MEUS DISCOS DO SEMESTRE


INTERNACIONAIS

1. Destroyer - Kaputt

2. TV on the Radio - Nine Types of Light

3. Friendly Fires - Pala

4. Buffalo Tom - Skins

5. Tyler, The Creator - Goblin

6. R.E.M. - Collapse into Now

7. Jamie Woon - Mirrorwriting

8. Cornershop - Cornershop and the Double 'O' Groove Of (featuring Bubbley Kaur)

9. Toro y Moi - Underneath the Pine

10. Tahiti 80 - The Past, the Present & the Possible

11. The Weeknd - House of Ballons

12. Liturgy - Aesthethica


NACIONAIS

1. Rubinho Troll - Stinkin Like a Brazilian

2. Lê Almeida - Mono Maçã

3. La Carne - Acústico Mundo Livre

4. Romulo Fróes - Um Labirinto em Cada Pé

5. Rogério Skylab - Skylab X

6. Domenico Lancelotti - Cine Privê

7. Criolo - Nó na Orelha

8. Banda Uó - Me Emoldurei de Presente para te Ter


BONS DISCOS DE 2010 (QUE EU SÓ OUVI EM 2011)

1. Twin Shadow - Forget

2. Skunk Anansie - Wonderlustre

3. Kvelertak - Kvelertak

4. Gang do Eletro - Volume Beta

5. Letuce - Couves

6. Fino Coletivo - Copacabana

Veja também Meus Discos de 2010.

TODO PAPAI TEM PINGUINS SEXUAIS


É possível ser feliz no amor - e livre no sexo? Esta é a questão central de Todo Mundo Tem Problemas Sexuais, outro bom exemplar do cinema "caseiro" do Domingos Oliveira.

Como é de praxe em sua trajetória, a ordem aqui é reunir os amigos, filmar em apartamentos (ou na rua mesmo) e, acima de tudo, gastar pouquíssimo dinheiro. A diferença, dessa vez, é que se trata da adaptação de uma peça de teatro, com trechos dos ensaios e do próprio espetáculo levados à tela.

Ainda assim, o resultado é tão precário, tecnicamente falando, que chegou a causar estranhamento na plateia do Cinesystem Curitiba. Ou melhor: nos poucos incautos que certamente compraram o ingresso pensando em ver uma globochanchada na linha de A Mulher Invisível, Se Eu Fosse Você e afins.

Mas os seis corajosos espectadores que restaram na sala após os dez primeiros minutos de projeção (o blogueiro não conta, pois é fã do diretor) foram recompensados. Porque o filme tem um humor desbocado, chulo e popular à moda antiga, ao mesmo tempo em que levanta temas delicados sobre a vida a dois.

Uma fórmula que, no entanto, só funciona graças à presença do Pedro Cardoso. Não o da televisão, sempre meio contido - e sim o do teatro. Quem já viu o cara em cena sabe do que estou falando. Poucos atores brasileiros conseguem ser engraçados e sensíveis na mesma medida. PC é um deles, e por isso está perfeito em mais esta pérola despretensiosa do mestre Domingos.

PS - No dia seguinte, levei as crianças para ver Os Pinguins do Papai. Melhor do que eu esperava, a comédia-família surpreende pelo tom nonsense e por revelar um Jim Carrey ainda inspirado. Quem tem filhos pequenos pode ir sem medo de errar.

É CHATO


Woody Allen é o meu cineasta predileto. No entanto, confesso: gosto menos dos trabalhos em que ele vai fundo no realismo fantástico (ou mágico, como queiram).

Até curto quando o expediente é usado para o humor nonsense, como em Contos de Nova York. Mas o sentimentalismo de A Rosa Púrpura do Cairo, por exemplo, não faz a minha linha.

Por essa razão extremamente pessoal, Meia-Noite em Paris já seria um forte candidato à lista dos títulos dele que eu só vejo uma vez. Um pressentimento que se confirmou logo aos 20 minutos da projeção.

É quando o alterego de Allen (dessa vez, interpretado por um Owen Wilson menos displicente do que o de costume) se transporta para a Paris dos anos 20 e passa a interagir com a intelectualidade da época. Figuras como Picasso, Fitzgerald, Hemingway, Dalí, etc. Todos propositalmente caricatos - e chatíssimos.

Essa chatice se alastra por toda a a história, inclusive pelas (poucas) piadas. Acrescente aí uma dose de propaganda turística da capital francesa, outra de romantismo clichê e pronto: temos um filme suspostamente sofisticado, feito sob medida para o público "inteligente" se sentir ainda mais culto na sala escura.

Fico esperando a volta do Woody Allen adulto, provocador, agressivo. Porque o de Meia-Noite em Paris, para o meu paladar, precisa urgentemente de um chacoalhão.

VOCÊ É O MAL DA IMPRENSA


É um erro grave imaginar que o dr. Patrão domina o jornal. Ou que os anunciantes fazem o que querem do dr. Patrão e jornalistas.

Este duo tem, claro, alguma influência. Mas quem mais manda na mídia é você, meu caro leitor, ou espectador. E você, consumidor, é o mal da imprensa.

Editores quebram a cabeça diariamente para agradá-lo. O mal da imprensa é que ela não ousa desagradar o leitor. Seu maior defeito é o eufemismo.

Paulo Francis em Waaal - O Dicionário da Corte.

POBRE? NEM TANTO


Pobre Halim! Pobre? Nem tanto. Um guloso de amor carnal: fez da vidinha na província uma festa de prazeres.

Milton Hatoum, em Dois Irmãos.

SEM MEDO DO RIDÍCULO


Eu sabia que Um Novo Despertar seria do tipo oito ou oitenta, ame ou odeie. Afinal, o que esperar de um filme em que o Mel Gibson passa o tempo todo com um fantoche na mão?

É isso mesmo. Aqui, o astro intolerante e beberrão vive um empresário em profunda depressão que acaba criando, sem querer, um metódo bisonho de autoanálise. E, cá entre nós, ninguém melhor do que um maluco para interpretar outro.

Ao se anular, e deixar um boneco em forma de castor falar por ele, Walter Black recupera a força para se relacionar com a família e salvar sua companhia da falência. Como se não bastasse, também vira um "case" midiático nacional.

Mas o que parece ser apenas uma lição de vida barata, no estilo autoajuda, ganha contornos mais dramáticos, graças ao roteiro bem centrado de Kyle Killen (outro talento promissor egresso da tevê). Revela-se, então, uma história sobre as dores que nos acompanham. Ou melhor: sobre como administrar essas dores.

Sem medo do ridículo, a diretora Jodie Foster (e mulher de Gibson na trama) compensa sua narrativa convencional com sensibilidade na condução de atores. No entanto, cabe ao espectador deixar o cinismo de lado e embarcar nessa fábula aparentemente absurda. Do contrário, vou logo avisando, periga você se irritar e sair no meio da sessão...

PS - Meu primeiro "pê ésse" da vez vai para a incrível Jennifer Lawrence (20 aninhos e um futuro brilhante pela frente).

PS2 - É incrível como todos os filmes são comédias para os curitibanos. Acho que já pagam o ingresso rindo. Ontem, gargalharam numa cena de tentativa de suicídio!

OUTRAS CAGADAS QUE OS HOMENS FAZEM


Nada como assistir a uma comédia escrachada, do gênero "homens fazendo merda", logo no primeiro dia de férias. Pena que Se Beber, Não Case 2 deixa muito a desejar.

Não que eu estivesse esperando uma obra-prima. Pelo contrário. Se fosse só uma versão turbinada da primeira parte, já estaria de bom tamanho. Mas o orçamento mais gordo não se refletiu em risadas.

O resultado é um filme movimentado, bom de se ver. Porém com duas ou três piadas realmente engraçadas. Culpa do roteiro formulaico, com as mesmíssimas soluções da história anterior.

Resta a atmosfera barra pesada, com sexo, armas e drogas à vontade - algo surpreendente para um blockbuster tão aguardado. E, como disse minha prima, as fotos dos créditos finais são melhores (espero que isso não tenha sido um spoiler).

PS - Mesmo engrenando apenas na metade, Passe Livre, dos geniais irmãos Farrelly, ainda é a minha comédia preferida de 2001 até aqui. Com Esposa de Mentirinha (que título tosco!) em segundo lugar.

O RIO DE JANEIRO CONTINUA TRASH


Não é de hoje que o Brasil entrou no mapa da cultura pop internacional. Mas não deixa de ser curioso o fato de que as duas maiores estreias de 2011 nos cinemas mundiais são produções ambientadas no Rio de Janeiro.

Juntas, a animação Rio e Velozes e Furiosos 5 - Operação Rio arrecadaram mais de US$ 110 milhões apenas nos primeiros dias de exibição no circuito americano. Os dois filmes, no entanto, mostram facetas radicalmente diferentes do nosso principal cartão-postal.

Enquanto o primeiro romantiza a cidade (e esbarra na propaganda turística), o outro praticamente não traz os clichês tropicais de costume. Muito pelo contrário. Em cartaz a partir de hoje no país, Velozes 5 se concentra no lado trash - pobre e violento - da capital fluminense.

Com exceção de uma ou outra tomada aérea "bonita", o longa do diretor Justin Lin mostra favelas gigantescas, barracões escuros, feiras bagunçadas e ruas muito sujas. E os vilões, claro, são empresários e policiais corruptos. Ou seja: os clichês, aqui, são os da cinematografia nacional recente, pós-Cidade de Deus.

Neste quinto episódio da franquia, o trio formado por Dominic (Vin Diesel), Brian (Paul Walker) e Mia (Jordana Brewster, filha de brasileira) está foragido da polícia americana e vem parar no destino preferido de nove entre dez fujões do cinema. Escondidos numa "comunidade" (para usar o termo politicamente correto), eles arquitetam um golpe milionário que pode garantir sua liberdade em algum paraíso sem acordo de extradição com os EUA.

O alvo é o gângster Reyes (Joaquim de Almeida), que guarda US$ 100 milhões em muquifos espalhados pela cidade. Como os três não têm condições de realizar o roubo sozinhos, escalam uma equipe multidisciplinar (e multirracial), formada por especialistas em vários tipos de trambiques, alguns deles já conhecidos do público da série.

Mas o grupo tem outro obstáculo pela frente: o superagente do FBI Hobbs (Dwayne "The Rock" Johnson), uma verdadeira máquina de perseguir foragidos. O personagem, por sinal, é um show à parte. De tão caricato, parece saído de um desenho do Cartoon Network - o que só reforça o lado cômico de um filme cujo gênero poderia ser definido como "chanchada de ação".

Por isso, não vale a pena teorizar sobre o retrato negativo (e, muitas vezes, irreal) do Brasil apresentado em Velozes e Furiosos 5. Deixemos essa tarefa para quem levou a sério o verniz social contido em Tropa de Elite, nosso blockbuster de pancadaria por excelência. Aliás, bem que o Capitão Nascimento podia pegar umas dicas com Dominic e companhia. Eles, sim, sabem o que fazer com o vilão no final da história.

PS - Em vez de Sérgio Mendes ou samba-farofa para gringo ouvir, tem MV Bill, D2 e Turbo Trio na trilha sonora.

NÃO SE ILUDA


Hector Eles são estúpidos demais para usar o poder que têm.

Shotover
Não se iluda: eles o usam. Nós matamos o melhor de nós mesmos, todos os dias, para aplacá-los. Saber que toda essa gente está aí para frustrar as nossas frustrações nos impede de ter aspirações.

Bernard Shaw, em Heartbreak House.

UM GALÃ SEM PEGADA?


Pegue o galã do momento. Acrescente dois vencedores do Oscar. Tempere com um bicho fofo. Coloque tudo numa história romântica e de época, baseada em um best-seller internacional. Taí a receita de Água para Elefantes, em cartaz a partir de hoje nos cinemas do país.

Trata-se da primeira grande produção estrelada por Robert Pattinson depois do estouro da saga Crepúsculo. E também um teste para o ator, que aqui desempenha um papel mais complexo, adulto. A boa notícia para as fãs é que o rapaz se sai razoavelmente bem com seu bronzeado natural (ou seja, sem a maquiagem pálida do vampiro Edward).

Versão do livro homônimo da canadense Sara Gruen, o filme do diretor Francis Lawrence (Eu Sou a Lenda) narra a jornada de Jacob Jankowski. Descendente de poloneses, ele estuda para ser veterinário durante a Depressão americana. Quando seus pais morrem, repentinamente, o rapaz fica na miséria e acaba acompanhando um circo.

Um circo à moda antiga, diga-se. Com direito a animais, atrações bizarras, jogos de azar e até uma tenda "paralela" com shows eróticos. Algo totalmente diferente dos espetáculos politicamente corretos e higienizados da era Cirque du Soleil.

A magia, no entanto, só existe embaixo da lona. Nos bastidores, as condições de trabalho e sobrevivência são insalubres. As pessoas trabalham em regime de semi-escravidão, enquanto os animais sofrem todos os tipos de maus tratos. É nesse ambiente contraditório que o personagem vai amadurecer na marra.

Educado e gentil, Jacob logo chama a atenção do dono da companhia, August (Cristoph Waltz, o nazista poliglota de Bastardos Inglórios, papel que lhe deu o Oscar de melhor ator coadjuvante no ano passado). Uma figura ao mesmo tempo fascinante e cruel, que trata com tirania até mesmo sua companheira, Marlena (Reese Witherspoon, premiada com a estatueta dourada por Johnny e June).

Obviamente, inicia-se um triângulo amoroso que não vai acabar bem. Ou melhor: um quadrado, já que lá pelas tantas surge uma elefanta no caminho dos protagonistas. Rosie é o nome da paquiderme, estrategicamente inserida na trama para levantar a questão dos direitos dos bichos (causa defendida pela autora do livro).

De resto, não há muito o que se dizer sobre Água para Elefantes - um filme todo "certinho" do ponto de vista técnico, porém pouco empolgante. A começar pelo próprio romance entre Jacob e Marlena, que não pega fogo em nenhum momento. Como em Crepúsculo, Pattinson fica novamente devendo. Não como ator, mas no quesito pegada.

CURSINHO INTENSIVO DE HUMILDADE


O realismo sempre foi uma das grandes marcas dos quadrinhos da Marvel Comics. Seus personagens são indivíduos comuns, que ganham superpoderes por algum motivo explicado pela ciência - mas continuam tendo de lidar com os problemas e dilemas típicos de qualquer mortal. É assim com Homem de Ferro, Homem-Aranha, Hulk, X-Men, Demolidor, etc.

Uma rara exceção é Thor, cuja adaptação para o cinema estreia amanhã no circuito brasileiro. Inspirado na mitologia nórdica, o Deus do Trovão se divide entre a Terra e uma dimensão paralela que transcende a compreensão humana. Um universo, convenhamos, bem mais difícil de ser transportado do papel para a tela.

Difícil, porém possível. Graças a um roteiro fiel à história original e toneladas de efeitos especiais de ponta, o filme cumpre corretamente a tarefa de apresentar o herói. E vai além, deixando ganchos importantes para Os Vingadores, longa que vai reunir alguns dos principais personagens da Marvel em 2012.

Com Chris Hemsworth (de Star Trek) no papel principal, Thor concentra boa parte de sua ação no reino mágico de Asgard, onde o filho de Odin se prepara para herdar o trono. A transição, no entanto, não acontece como o previsto. Arrogante e impulsivo, o loirão põe em risco seu povo e perde a coroa para o irmão, Loki (Tom Hiddleston).

Banido e desprovido de poderes, ele vai parar no deserto do Novo México. Lá, conhece a cientista Jane (Natalie Portman) e faz uma espécie de cursinho intensivo de humildade. Ou seja: está pronto para retomar sua missão épica e salvar os asgardianos da ameaça de seus inimigos milenares, os Gigantes de Gelo.

Essa redenção simplista é o ponto fraco de uma produção que prometia um pouquinho mais de profundidade. Afinal, foi dirigida pelo inglês, de formação "shakespeareana", Kenneth Branagh, cujo currículo inclui uma versão intensa e eletrizante de Frankenstein (estrelada por Robert De Niro). Aqui, pelo visto, ele teve de fazer concessões visando à audiência infantil.

Thor, portanto, não se enquadra no rol das adaptações de quadrinhos capazes de encantar os adultos leigos no assunto. Para essa fatia do público, o filme talvez funcione apenas como um concurso de cosplay - ou de fantasias do Hotel Glória, se você é do meu tempo.

DESENHO COM DATA DE VALIDADE


A nova empresa de animação Illumination Entertainment parece já ter encontrado um nicho de mercado: os desenhos para as crianças pequenas. Foi assim com seu primeiro projeto, o bem-sucedido Meu Malvado Favorito (2010), cuja principal marca era justamente deixar de lado o humor esperto e as referências pop que os pais tanto curtem em títulos como Shrek e Monstros vs. Alienígenas.

Menos de um ano depois, a companhia volta a bater nessa tecla, dessa vez com Hop - Rebelde Sem Páscoa, que estreia hoje no país. Espécie de "Alvin e os Esquilos com coelhos", a produção combina personagens animados com atores de carne e osso para contar uma história completamente ingênua. O problema é que o filme parece ter sido feito a toque de caixa. E não deve durar muito na memória dos pequeninos (quanto mais na dos pais).

Com direção de Tim Hill (o mesmo de Alvin), Hop começa na Ilha de Páscoa, onde o pequeno Junior é preparado para substituir o pai, o próprio Coelho da Páscoa, na missão de fabricar e distribuir doces. Enquanto isso, em Los Angeles, um menino chamado Fred cresce com a certeza de que um dia viu o comedor de cenoura deixando uma cesta com chocolates na porta de sua casa

Vinte anos depois, Junior quer ser baterista profissional - e foge para Hollywood em busca da fama. Já Fred (James Mardsen, de Encantada), desmotivado para o trabalho, é pressionado pelos pais a amadurecer na marra. Os dois acabam se cruzando e, juntos, "aprontam as maiores confusões", como diria o locutor dos comerciais da Sessão da Tarde.

Como em Alvin, Zé Colmeia, Garfield e outras produções do gênero, os bichinhos nem sempre casam direito com os personagens humanos. Não à toa, as melhores sequências do filme se passam na fábrica de doces, com seus pintinhos operários e engenhocas no estilo Willy Wonka. O destaque, por sinal, fica por conta do pinto-chefe, Carlos, o mau-humorado braço direito do Coelho da Páscoa.

Mas tanta cor e fofura não compensam o roteiro preguiçoso e a atuação infantilizada (no pior sentido do termo) de Mardsen. Resta fazer o teste com quem realmente interessa. Se as crianças saírem do cinema já pensando em lanchar, é porque Hop tem mesmo uma data de validade: o domingo de Páscoa.

ENQUANTO SEU LOBO NÃO VEM


As chamadas na tevê de A Garota da Capa Vermelha avisam que o filme é "da mesma diretora de Crepúsculo". Porém, se os marketeiros fossem mais diretos, o apelo seria: "Calculadamente parecido com Crepúsculo". Em cartaz a partir de amanhã no Brasil, a nova versão de Chapeuzinho Vermelho é um prato cheio para os fãs da saga teen vampiresca - mas pode causar uma certa indigestão nos maiores de 16 anos.

Aqui, a cineasta Catherine Hardwicke e o roteirista David Leslie Johnson (do ridículo A Órfã) transportam a personagem para uma vila sombria e medieval. A expressiva Amanda Seyfried (de Mamma Mia!) é a protagonista, Valerie, cobiçada por dois rapazes. Por imposição da família, ela deve se casar com o abastado Henry (Max Irons). No entanto, seu coraçãozinho bate mesmo pelo pobretão Peter (Shiloh Fernandez).

Se esse fosse seu único problema, tudo bem. Mas um lobisomem que ronda o povoado há gerações volta a atacar, e a moça se vê no centro da confusão. Como se não bastasse, um padre maluco e caçador de bestas (vivido por Gary Oldman) garante que o bichão é, na verdade, um morador do local. Valerie, então, começa a duvidar de todos que a cercam, inclusive dos membros de sua família.

Além do triângulo amoroso juvenil e da presença sobrenatural, A Garota da Capa Vermelha guarda outras semelhanças com Crepúsculo. Os diálogos são empolados, a direção de arte é cafona e a fotografia não vai além da cosmética dark. Para piorar, a trilha sonora moderninha, que deveria criar um contraponto com a ambientação retrô, acaba bagunçando ainda mais o coreto.

A história só cresce nos últimos 15 minutos, quando ganha contornos psicanalíticos - e deixa o espectador adulto com a sensação de que o projeto original era realmente interessante. Pena que o público-alvo seja tão bobinho. Ainda assim, fica uma aviso para os pais: o filme tem algumas sequências violentas e sensuais, não muito indicadas para os pré-adolescentes.

MULHERES NÃO MACHUCAM?


Da inesgotável série Releases Inesquecíveis.

Mulheres não machucam? Sugestão de Pauta.

(...) ‏"Femear é a feminilidade e a fertilidade das artes, a sutilidade e a força de cada voz, a semente que desabrocha em cada flor e canto".

Femear é uma palavra inventada para expressar o sentido inverso e proporcional a "machucar". Machucar vem etmologicamente da palavra "macho, viril, varão". No entanto, mulher não é macho para machucar, mulher tem um jeito próprio para "sofrer danos" e "provocar danos".

O Projeto Femear é a reunião de canções compostas pela pesquisa de XXXXX e parcerias, com arranjos e execuções de XXXXX. São 14 músicas, 7 cantoras, 3 países e 1 conceito.

(...) Financiamento Solidário

O Projeto Femear será lançado exclusivamente pela internet e o objetivo é que os internautas doem recursos para a montagem do espetáculo Femear, o qual reunirá todas as cantoras participantes do projeto num show ao vivo.

A idéia é que a valorização do trabalho artístico realizado seja numa lógica de cooperação e solidariedade. Ou seja, a visão é que o público se apaixone pelas cantoras, pelas canções e pelo projeto e que queiram cooperar mutuamente para conseguir reuni-las num show as co-produzindo e co-financiando.

O ESPECTRO


Todo homem está sob o poder de seu espectro
Até que chegue a hora
Em que sua humanidade desperta
E lança seu espectro no lago


William Blake em The Book of Los.