CURTO E FINO


Mais um Philip Roth foi para a fita. Ganhei A Humilhação no Dia dos Pais e matei praticamente de uma vez só. Pudera: o livro é curtíssimo, como os outros trabalhos recentes dele.

Aliás, tenho lido por aí algumas críticas negativas sobre essa fase vapt-vupt do escritor - e sua suposta superficialidade. Não sou da turma dos "eruditos" da literatura para fazer uma análise embasada, mas tenho a impressão de que o buraco é bem mais embaixo.

Para mim, o Roth, apesar dos 77 anos, apenas compreendeu que estes são tempos de mensagens urgentes, impactantes, concisas. Experimentou um formato mais econômico, sem perder a finesse, e acabou conquistando uma penca de novos leitores (como eu, ainda um neófito na obra dele).

"Fica a dica", portanto. E o trecho, que é de praxe...

(...) Por causa da dor na coluna, na hora de trepar Axler não podia se deitar em cima de Pegeen, e nem mesmo ficar de lado; assim, ele se punha em décubito dorsal enquanto ela montava nele, apoiando-se com os joelhos e as mãos para não jogar seu peso sobre o pélvis dele.

De início, Pegeen ficava totalmente sem know-how nessa posição, e Axler era obrigado a guiá-la com as duas mãos, indicando-lhe o caminho. "Eu não sei o que fazer", disse ela, tímida. "Você está montada num cavalo", ele respondeu. "Vá em frente." Quando Axler enfiou o polegar no cu de Pegeen, ela suspirou de prazer e cochichou: "Ninguém nunca enfiou nada aí dentro" - "Improvável", ele cochichou em resposta.

2 comentários:

  1. O trecho é hilário. Alguns desses romances curtos de Roth são pequenas obras-primas, como Homem Comum e, entre os mais antigos, Patrimônio. Fantasma sai de cena também tem ótimos momentos. Só não gostei de Indignação. Já A Humilhação está na cabeceira, só esperando eu terminar um belo livro de Mario Vargas Llosa, O Paraíso na Outra Esquina. Conhece?
    abs

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  2. Do Llosa eu curto Pantaleão e as Visitadoras. Vou me inteirar desse que vc falou. Valeu!

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