"A ÚNICA COISA BOA DO BRASIL, NÉ?"


Senna, o documentário, já ganhou pontos comigo pelo trailer maneiro e por ser uma produção internacional - o que garante, teoricamente, uma certa isenção ao projeto. Imagina se fosse da Globo Filmes?

Claro que o personagem é tratado com extrema reverência (e a Globo se faz presente o tempo todo, seja nos depoimentos do Reginaldo Leme ou nas narrações do Galvão). Mas, nas entrelinhas, percebe-se também o lado, digamos, "obscuro" do piloto - um sujeito meio esquisitão, dono de uma fé cega e refém das metas que traçou para si.

O que mais me tocou, no entanto, foi a percepção de que Senna é o herói solitário de um período em que o Brasil estava numa merda sem tamanho. Seu auge aconteceu entre os governos Sarney e Collor, marcados por planos econômicos desastrados e uma certa frustração com a abertura política. Como se não bastasse, nem a seleção de futebol, numa de suas piores fases, consolava o povão.

"Ele é a única coisa boa do Brasil, né?", diz uma anônima qualquer, em uma imagem de arquivo. Mais emblemático, impossível.

De resto, trata-se de um filme inteiramente construído com material de gaveta e pontuado por "offs didáticos" de especialistas em automobilismo. Há, ainda, uma espécie de subtrama dedicada à rivalidade com o francês Alain Prost (digna de uma história de ficção). E antes que alguém pergunte: Xuxa e Galisteu dão as caras, sim.

PS - Ainda quero ver um documentário sobre o bad boy Piquet.

5 comentários:

  1. Como pilotos, Piquet e Senna eram igualmente fantásticos, dois tricampeões mundiais. Agora, como personagem, o pai do Nelsinho é um milhão de vezes mais interessante. Não tem como descolar do Senna o péla-saco-rei do Galvão Bueno. O cara era muito água com açucar. Namorou a Xuxa e nos deixou a Galisteu ainda! O Piquet era sinistro. Cito:
    - diz a lenda que ele tinha um iate chamado "Suruba".
    - tem aquela briga clássica depois de uma batida em que ele dá um chute e um soco no cara de capacete (!).
    - outra passagem memorável que tentarei resumir (já quase escrevi um post). Certa vez, o piloto se encaminhava para uma corrida em Cascavel, tocando a Kombi que transportava seu kart. A Kombi deu zebra e ele, mêcanico quente, trocou o motor pelo do kart para prosseguir a viagem. Chegando no evento, desfez a troca pra todo mundo ver. Manchete do dia seguinte: "Piquet vence corrida com motor de Kombi".

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  2. Po André... esse caso não era de kart. era de fórmula super v. (=

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  3. Olha esse vídeo que o Luiz (Mordida, Audac) me indicou: Senna x Piquet http://bit.ly/pGrJy Muito bom!

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  4. Senna é o Maradona brasileiro: apareceu numa época onde o país tava na merda e tinha poucas alegrias, gerando uma adoração cega pelo povo.

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  5. Ok, Waltin, Super V. Mas faz de conta que era kart pra história ficar mais quente.

    O video da ultrapassagem é sensacional, já tinha visto. Fico imaginando o Piquet pensando quando o Senna retoma a posição: "Ahhhhhhhh, filha da puta!". A turma que manja diz que fazer aquilo é como dar um looping com um boeing (meio exagerado, mas beleza).

    O Senna tem o mesmo problema da Legião Urbana. Fãs extremamente chatos e sem senso de humor.

    Ahhh sim, não curto automobilismo.

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