A MISÉRIA DELES
Ontem teve cabine de O Solista, mas resolvi dar um tempinho antes de escrever alguma coisa aqui. Porque não gostei do que vi, mesmo com Robert Downey Jr., Jamie Foxx, Catherine Keener e o diretor Joe Wright no pacote. Reconstruí o filme na cabeça várias vezes e cheguei à conclusão definitiva: achei fraco mesmo.
Outra vez, temos um roteiro inspirado em fatos reais e baseado num livro - o segundo da semana, que já teve Julie & Julia. Aqui, um colunista do Los Angeles Times se encanta com a história do sem-teto esquizofrênico que já foi um prodígio da música erudita. Ele está sensível, em plena crise da meia idade, e acaba se envolvendo além do esperado com o homem que transforma em notícia.
Downey, atualmente em ótima fase, é o jornalista. Foxx, na pele do morador de rua, pleiteia um segundo Oscar (seguindo a lógica que já premiou outros intérpretes de doentes mentais). E o diretor, que me chamou a atenção em Desejo e Reparação, se sai bem numa ambientação contemporânea - ele também fez Orgulho e Preconceito.
O problema é que O Solista tenta denunciar a "América pobre", e o faz num tom mais emotivo do que político. Nada que impressione quem está acostumado a abrir a porta de casa e dar bom dia para a miséria. Mesmo a menção, extremamente sutil, à crise dos jornais americanos soa ingênua.
"Talvez o filme faça mais sentido nos EUA", alguém pode dizer. Pior que não: previsto para estrear no fim de 2008, foi adiado para abril deste ano e passou batido por lá. Periga nem ser lembrado pela Academia.
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