POR UMA CINTURA MAIS FINA

Reportagem que produzi para a FdL sobre a nova febre dos espartilhos. Saiu no último domingo. As fotos são do Theo Marques.

Marilia: "Retorno da feminilidade".

Antes de qualquer coisa, um aviso às navegantes: esta não é uma matéria de moda, e sim de comportamento. Isso libera a reportagem de descrever, minuciosamente, a diferença entre corsets, corselets, corpetes e afins. Porque, na subcultura das aficionadas por espartilhos e seus derivados, qualquer deslize conceitual é um pecado digno de execração pública.

Espalhadas pela internet, as comunidades sobre o assunto – só no Orkut são mais de 60! – funcionam como verdadeiras sociedades secretas. Ali, as participantes trocam informações, organizam eventos temáticos, anunciam produtos e, principalmente, discutem acerca da legitimidade de suas peças. Afinal, há quem costure corselets e os venda como corsets genuínos – o que configura um ‘‘crime’’ dentro do meio.

‘‘Esse tipo de comentário em blogs e comunidades já acabou com a carreira de muita gente’’, diz a modelo, estilista e empresária Marilia Melo, de 25 anos. Dona da marca Sundae, ela começou o negócio criando lingeries até desenvolver uma linha de corsets que hoje são o carro-chefe da loja. Mas não sem escapar do olho crítico das concorrentes, que a acusam de não produzir corsets verdadeiros.

Marilia explica que a diferença entre corset e corselet está na estrutura. O primeiro, feito sob medida, é mais rígido e resistente, pois conta com várias camadas de tecido e barbatanas de aço. ‘‘Minha intenção é fabricar em massa, por um preço mais acessível, para que as pessoas tenham várias opções no armário’’, justifica.

Enquanto suas peças custam, no máximo, R$ 220, há modelos que podem chegar à casa dos R$ 2 mil. Como as criações da paulista Madame Sher, a mais famosa ‘‘corset maker’’ do Brasil. Espécie de subcelebridade da tribo, ela vira e mexe aparece em programas de televisão como consultora na área dos espartilhos.

Mas por que, afinal, essa roupa que já foi sinônimo da opressão sobre as mulheres voltou a despertar interesse – e agora fica à mostra? De Madonna à stripper de luxo Dita Von Teese, passando por Penélope Cruz, Nicole Kidman e Rihanna, não são poucas as famosas que adotaram o look ‘‘apertadinho’’. Além do mais, há versões para os mais variados estilos e fetiches (pin up, gótico, psychobilly, vitoriano, cosplay, burlesco, etc).

‘‘Acho que estamos vivendo um retorno da feminilidade’’, opina Marilia. Para ela, peças que deixam a mulher mais sexy são uma resposta à onda andrógina que tomou conta da moda nos últimos anos. ‘‘De qualquer forma, não é uma tendência antifeminista. Os novos corsets são adaptações mais light, confortáveis dos modelos antigos’’, acrescenta.

"LIPO NATURAL"

Conforto, no entanto, não é exatamente o maior atrativo desse revival. Que o digam as adeptas do tight lacing, a prática de amarrar a peça ao máximo para reduzir a medida da cintura na marra. Como se fosse uma ‘‘lipo natural’’, para usar um termo recorrente nas comunidades do Orkut. ‘‘A plástica é muito agressiva. Assim eu corro menos risco’’, diz Aline Walkoff, 27, aluna do curso de Química Ambiental e cobaia de si mesma há cerca de um ano.

Ela conta que desde a adolescência é fascinada pelas ‘‘mulheres de antigamente’’ e suas cinturas finíssimas. Até que, em 2009, tomou coragem e comprou, pela internet, um corset cor da pele que veste por baixo da roupa do dia a dia. Segundo Aline, bastam três ou quatro meses para que a praticante comece a ver o resultado da transformação – se tirar a peça somente para tomar banho, claro.

Recém-iniciada no tight lacing, Fernanda (nome fictício) aposta na juventude para acelerar seu processo de modificação. ‘‘Como ainda sou nova, vai ser mais fácil’’, afirma a estudante de 17 anos, que cursa o ensino médio. Ela garante que perdeu cerca de três centímetros de cintura em apenas duas semanas.

Naturalmente, a mudança exige alguns sacrifícios. ‘‘Você tem que se sentar e levantar com calma, não pode comer muito e, às vezes, sente dores nos ossos’’, admite Fernanda, que diz ter consultado um ortopedista antes de comprar seu corset da Mamade Sher (por R$ 440). ‘‘O médico falou que é até bom usar, porque mantém a coluna ereta’’.

Aline: corset bem apertado por baixo da roupa "vitoriana".


Mas como estamos na era do ver e ser visto, não basta adotar um visual extravagante ou modificar o próprio corpo. É preciso mostrá-lo. Nos álbuns de fotografias do Orkut, as aficionadas por corsets fazem questão de exibir suas peças, com todas as caras e bocas a que têm direito. Também se apresentam ao vivo, em encontros temáticos que rendem uma infinidade de fotos e vídeos para a web. Em Curitiba, por exemplo, um piquenique de inspiração vitoriana movimentou a cena no ano passado.

Para Aline, fã da cultura gótica, esses eventos são uma oportunidade de se liberar um lado artístico. ‘‘Misturamos a reconstituição histórica com um visual alternativo. Não nos vestimos do jeito que a sociedade diz que deve ser’’, afirma a estudante, que posou para a reportagem com a mesma roupa que usou no encontro vitoriano de 2009.

Já Marilia, que faz a linha pin up moderna (e não pratica o tight lacing), vai além e põe o dedo na ferida da própria geração. ‘‘São os 15 minutos de fama, só que você fica famosa numa comunidade. Para a maioria das meninas, o que importa é chamar a atenção de qualquer forma possível. É uma maneira de ficar conhecida e receber elogios sem ter nenhum talento’’, ironiza.

EFEITOS COLATERAIS

Fisioterapeuta e professora da PUCPR, Auristela Moser também é coordenadora do projeto Escola de Coluna. Trata-se de um serviço gratuito criado pela universidade para oferecer orientações sobre a postura correta e treinamentos com exercícios adequados. Sobre o tight lacing, ela alerta: ‘‘é uma prática que realmente resulta numa modificação corporal, mas os efeitos colaterais podem ser muito graves’’.

Segundo a fisioterapeuta, o espartilho muito apertado bloqueia a movimentação do diafragama e, por consequência, prejudica a oxigenação e a circulação. A longo prazo, ela explica, a praticante pode ter a capacidade vital pulmonar diminuída, bem como o enfraquecimento do diafragma. ‘‘Dessa forma, será mais difícil combater doenças respiratórias sérias ou mesmo uma gripe’’, afirma.

Do ponto de vista postural, Auristela também não vê vantagens no tight lacing. Para ela, a postura é uma atitude do indivíduo e, portanto, não se corrige ‘‘de fora para dentro’’. ‘‘É como colocar o corpo numa fôrma e não deixá-lo crescer livremente. Obviamente, vai haver uma deformação’’.

8 comentários:

  1. para mim Marilia não deixa de ser uma pessoa frustrada com si própria...esse um dos motivos de sempre falar em tom irônico desdenhando os demais...se realidade sua marca sundue não deixa de ser um plágio de outras marcas até mesmo no nome...parecido com já existente milkshake pinup...

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  2. Olha aí um exemplo perfeitoooo do que eu mencionei a respeito da disputa de egos dentro do meio.
    Por favor me nomeie pelo menos uma marca Brasileira que produza produtos iguais aos da Sundae? Com a mesma diversidade, qualidade e competencia?
    Quanto ao nome, é uma homenagem a minha mãe. Não que caiba a voce julgar ;)

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  3. o que o Milkshake tem a ver com o Sundae?
    pra quem não conhece Milkshake pin up é uma marca pequena de lingeries que apresenta meia duzia de peças e vende pelo orkut. http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=4462326929166788948
    Isso me cheira a recalque e inveja da Sundae!

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  4. O que é isso? Batalha de posts? ADOREI!

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  5. hahahahaa inveja você sempre a menciona não é?queridoa vou te dizer algo...inveja sua pessoalmente..é deplorávél ter inveja de alguem com a sua fama ha.ha.ha...podemos inumerar a lista suja que você tem não cabe a mim te julgar...outra coisa tenta tratar da sua higiene bucal que é o assunto do momento!em questões de convivência=)
    Não critiquei sua marca,e sim você e sua "autenticidade"

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  6. é na realidade Marilia tocou na ferida pois você tem essa mania realmente de criticar o próximo para se exaltar isso traz pontos negativos pra você e conscequentemente para a marca!pois vc não sabe como os outros te vêem

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  7. ain? o assunto não eram corsets, corseletes e o comportamento hostil dentro dessas comunidades? O que diabos esses comentarios pessoais tem a ver? Hipocrisia achar que uma menina que se aperta toda dentro de com corpete não queira chamar atenção.

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  8. buhhhhhh a marilia é foda, a sundae é fodisssima. Parem de encher o saco dela.! Go Sundae!

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