de coadjuvante. Olho nela.

Sobre o filme em si, trata-se de mais um western dos Coen. Digo "mais um" porque, convenhamos, o ótimo Onde os Fracos Não Têm Vez é quase um bang-bang, né? A diferença é que, aqui, a história se passa mesmo no Velho Oeste. Com direito a visual caprichado e direção de arte que aproxima o espectador da época.

O roteiro, mais baseado no livro do que no longa de 1969, segue a linha "fábula moral", tão comum na obra dos irmãos cineastas. No caso, uma fábula sobre a coragem. Coragem para fazer o que deve ser feito, para levar até o fim o que se começou. O que torna este Bravura um dos trabalhos mais "emocionais" dos irmãos cineastas.

E também o filme mais convencional e acessível deles, narrativamente falando. Não à toa, já faturou US$ 90 milhões só nos EUA (um feito e tanto para um faroeste em pleno 2011). Isso não significa, pelamordedeus, que é ruim. Pelo contrário. Só não rivaliza com classicões como Lebowski, Onde os Fracos, O Homem que Não Estava Lá, etc.

PS - O Jeff Bridges está apenas correto. Não justifica a segunda indicação seguida.

NÃO SOU O PÚBLICO-ALVO


Os três leitores deste blog talvez não se enquadrem no público-alvo de O Discurso do Rei. Nem eu, para falar a real.

Mas senti que o pessoal mais "maduro" (no sentido cronológico mesmo) presente na pré-estreia curtiu bastante. O que reforça o contraponto com A Rede Social, apontado como seu maior rival no Oscar 2011.

Trata-se do típico "filmão inglês" de época. Acadêmico, tecnicamente impecável, com personagens nobres (no caso, o protagonista é o próprio monarca) e referências a Shakespeare. Um prato cheio para quem curte o gênero.

Da minha parte, valeu a pena pelo desempenho de gente grande da dupla Colin Firth e Geoffrey Rush. Principalmente do primeiro, com quem nunca simpatizei muito - até aqui.

Sempre lembrando, como já disse no tuíter, que a Academia é formada, basicamente, por votantes "maduros". Não se espante, portanto, se este aqui passar o rodo nas estatuetas.

ALÔCKA DO BALÉ!


Atenção: Cisne Negro não é sobre o mundo do balé. Ou pelo menos não trata apenas disso, como sugerem os comerciais de tevê. Indicado a seis Oscars, o filme do diretor Darren Aronofsky é um suspense psicológico para adultos, com altas doses de tensão e sensualidade.

A história é centrada na figura de Nina (Natalie Portman), uma bailarina profissional extremamente comprometida com sua companhia. Comprometida até demais. Aos 28 anos, mora com a mãe superprotetora (Barbara Hershey) e se limita a viver entre o teatro e sua casa.

Quando o grupo se prepara para encenar uma nova versão de O Lago dos Cisnes, e a dançarina principal é forçada a se aposentar, ela agarra com unhas e dentes a oportunidade de ganhar o papel principal. Um desafio e tanto, já que a adaptação prevê que a estrela do espetáculo interprete dois personagens - o Cisne Branco e o Negro.

Enquanto encarna o primeiro, Nina é incrível. Afinal, sua personalidade ingênua e frágil combina perfeitamente com a coreografia. A difilcudade surge na hora de dançar as partes do Cisne Negro - perverso, agressivo, lânguido. Instigada pelo autoritário diretor da companhia (Vincent Cassel, o eterno francês escrotão), ela terá de descobrir sua faceta libertária.

Exigida por todos, principalmente por si mesma, a personagem se desestabiliza e inicia uma jornada delirante, marcada por alucinações assustadoras (algumas involuntariamente cômicas, diga-se). A partir daí, fica difícil saber o que é ficção e realidade na trama, que ganha tintas expressionistas e um clima tenso digno dos filmes de Roman Polanski e David Cronenberg.

O problema é que, apesar de seu talento inegável, Aronofsky quase sempre derrapa no superficialismo. Como se apostasse num ponto de vista e o mantivesse firme até a última cena - sem muita reflexão ao longo do processo. Nesse sentido, Cise Negro, mesmo com todo seu rebuscamento, pode ser considerado previsível.

Sobre Natalie Portman, fica a certeza de seu favoritismo ao Oscar de melhor atriz. É verdade que ela passa 90% do tempo com cara de quem comeu e não gostou, mas sua doação ao papel convence até os mais ranzinzas. Se a Academia não resolver premiar Annette Bening por injustiças cometidas em anos anteriores, a estatueta é da Padmé.

PS - Não acho que o Oscar "esnobou" a coadjuvante Mila Kunis. Barbara Hershey está muito melhor.

GENIOZINHO BABACA


Se não fosse a mão boa do diretor David Fincher, A Rede Social seria um saco. Mas não é.

O filme sobre o "fenômeno Facebook" consegue ser intenso e envolvente. Principalmente depois dos primeiros 10 ou 15 minutos, meio confusos.

Ainda assim, fica a impressão de que poderia durar meia hora. Afinal, o eixo narrativo se concentra na chatíssima e previsível confusão judicial em que o criador do site se meteu graças a sua ética, digamos, distorcida.

Apresentado como um geniozinho babaca, Mark Zuckerberg atravessa a história sacaneando amigos e parceiros - e fingindo que não é com ele. Como os sacaneados são igualmente escrotos, fica tudo por isso mesmo.

Se este é o retrato da geração que vai tomar (ou já tomou) conta do mundo, estamos ferrados.