É CHATO


Woody Allen é o meu cineasta predileto. No entanto, confesso: gosto menos dos trabalhos em que ele vai fundo no realismo fantástico (ou mágico, como queiram).

Até curto quando o expediente é usado para o humor nonsense, como em Contos de Nova York. Mas o sentimentalismo de A Rosa Púrpura do Cairo, por exemplo, não faz a minha linha.

Por essa razão extremamente pessoal, Meia-Noite em Paris já seria um forte candidato à lista dos títulos dele que eu só vejo uma vez. Um pressentimento que se confirmou logo aos 20 minutos da projeção.

É quando o alterego de Allen (dessa vez, interpretado por um Owen Wilson menos displicente do que o de costume) se transporta para a Paris dos anos 20 e passa a interagir com a intelectualidade da época. Figuras como Picasso, Fitzgerald, Hemingway, Dalí, etc. Todos propositalmente caricatos - e chatíssimos.

Essa chatice se alastra por toda a a história, inclusive pelas (poucas) piadas. Acrescente aí uma dose de propaganda turística da capital francesa, outra de romantismo clichê e pronto: temos um filme suspostamente sofisticado, feito sob medida para o público "inteligente" se sentir ainda mais culto na sala escura.

Fico esperando a volta do Woody Allen adulto, provocador, agressivo. Porque o de Meia-Noite em Paris, para o meu paladar, precisa urgentemente de um chacoalhão.

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