ENTREVISTA: TÚLIO BRAGANÇA (PAGODEVERSIONS)


Versão original da matéria que fiz para a Fôia.

BRING THE CAÇAMBA

Conhecido por suas versões indie de hits do pagode, Túlio P & B se apresenta hoje em Curitiba

Intenso, melancólico e hipnótico são alguns dos adjetivos que podem definir o grupo Hotel Avenida, que se apresenta hoje no Wonka Bar, em Curitiba. O show marca o lançamento do primeiro DVD da banda e a estreia de novos integrantes (que se somam à dupla Ivan Santos e Giancarlo Rufatto). Mas o dado curioso da noite fica por conta de uma atração de abertura, digamos, contrastante: Túlio Pires Bragança, a figura por trás do projeto Pagodeversions.

Em meados de 2009, Túlio se tornou uma celebridade instantânea da internet graças a uma série de vídeos despretensiosos, em que aparece cantando e tocando violão em casa. No repertório das gravações, apenas versões em inglês, ao pé da letra, de hits do pagode romântico dos anos 90. Músicas como ''Brown Good Good'' (''Marrom Bombom''), ''I've Fallen in Love With the Wrong Person'' (''Me Apaixonei pela Pessoa Errada'') e ''Bring The Caçamba'' (''Traz a Caçamba'').

Ao todo, são 17 vídeos, que já foram vistos mais de 300 mil vezes no YouTube. Segundo o próprio músico, trata-se um número pequeno se comparado a outros ''virais'' famosos da web. A repercussão da brincadeira, no entanto, foi surpreendente. Entre agosto e dezembro do ano passado, o Pagodeversions ganhou destaque em revistas, sites, telejornais e programas de variedades. Até no Caldeirão do Huck ele se apresentou.

''Só não toquei no programa do Netinho de Paula porque me bateu uma crise. Não queria que me vissem como um palhaço'', confessa. O primeiro e único show, realizado no fim de 2009, também o fez repensar o projeto. ''Muita gente disse que foi um stand-up comedy com música. E isso para mim não é bem um elogio'', afirma.

Túlio é publicitário e vivia em Buenos Aires, por motivos profissionais, na época do sucesso relâmpago do Pagodeversions. O que explica um pouco a essência do projeto. ''Quando você mora fora do Brasil, certas coisas ganham outros significados. Às vezes, eu ouvia um refrão do Jota Quest e aquilo me trazia um sentimento. Se estivesse aqui, acharia uma droga'', explica.

Mas, afinal, a exposição midiática, mesmo que breve, reverteu-se em algum dinheiro? ''Não, porque eu não fui atrás. Deveria ter sido mais empreendedor'', reconhece. ''Por outro lado, isso virou uma referência profissional em entrevistas de emprego e reuniões na agência. Esses dias, meu chefe queria me apresentar e mostrou um dos vídeos'', completa.

Para o show desta noite, o músico (que agora assina Túlio P & B) promete um repertório híbrido. Acompanhado do amigo Walter Petla, vai mostrar suas famosas versões indie-pagodeiras e canções de uma banda britpop em que tocou no início dos anos 2000, Johnz. A novidade fica por conta de um cover de ''Não Faz Mal'', da baiana Mara Maravilha.

Já disponível no YouTube, a releitura pode ser o pontapé inicial de um novo projeto. A ideia, ele adianta, é gravar hits infantis com arranjos inspirados na sonoridade de artistas como Belle & Sebastian e Jens Lekman. Uma proposta mais lúdica do que cômica. ''Se você prestar atenção, músicas como 'Cãozinho Xuxo', ou 'Pra Ver se Cola', do Balão Mágico, têm letras deprê. No fundo, são todas muito tristes''.

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