OLHAR DATADO


Nunca soube dizer se acho o Jabor um bom diretor. Meus trabalhos preferidos dele são os baseados em Nelson Rodrigues - mas aí é covardia, qualquer um se safa nesse terreno.

De qualquer forma, acordei animado para ver A Suprema Felicidade, seu primeiro longa em 24 anos. Trata-se de um filme nostálgico, com tintas autobiográficas, algo como um "Amarcord no Rio antigo". Uma produção de época, portanto, e até que bem cuidada.

Não há exatamente um roteiro, e sim fragmentos de situações e personagens que povoam o imaginário do cineasta. Alguns deles interessantes (como o pipoqueiro sacana), outros chatíssimos (a gostosinha atormentada pelo espírito da mãe suicida é o exemplo mais gritante).

Também são chatas - e constrangedoras - as sequências musicais. Certamente inspiradas nos tempos da Atlântida, mais parecem saídas do Zorra Total.

No saldo final (e como demora para chegar no final!), a Suprema Felicidade revela um diretor talentoso, sim. Mas de olhar datado, envelhecido.

Talvez não seja um filme para mim, e por isso gostaria de ver um próximo trabalho do Jabor. Será que vai demorar outros 24 anos?

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