JORNALISMO ROOTS



Vale a pena perder um tempinho.

APOCALYPSE NOW


Há tempos um filme não me prendia tanto quanto A Estrada. Prendia e angustiava. Mal consegui comer meu pacote de dadinhos. É, de longe, a história pós-apocalíptica mais realista que eu conheço.

Aliás, hoje consultei o Marden, que leu o livro, sobre o final (para mim, um tanto edulcorado). Mas ele disse que é aquilo mesmo, talvez um pouco mais enigmático no texto original.

Seja como for, é o tipo de filme do qual não se escapa ileso. Saí do cinema louco para ver Homem de Ferro 2, só para me recuperar do baque.

E atenção gerência do UCI Estação! Pelo cheiro, deve ter um cinéfilo morto e esquecido em algum canto da sala 6. Sem contar que a projeção foi péssima...

PASSADO REMOTO


O pequeno humano trava contato com a água pela primeira vez. Esse é um interesse puramente exploratório ou é o despertar de alguma resposta primitiva do passado remoto do homem?

Extraído da obra de Desmond Morris.

POR UMA CINTURA MAIS FINA

Reportagem que produzi para a FdL sobre a nova febre dos espartilhos. Saiu no último domingo. As fotos são do Theo Marques.

Marilia: "Retorno da feminilidade".

Antes de qualquer coisa, um aviso às navegantes: esta não é uma matéria de moda, e sim de comportamento. Isso libera a reportagem de descrever, minuciosamente, a diferença entre corsets, corselets, corpetes e afins. Porque, na subcultura das aficionadas por espartilhos e seus derivados, qualquer deslize conceitual é um pecado digno de execração pública.

Espalhadas pela internet, as comunidades sobre o assunto – só no Orkut são mais de 60! – funcionam como verdadeiras sociedades secretas. Ali, as participantes trocam informações, organizam eventos temáticos, anunciam produtos e, principalmente, discutem acerca da legitimidade de suas peças. Afinal, há quem costure corselets e os venda como corsets genuínos – o que configura um ‘‘crime’’ dentro do meio.

‘‘Esse tipo de comentário em blogs e comunidades já acabou com a carreira de muita gente’’, diz a modelo, estilista e empresária Marilia Melo, de 25 anos. Dona da marca Sundae, ela começou o negócio criando lingeries até desenvolver uma linha de corsets que hoje são o carro-chefe da loja. Mas não sem escapar do olho crítico das concorrentes, que a acusam de não produzir corsets verdadeiros.

Marilia explica que a diferença entre corset e corselet está na estrutura. O primeiro, feito sob medida, é mais rígido e resistente, pois conta com várias camadas de tecido e barbatanas de aço. ‘‘Minha intenção é fabricar em massa, por um preço mais acessível, para que as pessoas tenham várias opções no armário’’, justifica.

Enquanto suas peças custam, no máximo, R$ 220, há modelos que podem chegar à casa dos R$ 2 mil. Como as criações da paulista Madame Sher, a mais famosa ‘‘corset maker’’ do Brasil. Espécie de subcelebridade da tribo, ela vira e mexe aparece em programas de televisão como consultora na área dos espartilhos.

Mas por que, afinal, essa roupa que já foi sinônimo da opressão sobre as mulheres voltou a despertar interesse – e agora fica à mostra? De Madonna à stripper de luxo Dita Von Teese, passando por Penélope Cruz, Nicole Kidman e Rihanna, não são poucas as famosas que adotaram o look ‘‘apertadinho’’. Além do mais, há versões para os mais variados estilos e fetiches (pin up, gótico, psychobilly, vitoriano, cosplay, burlesco, etc).

‘‘Acho que estamos vivendo um retorno da feminilidade’’, opina Marilia. Para ela, peças que deixam a mulher mais sexy são uma resposta à onda andrógina que tomou conta da moda nos últimos anos. ‘‘De qualquer forma, não é uma tendência antifeminista. Os novos corsets são adaptações mais light, confortáveis dos modelos antigos’’, acrescenta.

"LIPO NATURAL"

Conforto, no entanto, não é exatamente o maior atrativo desse revival. Que o digam as adeptas do tight lacing, a prática de amarrar a peça ao máximo para reduzir a medida da cintura na marra. Como se fosse uma ‘‘lipo natural’’, para usar um termo recorrente nas comunidades do Orkut. ‘‘A plástica é muito agressiva. Assim eu corro menos risco’’, diz Aline Walkoff, 27, aluna do curso de Química Ambiental e cobaia de si mesma há cerca de um ano.

Ela conta que desde a adolescência é fascinada pelas ‘‘mulheres de antigamente’’ e suas cinturas finíssimas. Até que, em 2009, tomou coragem e comprou, pela internet, um corset cor da pele que veste por baixo da roupa do dia a dia. Segundo Aline, bastam três ou quatro meses para que a praticante comece a ver o resultado da transformação – se tirar a peça somente para tomar banho, claro.

Recém-iniciada no tight lacing, Fernanda (nome fictício) aposta na juventude para acelerar seu processo de modificação. ‘‘Como ainda sou nova, vai ser mais fácil’’, afirma a estudante de 17 anos, que cursa o ensino médio. Ela garante que perdeu cerca de três centímetros de cintura em apenas duas semanas.

Naturalmente, a mudança exige alguns sacrifícios. ‘‘Você tem que se sentar e levantar com calma, não pode comer muito e, às vezes, sente dores nos ossos’’, admite Fernanda, que diz ter consultado um ortopedista antes de comprar seu corset da Mamade Sher (por R$ 440). ‘‘O médico falou que é até bom usar, porque mantém a coluna ereta’’.

Aline: corset bem apertado por baixo da roupa "vitoriana".


Mas como estamos na era do ver e ser visto, não basta adotar um visual extravagante ou modificar o próprio corpo. É preciso mostrá-lo. Nos álbuns de fotografias do Orkut, as aficionadas por corsets fazem questão de exibir suas peças, com todas as caras e bocas a que têm direito. Também se apresentam ao vivo, em encontros temáticos que rendem uma infinidade de fotos e vídeos para a web. Em Curitiba, por exemplo, um piquenique de inspiração vitoriana movimentou a cena no ano passado.

Para Aline, fã da cultura gótica, esses eventos são uma oportunidade de se liberar um lado artístico. ‘‘Misturamos a reconstituição histórica com um visual alternativo. Não nos vestimos do jeito que a sociedade diz que deve ser’’, afirma a estudante, que posou para a reportagem com a mesma roupa que usou no encontro vitoriano de 2009.

Já Marilia, que faz a linha pin up moderna (e não pratica o tight lacing), vai além e põe o dedo na ferida da própria geração. ‘‘São os 15 minutos de fama, só que você fica famosa numa comunidade. Para a maioria das meninas, o que importa é chamar a atenção de qualquer forma possível. É uma maneira de ficar conhecida e receber elogios sem ter nenhum talento’’, ironiza.

EFEITOS COLATERAIS

Fisioterapeuta e professora da PUCPR, Auristela Moser também é coordenadora do projeto Escola de Coluna. Trata-se de um serviço gratuito criado pela universidade para oferecer orientações sobre a postura correta e treinamentos com exercícios adequados. Sobre o tight lacing, ela alerta: ‘‘é uma prática que realmente resulta numa modificação corporal, mas os efeitos colaterais podem ser muito graves’’.

Segundo a fisioterapeuta, o espartilho muito apertado bloqueia a movimentação do diafragama e, por consequência, prejudica a oxigenação e a circulação. A longo prazo, ela explica, a praticante pode ter a capacidade vital pulmonar diminuída, bem como o enfraquecimento do diafragma. ‘‘Dessa forma, será mais difícil combater doenças respiratórias sérias ou mesmo uma gripe’’, afirma.

Do ponto de vista postural, Auristela também não vê vantagens no tight lacing. Para ela, a postura é uma atitude do indivíduo e, portanto, não se corrige ‘‘de fora para dentro’’. ‘‘É como colocar o corpo numa fôrma e não deixá-lo crescer livremente. Obviamente, vai haver uma deformação’’.

LEITURA DIÁRIA


Manchete do Meia Hora.

O FIM DA DIVERSÃO


Clique para ler mais uma do Allan Sieber.

"É VILMA"


Repórter da Folha de S.Paulo conversa com uma beneficiária do Bolsa Família na favela do Suvaco da Cobra, em Jaboatão dos Guararapes (PE).

FOLHA - A sra. sabe que haverá eleições neste ano?
SUELI DUMONT - Para prefeito?

FOLHA - Não, para presidente. A sra. conhece os candidatos ou sabe em quem vai votar?
SUELI - Em Lula!

FOLHA - Mas ele não pode ser candidato desta vez...
SUELI - Ai meu Deus! Pode não?

KÉSSIA (filha de Sueli) - Ô "mainha", é a mulher de Lula que vai entrar no lugar dele.
SUELI - Como é o nome dela?

KÉSSIA - É Vilma.
SUELI - Vou votar em Vilma.

HUMOR SEM GRAÇA


Esperei o segundo programa para comentar Legendários. Queria gostar, mas não teve jeito. Esse tal "humor do bem", criado em laboratório numa salinha da Record, até agora só me deixou constrangido.

E o que é o Mion se levando a sério? Será que ele realmente está acreditando naquele papo de "vamos mudar o mundo"?

Sorte dele que não há nada minimamente decente passando na tevê aberta no sábado à noite (cá entre nós, nem na fechada). Daí os 10 pontos de audiência.

MÚSICA PARA AS PARTES BAIXAS


Por pouco a gente vacila e perde o Afrika Bambaataa em Curitiba, hein Thiago?

O que mais me impressionou na performance foi o caráter totalmente pop, acessível da discotecagem. O sujeito é capaz de chegar em qualquer lugar do planeta e colocar todo mundo para sacolejar.

Nada de faixas obscuras, para iniciados. A seleção foi de James Brown a AC/DC, passando por Public Enemy, Tati Quebra-Barraco, Sister Sledge, Prince, Beastie Boys, MC Marcinho...

Enfim: música para as partes baixas. Como tem que ser.

"TEM QUE DAR AGORA"



POTÊNCIA (LETUCE)

Você vezes você, quanto que dá?
Tem que dar pra hoje
Tem que dar pra hoje
Tem que dar

Eu vezes eu, quanto que dá?
Tem que dar agora
Tem que dar agora
Tem que dar

A gente não tem química
Tem biologia, tem geografia
A gente tem história e religião

Eu vezes você, quanto que dá?
Tem que dar amanhã
Tem que dar amanhã
Tem que dar

A gente não tem química
Tem biologia, tem geografia
A gente tem história e religião


Baixe aqui o primeiro disco do Letuce, Plano de Fuga pra Cima dos Outros e de Mim (2009)

ALICE SEM SUBVERSÃO


Como não sou muito fã do Tim Burton, fui à cabine de Alice no País das Maravilhas sem grandes expectativas. E não é que curti?

Aquela gente pálida e tristonha, típica dos trabalhos dele, continua lá. Mas o filme tem uma concepção visual tão interessante e coerente que eu nem me incomodei com as afetações de sempre.

Também gostei do roteiro. Mesmo esvaziado e sem um pingo da subversão da história original, resolveu bem a proposta de explorar uma protagonista mais velha.

Quanto à versão em 3D, o resultado é aquele mesmo que eu previ aqui. Como não foi pensado desde o começo para o formato, o projeto não conseguiu, nem de longe, causar o impacto de Avatar. Quem sabe em IMAX?

PS - O Johnny Depp nem aparece tanto assim. Mas quase estraga o final com um arremedo de número musical. É o único mico do filme.

DESTINO


Liniers da vez. Clique para ver (um pouco) melhor.

PARA LEMBRAR DE ESQUECER

THE MIDNIGHT SPECIAL (1) - STEELY DAN



Seção nova no blog, com os arquivos do lendário programa de tevê americano, produzido entre 1972 e 1981.

POTENTEMENTE RECOMPENSADA


A resposta orgástica da fêmea humana é pouco usual para uma espécie de primatas. As fêmeas de outros primatas não experimentam momentos de prazer tão intenso.

A fêmea humana é, portanto, mais potentemente recompensada pelos momentos culminantes de seu encontro sexual e, dessa forma, ela se torna mais fortemente ligada ao seu companheiro masculino.

Extraído da obra de Desmond Morris.

BONDE DO ALEMÃO



Viciante essa faixa do alemão Daniel Haaksman, dono do selo Man Recordings e um dos principais embaixadores do funk carioca na Europa.

Mas o gringo acaba de ser processado por não dividir os direitos autorais da música "Kid Conga", cantada por um menino brasileiro de 7 anos.



Polêmica à parte, as duas pérolas estão em Gostoso EP, que você pode baixar aqui.

UMA PENA...


Quer guardar um trocados? Então não saia de casa para ver Uma Noite Fora de Série.

De nada adianta o elenco maneiro (Steve Carell, Tina Fey, Mila Kunis, Mark Wahlberg, James Franco, Mark Ruffalo). Tampouco a produção bem cuidada.

O filme simplesmente não tem graça. E olha que eu me esforcei para dar umas risadinhas.

Na real, não vale a pena nem baixar na internet. Uma pena...

"SIM, TALVEZ"


Você, então, é um otimista?

Roberto Freire — Sim, talvez. Não tenho culpa de nem tudo estar perdido.

VENDE-SE SOFÁ


E as pulseiras do sexo continuam rendendo - agora estão proibidas em Londrina.

Isso me lembra daquela história do sujeito que pegou a mulher transando com o amante no sofá. Tomou uma decisão drástica: vendeu o sofá.