MEUS DISCOS DO ANO


— Lee Fields & The Expressions, My World

— The xx, idem

— N.A.S.A. (foto), The Spirit of Apollo

— Pet Shop Boys, Yes

— K'naan, Troubadour

— Caetano Veloso, Zii e Zie

— Cidadão Instigado, Uhuuu!

— Erasmo Carlos, Rock'n'Roll

— Emicida, Para Quem Já Mordeu Cachorro...

— Os The Darma Lóvers, Simplesmente

E aí?

MEUS FILMES DO ANO


— Amantes

— Avatar

— Bastardos Inglórios

— Watchmen (foto)

— O Leitor

— Foi Apenas um Sonho

— À Deriva

— Simonal: Ninguém Sabe o Duro que Dei

— Distrito 9

— Bruno

Objeções, observações?

PARA CANTAR JUNTO NO CINEMA


Só para registrar, ontem saiu na FdL uma reportagem que fiz sobre a safra recente de documentários musicais brasileiros.

O texto, para não-iniciados, está dividido em duas partes: aqui e aqui.

ENTREGUE-SE


Para não dizer que não falei do Natal, deixo um dos discos que vão embalar meu fim de ano: Simplesmente (2009), da banda Os The Darma Lóvers.

Acompanho esses gaúchos desde 2000, quando ainda eram uma dupla. Envolvidos com meditação, filosofia zen, Tibet e outros bichos, fazem uma espécie de folk-mântrico-psicodélico sem paralelo no cenário brasileiro.

Mas é o tipo de música da qual não vale a pena ficar falando muito. O lance é deixar o cinismo de lado e se entregar. Se você quer uma mensagem de paz diferente em meio aos clichês natalinos, entre nessa também (baixando daqui).

PERDIDO ENTRE OS PERDIDOS


Acompanhei com atenção toda essa onda de resgate de discos "perdidos" da MPB que rolou nos últimos anos.

Muita coisa boa acabou saindo em CD, mas um álbum interessantíssimo de 1976 ainda permanece obscuro: Sou Filho Dêsse Chão, do casal Eduardo Araújo e Silvinha.

A exemplo de outros astros roqueiros da época, Araújo pirou no Tropicalismo quando a Jovem Guarda começou a minguar. Caiu de cabeça na experimentação e iniciou uma fase musical marcada pela fusão de hard rock, progressivo, psicodelia, funk, baião, pontos de umbanda...

O ápice desse período é justamente o LP de 76, que traz Dominguinhos entre os convidados e revela o lado soul, quase gospel, de Silvinha.


Ignore a grafia tosca e a capa desenhada com lápis de cor (talvez a pior da história da música brasileira). Sou Filho Dêsse Chão esbanja um vigor, uma verdade ingênua que simplesmente se perdeu no tempo.

Apesar de ter em vinil, acabei baixando também. Daqui.

PS - Editei o post porque achei, meses depois, uma música do álbum no YouTube. Confere aê...

O LUGAR DE SEAN NÃO É AQUI


Vou dar meu pitaco mesmo sem conhecer a fundo o caso Sean Goldman. Afinal, isto é um blog, certo?

Não me interessa discutir se a mãe do garoto o sequestrou ou não. Ela morreu e Sean tem um pai. E o pai quer ficar com ele. Nos EUA, país onde os dois nasceram.

"A criança perdeu os laços afetivos com o pai, que não veio atrás do filho depois da separação", alguém pode afirmar.

Então quer dizer que, por conta de 5 anos de afastamento, eles devem passar o resto da vida separados? David com certeza não é nenhum santo, mas está movendo mundos e fundos pela guarda do menino.

No mais, esse papo de que o garoto chegou a escrever um apelo ao Lula para ficar é jogo sujo. Com 9 anos, Sean não tem condições de escolher o que é melhor para ele.

A MELHOR HORA


Do Allan Sieber.

ÀS VEZES A GENTE ACORDA COM CADA MÚSICA NA CABEÇA... (7)




Luís Gonzaga Júnior encontra o tecnopop. Que dicção esquisita, não? Deve ser por isso que sempre lembro dele quando ouço a Céu.

Aqui tem o clipe "oficial", mas o áudio está bem ruim.

PSICOTWITTER


— Na hora do climax sexual fechamos os olhos. A sensação fortíssima nos envolve completamente. Mesmo a dois, o momento é de máxima solidão.

— Nos anos 60, os hippies se "adoçaram", copiando as mulheres. Nos 80, a moda se inverteu: grande erro delas imitarem o que, com razão, criticavam.

— Os generosos não usam o termo "egoísta". Sempre que me chamaram de egoísta foi por não ter feito a vontade de alguém mais egoísta que eu.

— O pessimista é tolo e o otimista também: já sabem que vai dar errado ou certo. O sábio é ter um discreto otimismo: persistência e esperança.

Flávio Gikovate também está no Twitter.

BATEPRONTO: AVATAR


— Nem eu sabia que queria tanto ver Avatar. Até sonhei com isso de ontem para hoje. E nem achei o marketing tão agressivo...

— Foi a cabine de imprensa mais concorrida que já vi em Curitiba. Em São Paulo, li por aí, a fila dava voltas pelos corredores do shopping.

— Sempre achei esse negócio de 3D meio cafona, mas tive de me render à projeção do Imax.

— Falando em cafonice, o filme quase escorrega no tom new age. Reflexos de uma década pop marcada por O Senhor dos Anéis e Harry Potter.

— Como disse o Claudinho, você percebe que a imersão é total quando começa a achar a protagonista digital gata. Aliás, tem uma cena de "namoro" que chega a ser sexy mesmo.

— Tenho certeza de que o filme também funciona nas salas convencionais.

— Avatar contém um pouco de tudo o que o James Cameron já fez. O romantismo de Titanic, as máquinas de Aliens - O Resgate (e a própria Sigourney Weaver), o vilão frio de Exterminador do Futuro, o encantamento de O Segredo do Abismo...

— Há também uma mensagem de crítica aos "poderosos" que aparece em todos os seus trabalhos.

— Sam Worthington realmente será o próximo astro de Hollywood. Tem carisma e faz a linha "fortão sensível", como os conterrâneos Crowe e Jackman. Deve ser a água da Austrália.

— Cameron, mais uma vez, mexe com uma penca de arquétipos para fazer um filme universal. Mas os cínicos de plantão vão dizer que são clichês. E que a história é previsível.

— As 2 horas e 46 minutos voaram. Foi mais rápido do que Bastardos Inglórios.

— Se vai mesmo revolucionar toda a indústria do cinema? Não tenho a menor ideia. Só sei que, como entretenimento, é fantástico. Vou repetir a dose no fim de semana.

UM PROGRAMA NADA "MÉDIO"



Estou produzindo uma reportagem para a FdL sobre funk carioca em Curitiba. Funk, digamos, popular, não a apropriação estética feita pelo Bonde do Rolê (nada contra, que fique claro).

Como "a verdade está lá fora", troquei o plantão de sábado por um pulo na Noite das Preparadas, último baile do ano na Sociedade Abranches. Na programação, muito som mecânico e a participação, ao vivo, do MC Jura e suas Causadoras do Funk. Conversei com o sujeito uns dias antes, mas sobre ele eu falo depois, na matéria que vai sair.

Por hora, dá para dizer que me diverti para caramba. Principalmente com o desembaraço do público, vindo de bairros afastados do Centro e cidades da Região Metropolitana como Almirante Tamandaré e Colombo. Para se ter uma ideia da farra, mulheres entravam de graça se estivessem de minissaia. Efeito Geisy total!

Cheguei sozinho, comprei uma cerveja (de garrafa, servida num copão de plástico) e me posicionei perto do gargarejo. O começo foi meio morno, como mostra o vídeo acima. A turma só se soltou mesmo no "momento Créu", quando o MC chamou umas doze garotas da platéia para mandar ver no palco.

A partir daí, a sacanagem tomou conta do lugar. E dá-lhe strip masculino, calcinhas fio-dental à mostra e a inacreditável dança da rã. Saí de lá às 3h, com uma dúvida na cabeça: como encarar uma balada "normal" depois dessa? Logo eu, que fico entediado só de pensar num show de rock alternativo com discotecagem modernosa.

Como diria Danuza: "O que me chateia é programa 'médio', sabe?".

DA SÉRIE "BONZINHO NO GÊNERO"


Primeira protagonista negra da Disney, ambientação em Nova Orleans, retomada da animação tradicional...

A Princesa e o Sapo tem lá seus méritos, claro. Mas é aquele tipo de filme "competente" que não me fisga.

Ceci e Bia também não se empolgaram muito. Quem sabe em home video?

BALANÇO


Saiu o resultado daquela eleição dos discos da década. Para saber os ganhadores e quem votou em quem, comece por aqui.

TORCEDORES, SIM


Toda vez que o pau come por causa de futebol, ouve-se o mesmo clichê: "Não são torcedores, e sim criminosos travestidos de torcedores".

Cair nesse lugar comum é o primeiro passo para não refletir honestamente sobre o problema. Porque os brigões de plantão são, sim, torcedores.

Torcedores alimentados por uma cultura de ódio, em grande parte motivada por dirigentes, técnicos, atletas e até mesmo pelos meios de comunicação. Ouça uma transmissão de rádio em Curitiba e diga se estou exagerando.

Mesmo os que não partem para as vias de fato vão ao jogo para urrar, xingar, extravasar suas frustrações. E ainda ensinam isso para os filhos.

É claro que há uma distância enorme entre zoar e brigar. Mas agir como um animal enjaulado num estádio de futebol não é, definitivamente, a minha concepção de um programa divertido.

A foto é do Theo Marques.

TELECURSO


Eu, que nunca dei muita bola para o Caco Barcellos, hoje pago o maior pau para o Profissão Repórter - de longe, o melhor programa da Globo atualmente.

Ontem rolou o complemento da cobertura da reta final do Brasileirão. E a equipe matou a pau de novo, em mais uma daquelas aulas que não se tem na faculdade

Mesmo a parte de Curitiba, prejudicada pela inexperiência do foca, rendeu uma discussão interessante sob os limites da reportagem. De lambuja, mostrou o total despreparo dos seguranças do Couto Pereira, que tentaram proibir o time do Fluminense de se proteger no túnel dos árbitros.

Se você não viu, corre que tem aqui.

REALIDADE PARALELA


Não quero ficar implicando com o Planeta Diário, onde tanto aprendi. Mas essa foi demais.

O RÁDIO NA TELA E NO PAPEL
Livro e filme que serão lançados hoje tratam do veículo de comunicação que teima em existir


Trabalho (com muito gosto) nos dois meios e garanto: se há um suporte que "teima em existir", este é o jornal impresso. O rádio vai bem, obrigado.

"E A TORCIDA QUERIA AC/DC"



É claro que já fizeram uma versão de A Queda zoando o papelão do Coxa.

CAMPEÃS DE AUDIÊNCIA


Não que eu seja um Gugu da internet, sempre de olho na audiência. Mas o contador de visitas tem me ajudado a entender um pouco o funcionamento do meio.

Como escrevi em outro post, as estatísticas do blog de reportagens são as que mais me trazem surpresas. Uma delas dá conta das matérias "campeãs de audiência".

Obviamente, assuntos como swing, baloeiros, gays ursos, santo daime e naturismo sempre atraem visitantes. O que eu não esperava, no entanto, é a procura diária por dois temas em especial: o mercado de apliques para cabelo e a multiplicação dos serv-cars em Curitiba.

"Seu Cabelo é da Hora" e "Que Tal um Pit Stop?" são os textos mais acessados de O Último a Sair. Não passa sequer um santo dia sem que alguém caia neles. O motivo, creio eu, é a falta de outras referências locais na web.

Para quem não leu, seguem os tradicionais trechos. A foto acima, que ilustra a reportagem sobre sexo no carro, é do Marcos Borges. Mais embaixo, tem uma da Letícia Moreira.

(...) Atire a primeira pedra quem nunca namorou numa lanchonete drive-in. Ou melhor: num serv-car, como esse tipo de espaço é chamado em Curitiba - e apenas em Curitiba.

Ok, talvez não seja o seu caso. Mas alguém próximo certamente já desfrutou os prazeres da vida, com privacidade, dentro de um carro. Se você ainda não deu o braço a torcer, saiba que essa é uma atividade lucrativa, que começou há mais de 20 anos nos bairros centrais e hoje se expande pelos periféricos.

(...) A fachada é de uma lanchonete comum, com balcão e móveis de plástico. O estacionamento fica atrás, com 10 vagas individuais separadas por paredes. Em vez de portões de metal, como nos motéis, lonas de caminhão protegem os carros dos olhares alheios. Com o calor que anda fazendo, parecem verdadeiros fornos.



(...) O cabeleireiro José Alvino Godói se vangloria de ser o pioneiro de um mercado que não para de crescer no centro da cidade. Há 12 anos, ele compra e vende cabelos nos arredores do Terminal Guadalupe, onde também mantém um salão. Um negócio tão rentável que chega a envolver a exportação de madeixas para países como Israel e Estados Unidos.

(...) Mal instalou seu salão por ali, Cleide logo percebeu que deveria diversificar os negócios. Hoje, lucra mais vendendo cabelos do que cortando. O início, no entanto, foi um pouco traumático. "Eu tinha pavor de pegar. Ficava pensando se aquilo não tinha vindo de um defunto", lembra.

Superado o estágio do nojo, é importante ter um olho clínico para encontrar bons materiais. Pois os compradores, normalmente cabeleireiros de salões elitizados, estão cada vez mais exigentes. "Tem que ser comprido, macio e hidratado. Cabelo seco e com tintura ou química não dá", ensina outra veterana da área, Terezinha Rodrigues, há 10 anos na ativa.

ÀS VEZES A GENTE ACORDA COM CADA MÚSICA NA CABEÇA... (6)

A FORÇA QUE NUNCA SECA


Meu primeiro show da Bethânia foi surpreendente. Pensei que, aos 63 anos, ela não teria o mesmo pique de antes. Felizmente, descobri que estava enganado logo no início (eletrizante) da apresentação do último sábado, no Guairão.

A baiana continua sendo "uma força da natureza", como diria o outro. Mostra vigor até nos momentos mais intimistas. Coisa de quem acredita em cada verso que canta - e canta como se estivesse mandando recados.

Do cenário aos músicos, o aparato é enxuto e eficiente. Principalmente a banda, que faz uma síntese sofisticada de ritmos regionais e latinos. Aliás, a própria cantora é uma espécie de guardiã de sons esquecidos.

Mas nem tudo é passional e primitivo na artista. Como poucas, ela sabe o que quer e como conduzir sua carreira. Mesmo a Gal se perdeu - e hoje só acerta se tiver um produtor de peso por trás. Terminado o espetáculo, tive a certeza: estava diante da cantora mais inteligente do Brasil.

UFA!

JORNALISMO-CAROLA


E essa história das pulseiras do sexo, hein?

Não bastasse ser outra pérola do jornalismo-carola da província, também é o factóide mais tosco dos últimos tempos.

"A RUA É NÓIZ"



Dessa vez, acredite no hype: Emicida é mesmo tudo o que andam falando. Desde a mixtape dos cearenses do Costa a Costa, lançada há dois anos, eu não me empolgava com um artista de rap brasileiro.

Esse paulistano de 24 anos, revelado em batalhas de MCs, tem um arsenal de rimas digno dos grandes da cena nacional (que, convenhamos, não são muitos). Quem mais por aqui citaria personagens como Sun Tzu, Stanley Kubrick, Hellboy e Donald Trump num disco de hip-hop?

Se bem que, segundo ele, seu primeiro registro ainda não é um disco, e sim uma mixtape. Falta uma produção que realce mais as bases, é verdade. Mas, para mim, tanto faz. Já entrou na lista dos melhores de 2009.

Baixe aqui os 25 sons de Pra Quem já Mordeu um Cachorro por Comida, Até que Eu Cheguei Longe.

FALANDO EM PAI...


Clique para ver melhor. É do Laerte.

COINCIDÊNCIA OU NÃO


No Natal do ano passado, ganhei das minhas filhas (ou melhor, da mãe delas) o premiadíssimo O Filho Eterno, do Cristovão Tezza. Fui adiando a leitura, dando prioridade para outros livros, e só comecei há poucos dias. Mas como é bom, hein? Que ritmo! Passei da metade e o pique ainda não caiu.

Algumas amigas não gostaram muito. Entendo. O livro fala diretamente para o público masculino, essa parcela das criaturas que só aprende na base da paulada.

Com um desembaraço que deve ter levado anos para vir à tona, Tezza expõe tudo o que pensou e sentiu na luta para aceitar o filho com Síndrome de Down. Mesmo as ideias mais cruéis estão lá. Ainda quero chegar nesse nível de sinceridade.

Coincidência ou não, anteontem o Geneton publicou uma entrevista que complementa a minha leitura. Ele conversou com o francês Jean-Louis Fournier, diretor de tevê e autor de Aonde a Gente Vai, Papai?, em que conta sua experiência com os dois filhos deficientes. Com a mesma franqueza de Tezza, Fournier chega a dizer que "perdeu na loteria genética".

Seguem trechos do papo. A íntegra você lê aqui.

(...) O que é extraordinário é que, quanto a estas crianças, ninguém pergunta por elas. As pessoas ficam incomodadas. Porque a verdade é que não há nada a dizer sobre as crianças deficientes. Não podemos dizer: o que é que elas estão estudando? Fizeram provas? Arranjaram uma namorada?

(...) O fato de não ser parecido com os outros não quer dizer, necessariamente, que você não seja tão bom quanto os outros. As crianças deficientes são um mistério. Não temos o direito de dizer que a vida que elas vivem não é interessante, já que não sabemos.


Quase terminando este post, achei outro texto do Geneton, dessa vez sobre o próprio livro do Tezza. Não sei se ele tem algum interesse especial pelo tema. Talvez seja apenas mais um pai que, como eu, "ganhou na loteria genética" - mas não perde o interesse pelas histórias secretas das pessoas.

TRAILER RETRÔ (5) - UM DIA DE CÃO, 1975

QUERO VER VOCÊ NO BAAAAAAAAILE



Não foi fácil apresentar o último Papo Musical do ano, nas Livrarias Curitiba do Shopping Palladium. O lugar estava quente, abarrotado e a Paula Lima se comportou de forma um tanto arisca. Será o "efeito Ídolos"?

Valeu pela prova de fogo e, principalmente, por ter visto de perto alguns dos melhores instrumentistas do país - Cuca Teixeira (bateria), Marcelo Mariano (baixo) e Danilo Santana (teclados). E a própria Paula está mandando bem, sem aqueles exageros vocais de outros tempos ("Quero ver você no baaaaaaaaaaaaaile").

SUSTO MESMO, SÓ FORA DO CINEMA


Cabine desta manhã: Atividade Paranormal, ou "A Bruxa de Blair do fim da década". Ou ainda "Chamei a atenção com um terrorzinho caseiro de US$ 11 mil, agora quero entrar no esquemão de Hollywood".

Reza a lenda que até o Spielberg, "padrinho" do filme, ficou com medo quando viu - depois sugeriu outro final, mais impactante. Eu fiquei meio tenso, muitas vezes entediado. Dei umas risadas involuntárias também. E me amarrei na menina, totalmente girl next door (ah, se fosse uma sextape!). Susto mesmo, só tomei fora do cinema.

Lá pela metade, fui ao banheiro, do outro lado do multiplex (completamente vazio). Na saída, senti que minha calça estava aberta. Levantei o zíper e, quando olhei para frente, dei de cara com uma funcionária! Voltei correndinho para a sala...

Atividade Paranormal não tem subtexto nem é metáfora de nada - tampouco se propõe a isso. Seu trunfo é fazer com pouco dinheiro (e nenhuma experiência dos realizadores) o que muitas produções milionárias não conseguem: mexer com o público, pautar conversas, dividir opiniões, etc. Vale pelo fenômeno.

SEM SOLUÇÃO


Outra do Liniers.

SIM!


Ouvi bastante nos últimos dias o disco deste ano dos Pet Shop Boys - uma das minhas bandas preferidas desde sempre.

Baixei Yes logo que saiu, em março, e até peguei uma faixa para tocar na rádio. Ainda assim, não dei muita bola, o que só foi acontecer quando vi um documentário com a história deles no Multishow (ou GNT, sei lá).

Em vez de resgatar os álbuns antigos, resolvi dar mais uma chance para o material novo. E agora digo sem medo de errar: é o melhor trabalho deles, ou o mais consistente, em muito tempo.

Os adjetivos são os de sempre - melancólico, épico, kitsch, gay. A diferença é que, desta vez, a dupla fez uma interessante combinação de colaboradores de diferentes escolas.

Johnny Marr, ex-Smiths, toca guitarra em quatro músicas (e gaita em duas). O compositor Owen Pallet (que já trabalhou com Arcade Fire, Beirut e The Last Shadow Puppets, entre vários outros) escreveu arranjos executados pela London Metropolitan Orchestra. Philip Oakey, fundador do Human Leage, também dá uma força.

Mas para não perder o lado "popão", eles convidaram ainda o time de produtores Xenomania, responsável por hits de Kylie Minogue, Texas, Sugababes, Girls Aloud e até da Cher.

Minhas músicas preferidas são "All Over the World", "Beautiful People" (a da rádio), "Did You See Me Coming?", "Vulnerable", "Building a Wall" e "King of Rome". Opa, isso já é mais da metade do disco!

Tem para baixar aqui.

A MISÉRIA DELES


Ontem teve cabine de O Solista, mas resolvi dar um tempinho antes de escrever alguma coisa aqui. Porque não gostei do que vi, mesmo com Robert Downey Jr., Jamie Foxx, Catherine Keener e o diretor Joe Wright no pacote. Reconstruí o filme na cabeça várias vezes e cheguei à conclusão definitiva: achei fraco mesmo.

Outra vez, temos um roteiro inspirado em fatos reais e baseado num livro - o segundo da semana, que já teve Julie & Julia. Aqui, um colunista do Los Angeles Times se encanta com a história do sem-teto esquizofrênico que já foi um prodígio da música erudita. Ele está sensível, em plena crise da meia idade, e acaba se envolvendo além do esperado com o homem que transforma em notícia.

Downey, atualmente em ótima fase, é o jornalista. Foxx, na pele do morador de rua, pleiteia um segundo Oscar (seguindo a lógica que já premiou outros intérpretes de doentes mentais). E o diretor, que me chamou a atenção em Desejo e Reparação, se sai bem numa ambientação contemporânea - ele também fez Orgulho e Preconceito.

O problema é que O Solista tenta denunciar a "América pobre", e o faz num tom mais emotivo do que político. Nada que impressione quem está acostumado a abrir a porta de casa e dar bom dia para a miséria. Mesmo a menção, extremamente sutil, à crise dos jornais americanos soa ingênua.

"Talvez o filme faça mais sentido nos EUA", alguém pode dizer. Pior que não: previsto para estrear no fim de 2008, foi adiado para abril deste ano e passou batido por lá. Periga nem ser lembrado pela Academia.

MEUS DISCOS DA DÉCADA


Já virou tradição a eleição de melhores do ano da cultura pop promovida pelo Marcelo Costa, do site Scream & Yell. Os votantes, de todo os cantos do país, são jornalistas, radialistas, blogueiros, artistas e gente do meio independente em geral. E o saldo final é sempre um retrato fiel desse "mundinho" - para o bem ou para o mal.

Desta vez, além do balanço de 2009, fomos convidados a relacionar os melhores discos nacionais e internacionais da década. O resultado deve sair até o fim do ano, mas a minha lista, extremamente pessoal e sem ordem de preferência, vocês já conferem abaixo.

INTERNACIONAIS
Outkast (foto) – Speakerboxxx/The Love Below
Daft Punk – Discovery
N.E.R.D. – Fly or Die
Kanye West – The College Dropout
M.I.A. – Arular
At The Drive-in – Relationship of Command
Queens of the Stone Age – Songs for the Deaf
System of a Down – Toxicity
Basement Jaxx – Rooty
Madonna – American Life

NACIONAIS
Max de Castro – Samba Raro
BNegão & Os Seletores de Frequência – Enxugando Gelo
Racionais MCs – Nada Como um Dia Após o Outro Dia
Caetano Veloso – Cê
Los Hermanos – Ventura
Nação Zumbi – Nação Zumbi
Seu Jorge – Cru
Marcelo D2 – À Procura da Batida Perfeita
Rogério Skylab – Skylab II
Cidadão Instigado – Uhuuu!

E aí? Algum comentário, objeção, algo a acrescentar?

RECEITA INFALÍVEL


Enquanto as moçoilas suspiram com os vampiros e lobisomens de Lua Nova, as espectadoras, digamos, mais maduras ficam sem um filminho para assistir. Ficavam. De volta às cabines de cinema, vi hoje de manhã Julie & Julia, o novo produto da grife Nora Ephron.

São duas histórias intercaladas, ambas baseadas em fatos reais. Nos anos 50, a americana (radicada em Paris) Julia Child dedica seus esforços para lançar um compêndio de 700 páginas com receitas francesas. Não só consegue como ainda ajuda a mudar os hábitos das donas de casa de seu país.

Corta para 2002. Julie Powell é uma escritora frustrada que resolve se impor um desafio: testar, no prazo de um ano, as 524 receitas do livro de Julia. Tudo narrado em um blog, claro. Afinal, quem faz qualquer coisa em segredo hoje em dia? Até crime a turma grava e coloca no YouTube.

Curti o filminho, que tem como principal acerto priorizar a história de Julia, interpretada pela Meryl Streep. De quem gosto muito, apesar de sempre lembrar dos comentários venenosos (e engraçadíssimos) que o Paulo Francis fazia sobre ela.

Amy Adams, a ruivinha do nariz empinado de Encantada e Dúvida, vive Julie. Uma personagem boazinha e histérica, como praticamente todas as figuras femininas do cinema atual. Por que tem de ser assim? Me recuso a acreditar que não existem mulheres minimamente equilibradas no mundo de hoje.

De qualquer forma, Julie & Julia vai pegar. Em DVD, então, nem se fala. Porque trata de três temas bem atuais: frustração profissional, fama via internet e essa relação fetichista com a comida que a classe média incorporou nos últimos tempos. Sem contar o "clima de magia" da Paris dos anos 50. Uma receita, portanto, infalível.

PS - E se há algum paralelo entre o filme de Nora Ephron e Lua Nova, ele está no resgate de valores feminimos mais tradicionais, românticos. Para o desgosto das feministas old school.

PARA FECHAR



De acordo com o Tremendão, é a música mais sincera que ele já escreveu. Provavelmente surgiu na fase em que a mulher, Narinha, fez análise.

Está no disco Pelas Esquinas de Ipanema (1978). Mas a Nara Leão a gravou um ano antes, no LP Meus Amigos São um Barato.

E agora eu prometo dar um tempo na erasmomania.

MEU EGO
(Roberto/Erasmo)

Por favor, meu ego
Não dê força ao prego
Que nos põe contra a parede
Pra nos afogar de sede

Chove, chuva
Na sua boca, você não bebe
Há palavras, existem letras
Mas você não forma
As frases loucas que cultiva por aí

Fale pelos cotovelos
E pelos joelhos
Me critique sem razão
Se omitir não vale a pena

Mas não polua minha cultura
Não venha dividir comigo sua auto-censura
Me desencontre, não me prostitua
Senão seremos mais uma carcaça
Em desgraça por aí

"NÃO PENSEI NAS MAZELAS"


Como prometido, segue a íntegra da entrevista com o Erasmo, publicada ontem na FdeL. Na pauta, seu livro de memórias, a biografia do Roberto, machismo na música, gravadoras e os 50 anos de carreira.

Quando surgiu a ideia de escrever o livro?
Tenho o desejo, um sonho mesmo, de escrever livros há muito tempo. Até quis escrever um nos anos 70, chamado "A Banda dos Contentes". Era uma história de ficção, mas não encontrei um final e desisti. Acabou virando o título de um disco (lançado em 1976). Passei esses anos todos procurando uma motivação, até que me toquei de uma coisa. Os músicos, em geral, quando se encontram, estão sempre contando "causos" da vida artística. Todo músico está sempre rindo, em grupo, lembrando dessas histórias. Então resolvi contar uns "causos" que aconteceram comigo também, com meus amigos.

Como foi o processo de escrita? Quanto tempo levou?
Levou dois anos e meio, mais um ano para fazer o fio condutor das histórias. Eu pensava no livro o dia inteiro. Sou assim normalmente, trabalho 24 horas por dia. Seja mentalmente, anotando ou gravando. No banheiro, na cama, acordava de noite com uma ideia na cabeça. Escrevia a mão, que é a única forma que acompanha a rapidez do meu raciocínio. Meu filho vinha uma vez por semana aqui em casa e digitava tudo para ficar bonitinho.

Consultou muito material de arquivo, ou mesmo pessoas próximas?
Consultava minhas reportagens antigas para conferir lugares, nomes. Mas não procurei ninguém, porque prefiro contar do meu jeito. Se eu ligo para uma pessoa, ela diz que não foi bem assim, que não estava chovendo naquele dia. Problema dela. Eu me lembro que estava chovendo no dia e pronto. (ri)

Você se inspirou em algum livro semelhante?
Não, foi tudo da minha cabeça mesmo. E como não sou um leitor, não carreguei influência de ninguém. Fiz mais ou menos como faço na música, usei minha forma de narrar a coisas. Inclusive demorei um pouco para encontrar um estilo. Aliás, um dos prêmios que tive com esse livro foi descobrir essa minha narrativa, vamos dizer assim, literária. Mas, cuidado, não estou usando esse termo de forma pretensiosa.

Houve algum tema que você não quis incluir no livro de jeito nenhum?
Não pensei dessa forma. Só decidi o que colocar. Se não tem as mazelas no livro, é porque não pensei nas mazelas. Eu estava escrevendo uma coisa bem-humorada, descontraída. Não pensei em momentos ruins. Também não entreguei nomes, porque isso não faz parte do meu caráter, nem as mulheres que eu comi. É um livro de boa fé, positivo, que nem eu sou.

Minha Fama de Mau também não traz os bastidores profissionais e comerciais da sua carreira. Há quem pense que é porque você não se envolvia muito com essas questões.
Não traz porque não era a minha intenção. E é claro que eu me envolvia com esses aspectos da minha carreira. Sou um profissional bravo, correto, estradeiro. Mas o importante nos meus contos era a piada do final. Era isso que eu valorizava.

Suas memórias chegam ao mercado numa leva de outros livros e documentários sobre grandes nomes da música brasileira. A que você atribui esse fenômeno recente?
Na verdade, ainda acho muito pouco o que é lançado. Nos EUA, um país que realmente preserva os seus ídolos, há uma infinidade desses produtos. Só de filme sobre cantor, eu já vi um monte. E não é nem documentário, é filme de ficção mesmo.

No Brasil, o biografado, ou a família dele, tem de autorizar o lançamento. Isso não é um entrave?
É que os filhos, como não viveram as coisas, não gostam de ver as mazelas do pai expostas. Ou então crescem o olho no negócio de grana. É complicado.

Autorizaria uma biografia sua?
Não acho legal biografia de um cara vivo. Vou ter prazer de ler a minha biografia quando eu morrer. Quando o cara ainda está vivo, ele só quer que coloquem depoimentos que falem bem dele.

Você leu Roberto Carlos em Detalhes, a biografia "proibida" do Roberto?
Não li. Nem essa, nem as outras que falam de mim. Não costumo ler livros. E como estava escrevendo o meu, não queria receber influência.

O que achou da proibição de Roberto Carlos em Detalhes?
Não achei nada, porque eu não participei do processo. Não me meto nas coisas alheias. Se o Roberto proibiu, algum motivo ele teve. Quem sabe o motivo? Só ele.

Como nas suas músicas, o livro trata muito das mulheres. Você, que já escreveu tantas odes à figura feminina, vê algum tipo de desrespeito nas letras de funk, axé, sertanejo universitário e outros gêneros populares de hoje?
Machismo em música sempre existiu. O rock, inclusive, é machista para caramba. O samba também. Tudo é muito machista. Uma vez ou outra é que aparece uma ode à mulher. O Alcides (seu assistente pessoal há mais de 20 anos) está até lembrando aqui da Amélia, do Ataulfo alves (em parceria com Mário Lago). As mulheres hoje se sentem elogiadas ouvindo essa música, mas o cara está acabando com a mulher!

Será que o tom mudou? Está mais explícito?
No funk, por exemplo, eu acho exagerado. Mas enquanto tiver uma mulher dançando funk, é porque elas gostam de ser chamadas de cachorras. Quando elas sumirem das pistas, os caras vão dizer: "Pô, vamos falar bem delas então".

Você e seus filhos têm uma gravadora (Coqueiro Verde Records). Como estão lidando com esse momento de transição na indústria da música?
Como todo mundo. Sem saber o futuro, o que vai prevalecer. Atirando para todos os lados, para ver se alguma coisa cola. Mas estamos entrando de cara nas novas mídias, que estão cada vez mais presentes no nosso processo de divulgação.

Quais são seus planos para 2010, quando você completa 50 anos de carreira?
Eu não costumo pensar assim. Na minha vida as coisas vão acontecendo no momento certo. O livro, por exemplo, está saindo agora porque atrasou. Calhou de sair junto com o disco, não foi nada premedidato. Quantos aos 50 anos, não vou fazer nada. Quem quiser que faça para mim. O Roberto Carlos também não fez. O chocolate e o banco fizeram para ele aquelas festas (Erasmo se refere às grandes empresas que patrocinaram os shows comemorativos). Se um chocolate, um açúcar quiserem fazer para mim, eu participarei.

ÀS VEZES A GENTE ACORDA COM CADA MÚSICA NA CABEÇA... (5)




Aqui tem a letra, pra gente cantar junto.

HOJE TEM!


E vai passar ao vivo, a partir da 1h, no SporTV.

OMARZINHO PAZ E AMOR


O sucesso da Zélia Duncan continua sendo um mistério para mim. Reconheço que ela é competente no que se propõe a fazer, mas em outros tempos seria uma artista do terceiro, quarto time da MPB.

Conversamos duas vezes. A primeira no Rio, em 2005, no lançamento de um CD. Curti porque o evento foi no Instituto Cultural Cravo Albin, na Urca, um lugar maneiríssimo. Na saída, enquanto esperava o táxi para o aeroporto, o porteiro ficou me contando histórias "cabeludas" sobre o Roberto Carlos, morador ilustre da área.

O segundo encontro aconteceu ontem, no estúdio da Lumen. Houve quem temesse o encontro, já que eu costumo dar umas alfinetadas nela no programa. Bobagem. Não gostar do som é uma coisa, tratar mal, outra.

A entrevista ao vivo foi bem legal. E se alguém ainda não acredita que estou na fase "Omarzinho paz e amor", as fotos acima não deixam dúvidas.

PS - Semana que vem tem mais: apresentar a última edição do ano do projeto Papo Musical, dessa vez com a Paula Lima. Devo pedir um adicional de insalubridade?

O CORONEL E O LOBISOMEM

ggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggggDeixei de comentar duas notícias polêmicas envolvendo "gurus" deste blog.

Gerald Thomas diz que está se afastando do teatro por tempo indeterminado

Caetano diz preferir Marina e chama Lula de "analfabeto"



A do Gerald eu sabia há algum tempo, pois acompanho o blog dele - que também já era. Como disse em outro post, talvez curta mais a persona do que a obra. Então vou ser sincero: sinto mesmo pelo blog.

De qualquer forma, sua angústia é a de muita gente. E pode até ser saudável ter um "estalo" desses de tempos em tempos. Se ele voltar mais doido, terá valido a pena. Mas sem dramalhão, please!


Já o Caetano pegou pesado. Pelo menos para os padrões do brasileiro, que sempre confunde crítica com agressão.

Ainda assim, soou mal. Por mais que o Lula mereça uma lambada que não venha dos Mainardis e Azevedos da vida (gente que não dorme direito com raiva do PT).

No fim das contas, o baiano até que se saiu bem na justificativa. "Não gosto dessa mania de que todo mundo tem que adular Lula, eu não quero adular Lula", disse, no dia seguinte à publicação da matéria.

Na real, o que ele queria era divulgar o show em São Paulo. Conseguiu, às custas da supervalorização de sua opinião.

BATE-PRONTO: A FAZENDA 2


— O elenco é interessante, mas achei que os perfis poderiam ser mais variados. Tem muito atorzinho e atrizinha.

— Como na primeira edição, todos são incrivelmente burros. Diversão garantida.

— Tá bom, o Xuxa não parece ser tão tongo como os outros. Aliás, é fortíssimo candidato só pelo currículo olímpico. Se mantiver a humildade, vai longe.

— Sheila Mello também larga com vantagem. É a mais famosa do grupo, ou a que teve mais exposição até aqui. O Tchan, quem diria, hoje faz parte da cultura pop brasileira.

— Grande sacada a escalação da ex-namorada do Theo Becker. O motivo? Ser ex-namorada do Theo Becker, oras! Quem disse que reality show precisa de critério?

— Tem gente que sai do BBB direto para a novela das oito. Cacau Melo, não: termina Caminho das Índias e aparece na Fazenda. Quem é o consultor de carreira dessa garota?

— Bombom, lôca, rocks!

— A edição melhorou, ficou mais ágil. Ou melhor: agora, sim, há edição.

— O que não muda é o apresentador. Mandaram o Britto Jr. deixar crescer a barba, vestir camiseta, usar óculos coloridos... Até pulseirinha ele tem agora. Mas continua chato, didático, professoral. Explica tudo milhões de vezes. Ontem, perdi as contas de quantas vezes ouvi "Ana Paula Oliveira, a Bandeirinha".

— Falando nisso, antipatizei com "Ana Paula Oliveira, a Bandeirinha". Tosca demais até para os meus padrões. Tomara que saia no domingo.

KARAMU, FIESTA, FOREVER!



Ontem ouvi uma versão de "All Night Long" gravada pelo Jason Mraz e lembrei de como gosto da original.

Quando era moleque, fiquei maluco com o Lionel Richie cantando a música no encerramento das Olimpíadas de Los Angeles, em 1984. Do mesmo jeito que pirava com aquele mundo pop de Michael Jackson, Star Wars, ET, De Volta Para o Futuro, Indiana Jones, etc. Que grande momento da cultura americana!

Descobri que tínhamos a canção em casa, numa dessas coletâneas "Super Sucessos", e ouvia o disco repetidamente. Mas confesso que só hoje, pesquisando a letra no Google, entendi o verso "Karamu, fiesta, forever". Nem me pergunte como eu cantei todos esses anos.

Em 2003, numa boate descolada e mucho loca de Buenos Aires, fiquei surpreso quando um DJ tocou a faixa. E mais surpreso ainda com a catarse que rolou na pista de dança durante aqueles poucos minutos. Foi o ponto alto da noite - e a prova de que a música não fazia parte só da minha memória afetiva.

Sobre o Jason Mraz? Nada a dizer, a não ser que ele é o novo rei da "música chuchu". Aquele som inofensivo, sem tempero, ideal para os higienizados dias de hoje. Nem um convite ao sacolejo como "All Night Long" salva o cara do marasmo.

PS - Leia também: Mas, afinal, o que é Karamu?

"MENDIGOS CANIBAIS VENDIAM CARNE HUMANA PARA RESTAURANTE NA RÚSSIA"


Melhor título dos últimos tempos. Aliás, o noticiário insólito do R7 já começa a rivalizar com o do G1. Na mesma linha:

- Veado burro morre em briga com estátua
- Argentina sinistra faz arte sebosa com gordura de gente
- Sobremesa com Viagra bomba feira na Colômbia
- Se você não vai e pega o avião, o avião vem e pega você
- Mulher sua frio, treme e até desmaia ao ver legumes
- Homem queria assustar o gato, mas matou a mãe
- Família come sem querer cinzas de parente morto em setembro
- Burros espertos resgatam mulher enterrada viva
- Filho perde o braço e vai dormir para não levar bronca da mãe

E a dos mendigos canibais, claro.

DESCONTA NO BANNER!


Os queridos colegas do sindicato que me perdoem, mas esse protesto que rolou hoje foi, no mínimo, ingênuo.

Quando se completam cinco meses da absurda decisão do STF sobre nosso diploma, os jornalistas do Paraná terão a oportunidade de protestar e fazer uma boa ação. O Sindijor vai promover a partir das 13h, a manifestação “Sapatada no Gilmar Dantas”.

A idéia é que os jornalistas compareçam com um par de sapatos usados, para jogar no banner “Fora Gilmar Dantas”, repetindo o gesto do jornalista iraquiano Muntazar Al-Zaydi que, numa coletiva, arremessou a sua bota no George Bush. Os sapatos arrecadados serão repassados a uma instituição de caridade.


Mais fotos, de Carolina Siedlecki, você vê aqui.

"SACANAGEM NOS OLHOS"


O Ewandro disse muito do que eu penso sobre o "caso Geisy". Principalmente na parte final:

Se fosse uma modelo de ranking os alunos se intimidariam. Apreciariam de longe. Já a garota da minissaia rosa é real. É sensual. Rebola com maldade. Provoca a ira das colegas simplesmente por ser mulher.

Pois até as mais belas estudantes da Uniban sabem que Geisy representa o perigo real e imediato. Geisy tem a sacanagem nos olhos. Ela não é uma demoiselle d'Avignon. É da laje.

DÁ NO QUE DÁ


Missão do último plantão: produzir uma matéria sobre o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Trânsito.

Poderia ter apenas "penteado" um release, como se diz. Mas resolvi ir atrás dos organizadores da mobilização em Curitiba. Eram três (Roberto, André e Cristiane).

Dois deles estavam com os celulares desligados. E o outro queria me passar para um ex-governador que representa uma associação nacional de seguradoras, apoiadora do evento. Nem anotei o número.

Quando estava prestes a reduzir o assunto a uma nota, a Cristiane retornou a ligação. Conversávamos sobre a programação do dia quando resolvi investigar sua história pessoal, para saber o motivo de seu engajamento.

A explicação dela começou assim: "No dia 7 de maio, meu filho morreu num acidente de carro causado pelo ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho". Pois é, amigos. Eu não sabia, mas estava falando com a mãe do Rafael Yared.

É que o release só trazia o primeiro nome dos organizadores e o número do telefone. Na correria, não fiz a associação. De qualquer forma, pedi desculpas pela gafe e continuei a conversa como se nada tivesse acontecido (qual o problema, afinal?).

Cristiane percebeu que eu estava interessado nela, na sua vida após a tragédia, e desandou a falar. Contou sobre a empresa da família, o grupo de apoio que montou, a atividade como pastora da igreja Evangelho Eterno (uma dissidência recente do Evangelho Quadrangular)... Também garantiu que não vai sair candidata em 2010.

Sua força, agora, vem do ativismo. Ela tem o assunto na ponta da língua - dados, estatísticas, leis. Vive para falar disso, o tempo todo. Um discurso quase automático. Quem pode julgá-la?

A empresária acredita que leis mais severas e campanhas de conscientização maciças vão reduzir o número de mortes nas ruas e estradas. Não manjo do tema (sequer dirijo!), mas tenho minhas dúvidas.

Só sei que há carros demais por aí. Carros frágeis e rápidos. Quanto maior a quantidade, maior o risco de acidentes. É a lei das probabilidades, certo?

Enquanto isso, a turma continua correndo para comprar. Mesmo sem o imposto reduzido. E ainda tem o fenômeno das motos. Dá no que dá.

É verdade que o caso de Rafael foi uma monstruosidade. Pela velocidade e o grau de bebedeira do ex-deputado fabricado e metido a super-homem. Ainda assim, insisto: o número de desastres é proporcional ao tamanho da frota.

Disso, a imprensa nunca trata. Imagina se vamos perder os anúncios... Para piorar, há veículos que capitalizam em cima da tragédia criando suas próprias campanhas de conscientização. É o marketing social travestido de jornalismo cívico.

Taí o tipo de morte mais estúpida que existe.

DESLIGADO


Clique para ler mais uma do Allan Sieber.

SERÁ QUE SE SALVA?


Está merecendo...

SAIA MAIS CEDO DA REDAÇÃO


Se você é jornalista, clique na imagem para conhecer essa ferramenta utilíssima (especialmente nos dias de plantão).

TREMENDA CONVERSA


Entrevistei ontem o Erasmo, que acabou de lançar um livro de memórias bem simpático. Foi o meu terceiro papo com o Tremendão, e o melhor de todos. Falamos sobre a nova safra de biografias e documentários musicais, internet, gurus, gafes e, é claro, mulheres.

Perguntei se ele, que já escreveu tantas odes à figura feminina, via algum tipo de desrespeito em certas letras de funk, axé, sertanejo universitário e outros gêneros populares. Ainda não transcrevi a conversa (de cerca de 40 minutos), mas a resposta foi mais ou menos a seguinte:

"Olha, bicho. Música machista sempre existiu. O rock tem várias letras machistas. O Alcides (assistente pessoal dele há anos) tá até me lembrando aqui da 'Amélia'. E no caso do funk, enquanto tiver uma garota dançando na pista, é porque elas estão gostando".

Depois que a matéria sair, publico a íntegra aqui.

TÁ TUDO AÍ



O disco da hora é Mico de Circo (1978), talvez meu preferido do Luiz Melodia.

São dez faixas em que ele passeia por vários estilos, apoiado por músicos como Perinho Santana, João Donato, Armandinho, Marcio Montarroyos e Oberdan Magalhães (Banda Black Rio), entre outros fodões. Tem para baixar aqui.

E no embalo do último comentário do Thiago, segue a letra que eu mais curto.

PRESENTE COTIDIANO

Tá tudo solto na plataforma do ar
Tá tudo aí, tá tudo aí

Quem vai querer comprar banana
Quem vai querer comprar a lama
Quem vai querer comprar a grana

Tá tudo solto por aí
Tá tudo assim, tá tudo assim

Quem quer morrer de amor se engana
Momentos são, momentos drama
O corpo é natural da cama

Vou caminhar um pouco mais atrás da lua
Vou caminhar um pouco mais atrás da rua

Mas tudo voa por aí, na asa de um avião
No bico de um pássaro daqui
Mas tudo gira, ai de mim
A bola e o pião
Menina em meu coração

Tá tudo solto na feira, nobre lugar
Tá tão ruim, tá tão ruim

Quem vai querer comprar banana
Quem vai querer comprar banana
Quem vai querer comprar...

FALANDO NISSO...



"Bailé Parangolé", do João Brasil.
E aê, Thiago? Ainda assiste todo dia?

"O MOMENTO"


Realmente não entendo o prazer que algumas pessoas sentem quando detonam gente como Oiticica, Caetano, os Concretistas, Gerald Thomas, Glauber, Niemeyer, João Gilberto, Oswald... Elas queriam que o Brasil continuasse barroco?

A carta (clique nela para ler) eu vi aqui.

BELÉM URGENTE



A MTV e o UOL disponibilizaram, na íntegra, o documentário Brega S/A, de Vladimir Cunha e Gustavo Godinho. O filme mostra como funciona a cadeia produtiva do tecnobrega, gênero surgido na periferia de Belém e que subverte toda a lógica da indústria fonográfica.

O legal é que foi feito na raça, durante dois anos, com recursos dos próprios realizadores. Sem aquela mamadinha básica nos editais públicos.

Gostei muito e recomendo. Se você não sabe nada sobre o assunto, entre por aqui. A trilha sonora também é o bicho.

APOLOGIA?


Continuo fazendo a festa com meu novo brinquedo: o contador de visitas do blog.

Não o deste, lido por meia dúzia de chegados. Mas o outro, de reportagens, atrai figuras até de outros países, que caem lá depois de uma busca no Google. Como dá para ver as palavras que o internauta digitou, a diversão é garantida.

Nos últimos dias, aumentou a procura por balões, baloeiros e afins. Uma subcultura que, apesar de ilegal, cresce loucamente no Brasil e movimenta um comércio de materiais, DVDs, camisetas e bijuterias "temáticas".

Quando saiu minha matéria sobre o assunto, houve quem dissesse que eu estava fazendo apologia ao crime. Bobagem. A proposta era entender a motivação dos baloeiros. Sem julgamentos.

E admito: só procurei a polícia e os bombeiros porque o texto sairia num jornal, num veículo tradicional. Se fosse um trabalho independente, teria passado batido pelas autoridades. Porque a gente já está careca de saber o que o lado oficial tem a dizer.

O jornalismo, meus amigos, não é uma ciência exata. Cada um deveria fazer como acha melhor. Com honestidade, claro. Mas sem fórmulas que engessam.

Seguem os tradicionais trechos. Para ler tudo, entre aqui.

PS: O balão da foto é de outro tipo, eu sei. É que achei muito massa.

(...) O noticiário policial revela apenas superficialmente o estágio atual de uma tribo que não para de crescer: a dos baloeiros. Antes uma manifestação folclórica, a soltura de balões juninos ganhou uma ''pegada'' de cultura urbana contemporânea e hoje se espalha pelas periferias brasileiras.

(...) Editados como clipes de esportes radicais, os registros de soltura e resgate de balões são uma febre. E não apenas na web. Há um verdadeiro ''mercado negro'' de DVDs que buscam transmitir a emoção envolvida na atividade. Para se ter uma ideia, a série Capital Ecológica, produzida em Curitiba, já está na 13 edição. O mesmo grupo lançou, recentemente, um vídeo dedicado exclusivamente à caçada de balões, Profissão Resgate.

(...) Gordo é formado em Administração de Empresas e atua na área. Mas já vendeu papel de seda para se sustentar. "Construí uma casa só com o dinheiro do papel", afirma. Ele conta que empresários do setor, e também do ramo de fogos do artifício, costumam patrocinar concursos de balões, os chamados Bocas de Ouro.

VEJA POR MIM

Na dúvida entre os festivais Maquinaria e Planeta Terra, resolvi ficar quieto em Curitiba. Mentira. Estou sem paciência para multidões. Mas, se você for, veja esses dois shows por mim.



MEU AMIGO ARTISTA


Hoje mesmo repeti para um colega da rádio uma das minhas estratégias para sobreviver por mais de dez anos (e com o mínimo de dignidade) no jornalismo cultural. É bem simples, na verdade: não ser amigo dos artistas.

Claro que me dou bem com vários. Alguns até já foram na minha casa. Só não sou um Nelson Motta da província, como muitos adoram ser. Ou pensam que são.

Meu único amigo artista é o Fernando, que mora no Rio. Fernando Ceylão. Humorista, ator, dramaturgo, redator, diretor de teatro e tevê (já viu Amorais, no Canal Brasil?). E também pioneiro do stand up comedy tupinambá. Um dos raros comediantes realmente engraçados do meio, diga-se.

Mas essa amizade vem da adolescência, na Tijuca. Quando a gente já sabia o que queria ser na vida. Ele bem mais do que eu, tanto que colocou todo o seu foco nisso - e está dando certo.

Fernando também tem um blog maneiro, que voltou a atualizar depois de meses. É curioso como alguns dos textos dele batem com os meus (e olha que não conversamos direito há um tempão!) . Foi de lá que tirei a foto improvável e genial deste post.