ENTREVISTA: ANDRÉ GONZALES (MÓVEIS COLONIAIS DE ACAJU)
Os brasilienses tocam em Curitiba no domingo, com os locais do Gentileza. Seguem trechos do papo.
BASE EM BRASÍLIA
Há uma vantagem de estar Brasília, pois nos últimos anos surgiram novos palcos, novos festivais no Brasil. O circuito dos festivais saiu do eixo Rio-São Paulo e agora está forte também no Norte e no Nordeste. Nesse sentido, Brasília é um ponto estratégico para viajar e atingir o país de forma mais ampla.
Claro que em São Paulo a circulação de gente, mídia e investimento é bem maior. Isso é visível no nosso calendário deste ano, em que tocamos mais no estado de São Paulo do que no Distrito Federal. Talvez tívessemos uma redução de custos morando lá, mas ficando aqui a gente faz mais pela nossa cidade.
BANDA-EMPRESA
Só dois integrantes têm outros empregos, o restante se dedica exclusivamente à banda e participa da divisão das tarefas. No fim de 2009, recebemos uma consultoria em administração, de um grupo da UNB, que estruturou o Móveis como se fosse uma empresa, em setores. Comunicação, finanças, administrativo, logística, relações instituicionais, vendas...
Hoje somos uma empresa mesmo, emitimos nota fiscal. A gente ainda está aprendendo, ainda tem que melhorar alguns processos. Mas somos muito cautelosos. Não queremos inflar demais nossa estrutura, para não criar uma dependência disso. Além do mais, se você aumenta o volume de pessoas trabalhando com a banda, passa a ser responsável por elas.
Ninguém gosta de fazer contas, montar tabelas. É chato mesmo. Mas vale a pena. Porque quando você cuida do próprio negócio, passa a colocar na parte burocrática os valores que já coloca na parte artística. No nosso caso, são coisas em que a gente acredita, como o processo coletivo, o desapego, a flexibilidade.
LETRAS EM SEGUNDO PLANO?
De fato, as letras da banda são pouco comentadas em comparação com os shows, com a interação da plateia. Mas cada disco tem uma temática definida.
O primeiro fala, de forma geral, do indivíduo na modernidade. Um personagem que tem a necessidade de agradar a todos, cheio de compromissos e sem tempo de cumprir todos eles. É uma sátira, bem irônica e nonsense, ao comportamento humano.
O segundo disco já fala de outra coisa. É reflexo do processo de criação coletiva que foi sendo construído na banda e também da nossa relação com o público. Ou seja, o assunto é o próprio processo. É essa troca.
TERCEIRO ÁLBUM
O álbum cheio é importante, sim. Para a banda, o público e a mídia. Porque ele tem um conceito, uma identidade definida. E isso facilita o diálogo.
No começo do ano que vem, vamos entrar em estúdio com um produtor (Dudu Marote) para gravar um EP, talvez com três músicas. É uma forma de não deixar o público sem material novo e, ao mesmo tempo, dar um primeiro passo para o terceiro disco. A ideia é que o álbum fique pronto até o fim do ano que vem. Mas acho que o lançamento mesmo só vai acontecer em 2012.
AVALIAÇÃO 2010
Em todos os anos da nossa história a gente sentiu um crescimento. A trajetória da banda é progressiva, é uma caminhada. Não acontece nada de repentino. Estamos construindo uma relação sólida com o nosso público.
Mas 2010 começou muito bem, com os shows e a gravação do DVD no auditório do Ibirapuera. Teve ainda o festival Natura Nós About Us, a música na novela, o projeto de covers Adoro Couve e mais uma edição do nosso próprio evento, o Móveis Convida.
Este ano também começamos a nos envolver mais na discussão sobre a música em Brasília, participando da Cebac-DF, a Comissão de Bandas e Artistas Circulantes. A ideia é organizar os artistas para ter uma representação política maior.
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