RECEITA INFALÍVEL


Enquanto as moçoilas suspiram com os vampiros e lobisomens de Lua Nova, as espectadoras, digamos, mais maduras ficam sem um filminho para assistir. Ficavam. De volta às cabines de cinema, vi hoje de manhã Julie & Julia, o novo produto da grife Nora Ephron.

São duas histórias intercaladas, ambas baseadas em fatos reais. Nos anos 50, a americana (radicada em Paris) Julia Child dedica seus esforços para lançar um compêndio de 700 páginas com receitas francesas. Não só consegue como ainda ajuda a mudar os hábitos das donas de casa de seu país.

Corta para 2002. Julie Powell é uma escritora frustrada que resolve se impor um desafio: testar, no prazo de um ano, as 524 receitas do livro de Julia. Tudo narrado em um blog, claro. Afinal, quem faz qualquer coisa em segredo hoje em dia? Até crime a turma grava e coloca no YouTube.

Curti o filminho, que tem como principal acerto priorizar a história de Julia, interpretada pela Meryl Streep. De quem gosto muito, apesar de sempre lembrar dos comentários venenosos (e engraçadíssimos) que o Paulo Francis fazia sobre ela.

Amy Adams, a ruivinha do nariz empinado de Encantada e Dúvida, vive Julie. Uma personagem boazinha e histérica, como praticamente todas as figuras femininas do cinema atual. Por que tem de ser assim? Me recuso a acreditar que não existem mulheres minimamente equilibradas no mundo de hoje.

De qualquer forma, Julie & Julia vai pegar. Em DVD, então, nem se fala. Porque trata de três temas bem atuais: frustração profissional, fama via internet e essa relação fetichista com a comida que a classe média incorporou nos últimos tempos. Sem contar o "clima de magia" da Paris dos anos 50. Uma receita, portanto, infalível.

PS - E se há algum paralelo entre o filme de Nora Ephron e Lua Nova, ele está no resgate de valores feminimos mais tradicionais, românticos. Para o desgosto das feministas old school.

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