MEUS DISCOS DO ANO


— Lee Fields & The Expressions, My World

— The xx, idem

— N.A.S.A. (foto), The Spirit of Apollo

— Pet Shop Boys, Yes

— K'naan, Troubadour

— Caetano Veloso, Zii e Zie

— Cidadão Instigado, Uhuuu!

— Erasmo Carlos, Rock'n'Roll

— Emicida, Para Quem Já Mordeu Cachorro...

— Os The Darma Lóvers, Simplesmente

E aí?

MEUS FILMES DO ANO


— Amantes

— Avatar

— Bastardos Inglórios

— Watchmen (foto)

— O Leitor

— Foi Apenas um Sonho

— À Deriva

— Simonal: Ninguém Sabe o Duro que Dei

— Distrito 9

— Bruno

Objeções, observações?

PARA CANTAR JUNTO NO CINEMA


Só para registrar, ontem saiu na FdL uma reportagem que fiz sobre a safra recente de documentários musicais brasileiros.

O texto, para não-iniciados, está dividido em duas partes: aqui e aqui.

ENTREGUE-SE


Para não dizer que não falei do Natal, deixo um dos discos que vão embalar meu fim de ano: Simplesmente (2009), da banda Os The Darma Lóvers.

Acompanho esses gaúchos desde 2000, quando ainda eram uma dupla. Envolvidos com meditação, filosofia zen, Tibet e outros bichos, fazem uma espécie de folk-mântrico-psicodélico sem paralelo no cenário brasileiro.

Mas é o tipo de música da qual não vale a pena ficar falando muito. O lance é deixar o cinismo de lado e se entregar. Se você quer uma mensagem de paz diferente em meio aos clichês natalinos, entre nessa também (baixando daqui).

PERDIDO ENTRE OS PERDIDOS


Acompanhei com atenção toda essa onda de resgate de discos "perdidos" da MPB que rolou nos últimos anos.

Muita coisa boa acabou saindo em CD, mas um álbum interessantíssimo de 1976 ainda permanece obscuro: Sou Filho Dêsse Chão, do casal Eduardo Araújo e Silvinha.

A exemplo de outros astros roqueiros da época, Araújo pirou no Tropicalismo quando a Jovem Guarda começou a minguar. Caiu de cabeça na experimentação e iniciou uma fase musical marcada pela fusão de hard rock, progressivo, psicodelia, funk, baião, pontos de umbanda...

O ápice desse período é justamente o LP de 76, que traz Dominguinhos entre os convidados e revela o lado soul, quase gospel, de Silvinha.


Ignore a grafia tosca e a capa desenhada com lápis de cor (talvez a pior da história da música brasileira). Sou Filho Dêsse Chão esbanja um vigor, uma verdade ingênua que simplesmente se perdeu no tempo.

Apesar de ter em vinil, acabei baixando também. Daqui.

PS - Editei o post porque achei, meses depois, uma música do álbum no YouTube. Confere aê...

O LUGAR DE SEAN NÃO É AQUI


Vou dar meu pitaco mesmo sem conhecer a fundo o caso Sean Goldman. Afinal, isto é um blog, certo?

Não me interessa discutir se a mãe do garoto o sequestrou ou não. Ela morreu e Sean tem um pai. E o pai quer ficar com ele. Nos EUA, país onde os dois nasceram.

"A criança perdeu os laços afetivos com o pai, que não veio atrás do filho depois da separação", alguém pode afirmar.

Então quer dizer que, por conta de 5 anos de afastamento, eles devem passar o resto da vida separados? David com certeza não é nenhum santo, mas está movendo mundos e fundos pela guarda do menino.

No mais, esse papo de que o garoto chegou a escrever um apelo ao Lula para ficar é jogo sujo. Com 9 anos, Sean não tem condições de escolher o que é melhor para ele.

A MELHOR HORA


Do Allan Sieber.

ÀS VEZES A GENTE ACORDA COM CADA MÚSICA NA CABEÇA... (7)




Luís Gonzaga Júnior encontra o tecnopop. Que dicção esquisita, não? Deve ser por isso que sempre lembro dele quando ouço a Céu.

Aqui tem o clipe "oficial", mas o áudio está bem ruim.

PSICOTWITTER


— Na hora do climax sexual fechamos os olhos. A sensação fortíssima nos envolve completamente. Mesmo a dois, o momento é de máxima solidão.

— Nos anos 60, os hippies se "adoçaram", copiando as mulheres. Nos 80, a moda se inverteu: grande erro delas imitarem o que, com razão, criticavam.

— Os generosos não usam o termo "egoísta". Sempre que me chamaram de egoísta foi por não ter feito a vontade de alguém mais egoísta que eu.

— O pessimista é tolo e o otimista também: já sabem que vai dar errado ou certo. O sábio é ter um discreto otimismo: persistência e esperança.

Flávio Gikovate também está no Twitter.

BATEPRONTO: AVATAR


— Nem eu sabia que queria tanto ver Avatar. Até sonhei com isso de ontem para hoje. E nem achei o marketing tão agressivo...

— Foi a cabine de imprensa mais concorrida que já vi em Curitiba. Em São Paulo, li por aí, a fila dava voltas pelos corredores do shopping.

— Sempre achei esse negócio de 3D meio cafona, mas tive de me render à projeção do Imax.

— Falando em cafonice, o filme quase escorrega no tom new age. Reflexos de uma década pop marcada por O Senhor dos Anéis e Harry Potter.

— Como disse o Claudinho, você percebe que a imersão é total quando começa a achar a protagonista digital gata. Aliás, tem uma cena de "namoro" que chega a ser sexy mesmo.

— Tenho certeza de que o filme também funciona nas salas convencionais.

— Avatar contém um pouco de tudo o que o James Cameron já fez. O romantismo de Titanic, as máquinas de Aliens - O Resgate (e a própria Sigourney Weaver), o vilão frio de Exterminador do Futuro, o encantamento de O Segredo do Abismo...

— Há também uma mensagem de crítica aos "poderosos" que aparece em todos os seus trabalhos.

— Sam Worthington realmente será o próximo astro de Hollywood. Tem carisma e faz a linha "fortão sensível", como os conterrâneos Crowe e Jackman. Deve ser a água da Austrália.

— Cameron, mais uma vez, mexe com uma penca de arquétipos para fazer um filme universal. Mas os cínicos de plantão vão dizer que são clichês. E que a história é previsível.

— As 2 horas e 46 minutos voaram. Foi mais rápido do que Bastardos Inglórios.

— Se vai mesmo revolucionar toda a indústria do cinema? Não tenho a menor ideia. Só sei que, como entretenimento, é fantástico. Vou repetir a dose no fim de semana.

UM PROGRAMA NADA "MÉDIO"



Estou produzindo uma reportagem para a FdL sobre funk carioca em Curitiba. Funk, digamos, popular, não a apropriação estética feita pelo Bonde do Rolê (nada contra, que fique claro).

Como "a verdade está lá fora", troquei o plantão de sábado por um pulo na Noite das Preparadas, último baile do ano na Sociedade Abranches. Na programação, muito som mecânico e a participação, ao vivo, do MC Jura e suas Causadoras do Funk. Conversei com o sujeito uns dias antes, mas sobre ele eu falo depois, na matéria que vai sair.

Por hora, dá para dizer que me diverti para caramba. Principalmente com o desembaraço do público, vindo de bairros afastados do Centro e cidades da Região Metropolitana como Almirante Tamandaré e Colombo. Para se ter uma ideia da farra, mulheres entravam de graça se estivessem de minissaia. Efeito Geisy total!

Cheguei sozinho, comprei uma cerveja (de garrafa, servida num copão de plástico) e me posicionei perto do gargarejo. O começo foi meio morno, como mostra o vídeo acima. A turma só se soltou mesmo no "momento Créu", quando o MC chamou umas doze garotas da platéia para mandar ver no palco.

A partir daí, a sacanagem tomou conta do lugar. E dá-lhe strip masculino, calcinhas fio-dental à mostra e a inacreditável dança da rã. Saí de lá às 3h, com uma dúvida na cabeça: como encarar uma balada "normal" depois dessa? Logo eu, que fico entediado só de pensar num show de rock alternativo com discotecagem modernosa.

Como diria Danuza: "O que me chateia é programa 'médio', sabe?".

DA SÉRIE "BONZINHO NO GÊNERO"


Primeira protagonista negra da Disney, ambientação em Nova Orleans, retomada da animação tradicional...

A Princesa e o Sapo tem lá seus méritos, claro. Mas é aquele tipo de filme "competente" que não me fisga.

Ceci e Bia também não se empolgaram muito. Quem sabe em home video?

BALANÇO


Saiu o resultado daquela eleição dos discos da década. Para saber os ganhadores e quem votou em quem, comece por aqui.

TORCEDORES, SIM


Toda vez que o pau come por causa de futebol, ouve-se o mesmo clichê: "Não são torcedores, e sim criminosos travestidos de torcedores".

Cair nesse lugar comum é o primeiro passo para não refletir honestamente sobre o problema. Porque os brigões de plantão são, sim, torcedores.

Torcedores alimentados por uma cultura de ódio, em grande parte motivada por dirigentes, técnicos, atletas e até mesmo pelos meios de comunicação. Ouça uma transmissão de rádio em Curitiba e diga se estou exagerando.

Mesmo os que não partem para as vias de fato vão ao jogo para urrar, xingar, extravasar suas frustrações. E ainda ensinam isso para os filhos.

É claro que há uma distância enorme entre zoar e brigar. Mas agir como um animal enjaulado num estádio de futebol não é, definitivamente, a minha concepção de um programa divertido.

A foto é do Theo Marques.

TELECURSO


Eu, que nunca dei muita bola para o Caco Barcellos, hoje pago o maior pau para o Profissão Repórter - de longe, o melhor programa da Globo atualmente.

Ontem rolou o complemento da cobertura da reta final do Brasileirão. E a equipe matou a pau de novo, em mais uma daquelas aulas que não se tem na faculdade

Mesmo a parte de Curitiba, prejudicada pela inexperiência do foca, rendeu uma discussão interessante sob os limites da reportagem. De lambuja, mostrou o total despreparo dos seguranças do Couto Pereira, que tentaram proibir o time do Fluminense de se proteger no túnel dos árbitros.

Se você não viu, corre que tem aqui.

REALIDADE PARALELA


Não quero ficar implicando com o Planeta Diário, onde tanto aprendi. Mas essa foi demais.

O RÁDIO NA TELA E NO PAPEL
Livro e filme que serão lançados hoje tratam do veículo de comunicação que teima em existir


Trabalho (com muito gosto) nos dois meios e garanto: se há um suporte que "teima em existir", este é o jornal impresso. O rádio vai bem, obrigado.

"E A TORCIDA QUERIA AC/DC"



É claro que já fizeram uma versão de A Queda zoando o papelão do Coxa.

CAMPEÃS DE AUDIÊNCIA


Não que eu seja um Gugu da internet, sempre de olho na audiência. Mas o contador de visitas tem me ajudado a entender um pouco o funcionamento do meio.

Como escrevi em outro post, as estatísticas do blog de reportagens são as que mais me trazem surpresas. Uma delas dá conta das matérias "campeãs de audiência".

Obviamente, assuntos como swing, baloeiros, gays ursos, santo daime e naturismo sempre atraem visitantes. O que eu não esperava, no entanto, é a procura diária por dois temas em especial: o mercado de apliques para cabelo e a multiplicação dos serv-cars em Curitiba.

"Seu Cabelo é da Hora" e "Que Tal um Pit Stop?" são os textos mais acessados de O Último a Sair. Não passa sequer um santo dia sem que alguém caia neles. O motivo, creio eu, é a falta de outras referências locais na web.

Para quem não leu, seguem os tradicionais trechos. A foto acima, que ilustra a reportagem sobre sexo no carro, é do Marcos Borges. Mais embaixo, tem uma da Letícia Moreira.

(...) Atire a primeira pedra quem nunca namorou numa lanchonete drive-in. Ou melhor: num serv-car, como esse tipo de espaço é chamado em Curitiba - e apenas em Curitiba.

Ok, talvez não seja o seu caso. Mas alguém próximo certamente já desfrutou os prazeres da vida, com privacidade, dentro de um carro. Se você ainda não deu o braço a torcer, saiba que essa é uma atividade lucrativa, que começou há mais de 20 anos nos bairros centrais e hoje se expande pelos periféricos.

(...) A fachada é de uma lanchonete comum, com balcão e móveis de plástico. O estacionamento fica atrás, com 10 vagas individuais separadas por paredes. Em vez de portões de metal, como nos motéis, lonas de caminhão protegem os carros dos olhares alheios. Com o calor que anda fazendo, parecem verdadeiros fornos.



(...) O cabeleireiro José Alvino Godói se vangloria de ser o pioneiro de um mercado que não para de crescer no centro da cidade. Há 12 anos, ele compra e vende cabelos nos arredores do Terminal Guadalupe, onde também mantém um salão. Um negócio tão rentável que chega a envolver a exportação de madeixas para países como Israel e Estados Unidos.

(...) Mal instalou seu salão por ali, Cleide logo percebeu que deveria diversificar os negócios. Hoje, lucra mais vendendo cabelos do que cortando. O início, no entanto, foi um pouco traumático. "Eu tinha pavor de pegar. Ficava pensando se aquilo não tinha vindo de um defunto", lembra.

Superado o estágio do nojo, é importante ter um olho clínico para encontrar bons materiais. Pois os compradores, normalmente cabeleireiros de salões elitizados, estão cada vez mais exigentes. "Tem que ser comprido, macio e hidratado. Cabelo seco e com tintura ou química não dá", ensina outra veterana da área, Terezinha Rodrigues, há 10 anos na ativa.

ÀS VEZES A GENTE ACORDA COM CADA MÚSICA NA CABEÇA... (6)

A FORÇA QUE NUNCA SECA


Meu primeiro show da Bethânia foi surpreendente. Pensei que, aos 63 anos, ela não teria o mesmo pique de antes. Felizmente, descobri que estava enganado logo no início (eletrizante) da apresentação do último sábado, no Guairão.

A baiana continua sendo "uma força da natureza", como diria o outro. Mostra vigor até nos momentos mais intimistas. Coisa de quem acredita em cada verso que canta - e canta como se estivesse mandando recados.

Do cenário aos músicos, o aparato é enxuto e eficiente. Principalmente a banda, que faz uma síntese sofisticada de ritmos regionais e latinos. Aliás, a própria cantora é uma espécie de guardiã de sons esquecidos.

Mas nem tudo é passional e primitivo na artista. Como poucas, ela sabe o que quer e como conduzir sua carreira. Mesmo a Gal se perdeu - e hoje só acerta se tiver um produtor de peso por trás. Terminado o espetáculo, tive a certeza: estava diante da cantora mais inteligente do Brasil.

UFA!

JORNALISMO-CAROLA


E essa história das pulseiras do sexo, hein?

Não bastasse ser outra pérola do jornalismo-carola da província, também é o factóide mais tosco dos últimos tempos.

"A RUA É NÓIZ"



Dessa vez, acredite no hype: Emicida é mesmo tudo o que andam falando. Desde a mixtape dos cearenses do Costa a Costa, lançada há dois anos, eu não me empolgava com um artista de rap brasileiro.

Esse paulistano de 24 anos, revelado em batalhas de MCs, tem um arsenal de rimas digno dos grandes da cena nacional (que, convenhamos, não são muitos). Quem mais por aqui citaria personagens como Sun Tzu, Stanley Kubrick, Hellboy e Donald Trump num disco de hip-hop?

Se bem que, segundo ele, seu primeiro registro ainda não é um disco, e sim uma mixtape. Falta uma produção que realce mais as bases, é verdade. Mas, para mim, tanto faz. Já entrou na lista dos melhores de 2009.

Baixe aqui os 25 sons de Pra Quem já Mordeu um Cachorro por Comida, Até que Eu Cheguei Longe.

FALANDO EM PAI...


Clique para ver melhor. É do Laerte.

COINCIDÊNCIA OU NÃO


No Natal do ano passado, ganhei das minhas filhas (ou melhor, da mãe delas) o premiadíssimo O Filho Eterno, do Cristovão Tezza. Fui adiando a leitura, dando prioridade para outros livros, e só comecei há poucos dias. Mas como é bom, hein? Que ritmo! Passei da metade e o pique ainda não caiu.

Algumas amigas não gostaram muito. Entendo. O livro fala diretamente para o público masculino, essa parcela das criaturas que só aprende na base da paulada.

Com um desembaraço que deve ter levado anos para vir à tona, Tezza expõe tudo o que pensou e sentiu na luta para aceitar o filho com Síndrome de Down. Mesmo as ideias mais cruéis estão lá. Ainda quero chegar nesse nível de sinceridade.

Coincidência ou não, anteontem o Geneton publicou uma entrevista que complementa a minha leitura. Ele conversou com o francês Jean-Louis Fournier, diretor de tevê e autor de Aonde a Gente Vai, Papai?, em que conta sua experiência com os dois filhos deficientes. Com a mesma franqueza de Tezza, Fournier chega a dizer que "perdeu na loteria genética".

Seguem trechos do papo. A íntegra você lê aqui.

(...) O que é extraordinário é que, quanto a estas crianças, ninguém pergunta por elas. As pessoas ficam incomodadas. Porque a verdade é que não há nada a dizer sobre as crianças deficientes. Não podemos dizer: o que é que elas estão estudando? Fizeram provas? Arranjaram uma namorada?

(...) O fato de não ser parecido com os outros não quer dizer, necessariamente, que você não seja tão bom quanto os outros. As crianças deficientes são um mistério. Não temos o direito de dizer que a vida que elas vivem não é interessante, já que não sabemos.


Quase terminando este post, achei outro texto do Geneton, dessa vez sobre o próprio livro do Tezza. Não sei se ele tem algum interesse especial pelo tema. Talvez seja apenas mais um pai que, como eu, "ganhou na loteria genética" - mas não perde o interesse pelas histórias secretas das pessoas.

TRAILER RETRÔ (5) - UM DIA DE CÃO, 1975