ALÔCKA DO BALÉ!


Atenção: Cisne Negro não é sobre o mundo do balé. Ou pelo menos não trata apenas disso, como sugerem os comerciais de tevê. Indicado a seis Oscars, o filme do diretor Darren Aronofsky é um suspense psicológico para adultos, com altas doses de tensão e sensualidade.

A história é centrada na figura de Nina (Natalie Portman), uma bailarina profissional extremamente comprometida com sua companhia. Comprometida até demais. Aos 28 anos, mora com a mãe superprotetora (Barbara Hershey) e se limita a viver entre o teatro e sua casa.

Quando o grupo se prepara para encenar uma nova versão de O Lago dos Cisnes, e a dançarina principal é forçada a se aposentar, ela agarra com unhas e dentes a oportunidade de ganhar o papel principal. Um desafio e tanto, já que a adaptação prevê que a estrela do espetáculo interprete dois personagens - o Cisne Branco e o Negro.

Enquanto encarna o primeiro, Nina é incrível. Afinal, sua personalidade ingênua e frágil combina perfeitamente com a coreografia. A difilcudade surge na hora de dançar as partes do Cisne Negro - perverso, agressivo, lânguido. Instigada pelo autoritário diretor da companhia (Vincent Cassel, o eterno francês escrotão), ela terá de descobrir sua faceta libertária.

Exigida por todos, principalmente por si mesma, a personagem se desestabiliza e inicia uma jornada delirante, marcada por alucinações assustadoras (algumas involuntariamente cômicas, diga-se). A partir daí, fica difícil saber o que é ficção e realidade na trama, que ganha tintas expressionistas e um clima tenso digno dos filmes de Roman Polanski e David Cronenberg.

O problema é que, apesar de seu talento inegável, Aronofsky quase sempre derrapa no superficialismo. Como se apostasse num ponto de vista e o mantivesse firme até a última cena - sem muita reflexão ao longo do processo. Nesse sentido, Cise Negro, mesmo com todo seu rebuscamento, pode ser considerado previsível.

Sobre Natalie Portman, fica a certeza de seu favoritismo ao Oscar de melhor atriz. É verdade que ela passa 90% do tempo com cara de quem comeu e não gostou, mas sua doação ao papel convence até os mais ranzinzas. Se a Academia não resolver premiar Annette Bening por injustiças cometidas em anos anteriores, a estatueta é da Padmé.

PS - Não acho que o Oscar "esnobou" a coadjuvante Mila Kunis. Barbara Hershey está muito melhor.

Um comentário:

  1. Foi a primeira crítica que não me fez desistir de ir ver esse filme. Obrigada! rs

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