ENQUANTO SEU LOBO NÃO VEM


As chamadas na tevê de A Garota da Capa Vermelha avisam que o filme é "da mesma diretora de Crepúsculo". Porém, se os marketeiros fossem mais diretos, o apelo seria: "Calculadamente parecido com Crepúsculo". Em cartaz a partir de amanhã no Brasil, a nova versão de Chapeuzinho Vermelho é um prato cheio para os fãs da saga teen vampiresca - mas pode causar uma certa indigestão nos maiores de 16 anos.

Aqui, a cineasta Catherine Hardwicke e o roteirista David Leslie Johnson (do ridículo A Órfã) transportam a personagem para uma vila sombria e medieval. A expressiva Amanda Seyfried (de Mamma Mia!) é a protagonista, Valerie, cobiçada por dois rapazes. Por imposição da família, ela deve se casar com o abastado Henry (Max Irons). No entanto, seu coraçãozinho bate mesmo pelo pobretão Peter (Shiloh Fernandez).

Se esse fosse seu único problema, tudo bem. Mas um lobisomem que ronda o povoado há gerações volta a atacar, e a moça se vê no centro da confusão. Como se não bastasse, um padre maluco e caçador de bestas (vivido por Gary Oldman) garante que o bichão é, na verdade, um morador do local. Valerie, então, começa a duvidar de todos que a cercam, inclusive dos membros de sua família.

Além do triângulo amoroso juvenil e da presença sobrenatural, A Garota da Capa Vermelha guarda outras semelhanças com Crepúsculo. Os diálogos são empolados, a direção de arte é cafona e a fotografia não vai além da cosmética dark. Para piorar, a trilha sonora moderninha, que deveria criar um contraponto com a ambientação retrô, acaba bagunçando ainda mais o coreto.

A história só cresce nos últimos 15 minutos, quando ganha contornos psicanalíticos - e deixa o espectador adulto com a sensação de que o projeto original era realmente interessante. Pena que o público-alvo seja tão bobinho. Ainda assim, fica uma aviso para os pais: o filme tem algumas sequências violentas e sensuais, não muito indicadas para os pré-adolescentes.

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