ENTREVISTA: ALVINHO LANCELLOTTI (FINO COLETIVO)


Também publicada em papel-jornal.

A NOVA CADÊNCIA DO SAMBA

Antídoto contra o som "de raiz", Fino Coletivo é a pedida de hoje na programação de Curitiba

Nos últimos anos, a revalorização do samba de raiz fez surgir uma infinidade de novos entusiastas do gênero. São jovens tão afeitos à tradição que, não contentes em emular canções de outros carnavais, adotam até um figurino de época, com direito a roupinhas de fazenda, cordões de ouro e chapéus-panamá.

Mas a música brasileira sempre nos oferece antídotos contra a mesmice. É o caso do grupo Fino Coletivo, formado por cariocas e alagoanos, que toca hoje em Curitiba, no Music Hall. Com dois discos no currículo, o sexteto abraça o samba e o atualiza, adicionando elementos de funk, reggae, rock e hip hop.

"Como o samba andou meio esquecido no Rio por um tempo, foi importante esse movimento de resgate ter aparecido. Só que eu, particularmente, não quero reproduzir o que já foi feito. É uma coisa meio boba", afirma o vocalista Alvinho Lancellotti, em entrevista à reportagem da FOLHA.

Filho do compositor de sambas Ivor Lancellotti (e irmão do músico Domenico), ele reconhece que tinha tudo para integrar a turma "de raiz". "Cresci vendo o João Nogueira cantar na minha frente. Mas também sou fã de Michael Jackson, pô! Acho estranho um cara de 27, 30 anos usando chapéu na rua", diz.

Outro integrante da banda com DNA musical é o tecladista Donatinho, herdeiro do genial João Donato. Segundo Alvinho, sua entrada na banda, após o primeiro álbum (de 2007), foi fundamental para definir a sonoridade atual do Fino Coletivo - caracterizada por timbres personalíssimos.

Copacabana, o registro do ano passado, também é marcado por um forte apelo pop. Além das composições leves e diretas, o material traz uma certa limpeza técnica. "Gravamos tudo no estúdio novo do baixista. As vozes estão melhores, o som chega mais no ouvinte", explica o vocalista.

Essa lapidação chamou a atenção do selo Oi Música, mantido por uma operadora de telefonia móvel. Responsável pelo lançamento do último disco, a companhia vende downloads das faixas para celular e divulga o Fino Coletivo nas redes sociais da internet, por meio de sua assessoria de imprensa.

"Essa parceria caiu do céu. Estávamos com o disco quase pronto e não sabíamos o que fazer com ele. As próprias gravadoras não sabem mais", conta o músico, que garante não receber interferência artística da companhia. "É tão difícil viver de música no Brasil, que qualquer oportunidade dessas é válida".

PS - Shows de abertura com os locais Supercolor e Locomotiva Duben.

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