ENTREVISTA: LURDEZ DA LUZ


Matéria para a Fôia, sobre a rapper que gravou um dos meus discos nacionais preferidos de 2010.

UMA MC SEM CLICHÊS

Paulista Lurdez da Luz é destaque de festival de rap que acontece amanhã em Curitiba

Pouco comentada, mas passando por um bom momento, a cena curitibana do rap se encontra novamente amanhã, no Moinho Eventos. Cerca de 2 mil pessoas são esperadas para o festival Yo! Sallve 10, produzido por uma marca de roupas da cidade. No elenco, mais de dez artistas locais e de outros estados - entre eles Pentágono, Contrafluxo, Elo da Corrente, Rapadura e Cabes. O destaque fica por conta da paulista Lurdez da Luz, responsável por um dos melhores discos da temporada.

Conhecida no meio do hip-hop por seu trabalho no projeto Mamelo Sound System (ao lado de Rodrigo Brandão), a MC de 30 anos lançou este ano o primeiro material solo, autointitulado. São nove faixas marcadas por uma combinação de elementos eletrônicos e orgânicos, com fortes tintas brasileiras. Acompanhada por DJs e instrumentistas ''de verdade'', ela aposta em timbres e texturas que remetem o ouvinte à sonoridade dos discos nacionais dos anos 60 e 70.

A candidata a hit ''Andei'', por exemplo, apropria-se do tema homônimo composto por Hermeto Pascoal, também gravado por Airto Moreira e Flora Plurim. Já em ''Corrente de Água Doce'', a influência vem dos ritmos regionais nordestinos e é reforçada pela participação especial de Jorge du Peixe, vocalista da Nação Zumbi.

''Não sou muito enciclopédica. Faço pesquisa musical no dia-a-dia, porque tenho prazer com arte. E, nos últimos quatro anos, escutei muito mais música brasileira do que rap'', diz a MC, em entrevista por telefone à reportagem da FOLHA. ''Minha ideia é transformar o universo do canto falado numa linguagem mais musical, mas não apenas sampleando bases antigas'', acrescenta.

Outra boa surpresa do disco de estreia é a temática diferenciada, que explora o amor em suas mais variadas formas (homem-mulher, mãe-filho, etc.). Com uma feminilidade natural, sexy sem ser forçada, Lurdez cria identificação com as ouvintes e ainda dá dicas interessantes para os marmanjos. Como na faixa ''Eu Sou o Cara'', em que se coloca numa posição masculina para mostrar como uma mulher gosta de ser tratada.

''Tentei me desvincular dos clichês'', afirma a rapper, que promete um projeto ousado para 2011: gravar um álbum conceitual inspirado no livro/espetáculo musical ''Nas Quebradas do Mundaréu'', do dramaturgo Plínio Marcos. A proposta, ela diz, inclui uma homenagem ao samba paulista - mas sem deixar de lado a pegada do rap. ''Acho que nunca vou perder essa minha origem. Até porque, se isso acontecesse, o trabalho deixaria de ser relevante'', garante.

3 comentários:

  1. O Airto Moreira e a Flora Purim até choraram com a homenagem.

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  2. Haha! Acho até que sei quem fez o comentário acima...

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  3. Choram de felicidade né.
    A Flora ja me disse pessoalmente que gosta de rap.
    E Omar muito obrigada, ta bem legal a matéria.

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