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CURTO E FINO


Mais um Philip Roth foi para a fita. Ganhei A Humilhação no Dia dos Pais e matei praticamente de uma vez só. Pudera: o livro é curtíssimo, como os outros trabalhos recentes dele.

Aliás, tenho lido por aí algumas críticas negativas sobre essa fase vapt-vupt do escritor - e sua suposta superficialidade. Não sou da turma dos "eruditos" da literatura para fazer uma análise embasada, mas tenho a impressão de que o buraco é bem mais embaixo.

Para mim, o Roth, apesar dos 77 anos, apenas compreendeu que estes são tempos de mensagens urgentes, impactantes, concisas. Experimentou um formato mais econômico, sem perder a finesse, e acabou conquistando uma penca de novos leitores (como eu, ainda um neófito na obra dele).

"Fica a dica", portanto. E o trecho, que é de praxe...

(...) Por causa da dor na coluna, na hora de trepar Axler não podia se deitar em cima de Pegeen, e nem mesmo ficar de lado; assim, ele se punha em décubito dorsal enquanto ela montava nele, apoiando-se com os joelhos e as mãos para não jogar seu peso sobre o pélvis dele.

De início, Pegeen ficava totalmente sem know-how nessa posição, e Axler era obrigado a guiá-la com as duas mãos, indicando-lhe o caminho. "Eu não sei o que fazer", disse ela, tímida. "Você está montada num cavalo", ele respondeu. "Vá em frente." Quando Axler enfiou o polegar no cu de Pegeen, ela suspirou de prazer e cochichou: "Ninguém nunca enfiou nada aí dentro" - "Improvável", ele cochichou em resposta.

ENVELHECER SEM AMADURECER


Tenho grande interesse pelo trabalho de mulheres cineastas (Rebecca Miller, Jane Campion, Antonia Bird, Miranda July, etc.). E estou me iniciando, tardiamente, na literatura do Philip Roth. Por essas e outras, Fatal, que passou ontem no Telecine, foi um prato cheio para mim.

Trata-se de uma adaptação da short novel O Animal Agonizante, assinada pela diretora espanhola Isabel Coixet. No elenco, só gente que eu curto - Ben Kingsley, Penélope Cruz, Dennis Hopper, Patricia Clarkson, Peter Sasgaard, Debbie Harry.

O livro é melhor? Ainda não li, mas deve ser. Aliás, sempre digo que os cartazes de adaptações deveriam vir com uma advertência: "Se você leu o livro, caia fora ou feche o bico. Já sabemos sua opinião".

De volta à Fatal. O filme mostra, entre outras coisas, como uma paixão pode mexer com a cabeça dos homens (mesmo os mais vividos). Também confirma a infantilidade masculina nas relações afetivas. Porque não temos meio termo. Ficamos entre a indiferença e o descontrole.

Buscar esse equilíbrio é o desafio. Ou vamos envelhecer sem amadurecer, como o personagem principal.

HOMEM COMUM


Da série "Os Melhores Autores que Ainda Não Li".

Estava me devendo um livro do Philip Roth. Ganhei de aniversário Homem Comum e li com uma vontade que há tempos não sentia. Identificação imediata, claro.

Mas vou ficar por aqui. Para não deixar o blog mais pessoal do que já é.

Corria para casa descalço, molhado, salgado, relembrando a potência daquele mar imenso a ferver em seus ouvidos e lambendo o antebraço para sentir o gosto da pele recém saída do oceano, tostada pelo sol.

Juntamente com o êxtase de passar todo o dia sendo socado pelo mar até ficar tonto, aquele gosto e aquele cheiro o inebriavam de tal modo que por um triz ele não cravava os dentes na sua carne para arrancar um pedaço e saborear sua própria existência carnal.